Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC8.15 - E como fica a saúde do trabalhador?

48857 - CUIDANDO DE QUEM CUIDA: ATIVIDADE FÍSICA E SUA REPERCUSSÃO NA SAÚDE DO TRABALHADOR DA SAÚDE
PATRÍCIA FERRÁS ARAÚJO DA SILVA - MINISTÉRIO DA SAÚDE, JANETE LIMA DE CASTRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, AMANDA SWELEN SANTOS DE ARAÚJO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRENNO RAMOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, MARIA EDUARDA NASCIMENTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, MATHEUS ALVES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, MARIA APARECIDA DIAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


Contextualização
Este projeto de intervenção propôs a implementação da prática de atividade física como estratégia de saúde do trabalhador, considerando sua potencialidade no nível individual e coletivo e consequente impacto positivo para o processo de trabalho. O projeto foi delineado a partir dos resultados da pesquisa intitulada “Cuidando de quem cuida: a saúde do trabalhador da Saúde no pós pandemia da Covid 19”, realizada em 2023, que evidenciou a condição de saúde dos trabalhadores(as) e a necessidade e relevância do desenvolvimento de ações de cuidado direcionadas a este público, em especial por meio da adoção da prática de atividade física em contexto laboral, que pode proporcionar a melhoria da qualidade de vida no trabalho com inúmeros benefícios para à saúde, contribuindo inclusive com a quebra de longos períodos de inatividade física, provocados pela atividade laboral que, em muitos casos, corroboram com o comportamento sedentário.

Descrição da Experiência
O projeto foi definido com base nos resultados da pesquisa “Cuidando de quem cuida: a saúde do trabalhador da Saúde no pós pandemia da Covid 19” (MS/UFRN, 2023). O público-alvo foi de trabalhadores(as) do MS, independente do vínculo, em exercício na Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio Grande do Norte. A intervenção partiu do reconhecimento da necessidade de valorização desses trabalhadores(as) que sofreram impactos diretos da pandemia, considerando a condição de saúde física e mental e, em especial, os sintomas pós covid relatados pelos respondentes da pesquisa supra citada, tais como fadiga, cansaço, fraqueza; dificuldades de linguagem, raciocínio/concentração e memória; dores de cabeça; perda de paladar e olfato; dores e/ou fraqueza muscular; depressão e ansiedade; distúrbios do sono; falta de ar ou dificuldade para respirar. Nesse contexto, a prática de atividade física apresenta-se como uma potente estratégia de gestão do trabalho e saúde do trabalhador, em função tanto de sua capacidade de enfrentamento e melhoria dos sintomas referidos, quanto na produção de ambientes de trabalho saudáveis, por meio do desenvolvimento de práticas coletivas que colaboram para a socialização e integração das equipes de trabalho, trazendo benefícios diretos para trabalhadores(as) e gestão.


Objetivo e período de Realização
O objetivo do projeto foi analisar a repercussão da prática de atividade física na saúde do trabalhador da saúde. O período de realização foi de novembro de 2023 a agosto de 2024.

Resultados
Dentre os benefícios percebidos pela prática de atividade física no local de trabalho, os participantes apontaram melhora na condição física, experiência de relacionamento com o corpo, relaxamento, empatia, criação de uma mentalidade saudável, melhorar a dinâmica e a conduta de trabalho, reduzir possíveis problemas de postura e coluna, produzir hormônios para reduzir o estresse, equilíbrio hormonal, prevenção de doenças, maior disposição, saúde mental e física, socialização, integração, importância da movimentação corporal devido a atividade desempenhada, mais proximidade com os servidores, mais leveza, diminuir o ritmo do trabalho, mais disposição, saúde física e mental e interação na equipe de trabalho, otimização de tempo, movimento e descontração, ajuda no foco da realização das atividades, aumento e crescimento de atividades do cargo feitas rapidamente (efetividade e eficácia), diminuição da dispersão da atenção entre coisas do dia a dia, saúde mental, condicionamento do corpo, convivência e relacionamento interpessoal, bem estar físico e mental, diminuir a ansiedade, manter o foco e conexão com os colegas.

Aprendizado e Análise Crítica
As atividades desenvolvidas por este projeto de intervenção inserem-se em um conjunto de estratégias que tem na centralidade o trabalhador como protagonista e corresponsável no processo de produção de saúde e cuidado. Não se pretende focar em mudanças de estilo de vida restritas ao individual, que tenderia a culpabilizar os indivíduos, mas sim oportunizar o cuidado por meio de estratégias que visam o empoderamento e a institucionalidade da Promoção da Saúde, contrapondo uma lógica voluntarista e assistencialista.
Para tanto é preciso empreender processos avaliativos, que embora reconhecidos como fundamentais, ainda são um grande desafio especialmente em relação às estratégias de Promoção da Saúde. Além de produzir evidências, o processo de avaliação de impacto também produz um movimento junto aos trabalhadores, já que a autoanálise permite que eles se reconheçam como sujeitos nesse processo.
Sem a pretensão de esgotar o tema, este relato de experiência pretende contribuir para o necessário debate acerca da efetividade da implementação de práticas de AF no contexto da promoção da saúde dos trabalhadores, sob pena de sua desqualificação e apagamento em relação às demais políticas de saúde.


Referências
DE SALAZAR, Ligia. Eficácia da promoção da saúde e intervenções em saúde pública: lições de casos latino-americanos. Colomb. Med. , Cali, v. 41, n. 1, p. 85-97, março de 2010.
GOMEZ, Carlos Minayo; VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel de; MACHADO, Jorge Mesquita Huet. Saúde do trabalhador: aspectos históricos, avanços e desafios no Sistema Único de Saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 23, n. 6, p. 1963-1970, June 2018 .
VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel de e AGUIAR, Luciene. Saúde do Trabalhador: necessidades desconsideradas pela gestão do Sistema Único de Saúde. Saúde em Debate [online]. 2017, v. 41, n. 113, pp. 605-617.
MALTA, D. C. et al. A Política Nacional de Promoção da Saúde e a agenda da atividade física no contexto do SUS. Epidemiol. Serv. Saúde. 2009;18(1):79-86.


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