Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC8.14 - Agentes Comunitários: formação e prática

49010 - FORMAÇÃO DE INSTRUTORES DE PRÁTICAS CORPORAIS CHINESAS PARA OS POLOS DE ACADEMIAS DA SAÚDE DE MINAS GERAIS: QUESTÕES SOBRE O APOIO DA GESTÃO MUNICIPAL
AMANDA NATHALE SOARES - ESP-MG, ADRIANA ALVES DE ANDRADE MELO FRANCO - ESP-MG, FERNANDA JORGE MACIEL - ESP-MG, THAIS LACERDA E SILVA - ESP-MG, JOSÉ MARCELO SALLES GIFFONI - IFMG - SABARÁ, PAULA SOUZA OLIVEIRA - SES-MG, VANESSA DE OLIVEIRA MADUREIRA - SES-MG, DANIELA SOUZALIMA CAMPOS - SES-MG


Apresentação/Introdução
A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma política do Sistema Único de Saúde (SUS) e, nesse contexto, o apoio da gestão é, ao mesmo tempo, condição e desafio. No âmbito da ação educacional “Práticas Corporais nos Polos de Academias da Saúde de Minas Gerais: formação de instrutores de Tai Chi Chuan e Qi Gong”, ofertada pela Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais, em parceria com Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e Instituto Federal de Minas Gerais/Sabará, são realizadas distintas estratégias para articulação política e mobilização de gestores visando ao apoio à participação dos profissionais dos polos das Academias da Saúde. Dada a natureza da proposta formativa, 70 horas letivas acontecem presencialmente, em Belo Horizonte, o que impõe desafios relevantes ao apoio da gestão municipal. Já foram realizadas cinco turmas da ação educacional, durante as quais se identificam municípios cuja gestão oferece apoio, custeando despesas para participação do profissional, municípios cuja gestão não aderiu à formação e profissionais indicados que não efetivaram matrícula ou não participaram/concluíram o curso por falta de apoio da gestão municipal. Em uma concepção que integra gestão e qualificação do trabalho no SUS, essas questões evidenciam a necessidade de se discutir aspectos do apoio da gestão municipal para participação de profissionais do SUS em ações de EPS.

Objetivos
Discutir questões relacionadas ao apoio da gestão municipal para a participação de profissionais de saúde na ação educacional “Práticas Corporais nos Polos de Academias da Saúde de Minas Gerais: formação de instrutores de Tai Chi Chuan e Qi Gong”, ofertada pela Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e com o Instituto Federal de Minas Gerais/Campus Sabará (IFMG/Sabará).

Metodologia
Trata-se de pesquisa que, aliando processo investigativo à ação educacional, buscou analisar aspectos da formação de instrutores de Tai Chi Chuan e Qi Gong, com destaque para o aprendizado das práticas corporais e para a sua incorporação no cotidiano de trabalho dos polos da Academia de Saúde de Minas Gerais. Para fins deste resumo, destacou-se o tema do apoio da gestão municipal para a participação dos profissionais dos polos da Academia de Saúde na referida formação e para a incorporação do Tai Chi Chuan e do Qi Gong em sua atuação no SUS. Foi realizado um grupo focal com 13 alunos participantes da ação educacional, na sede da ESP-MG, em abril de 2024, com duração de 85 minutos. Entre as questões abordadas, perguntou-se aos alunos: como vocês percebem o apoio do município (gestor municipal, gerência do serviço e outros profissionais) para realizar esta formação e para implantar as práticas corporais chinesas em sua atuação no polo de Academia da Saúde? O conteúdo do grupo focal foi gravado, transcrito na íntegra e submetido à análise de conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer CEP 6.582.220).

Resultados e Discussão
Os 13 alunos participantes do grupo focal eram provenientes de 10 municípios, pertencentes às macrorregiões de saúde Norte e Centro, entre os quais nove são municípios de pequeno porte e um de grande porte. Todos os alunos apontaram amplo apoio da gestão (gestor municipal e gerência do serviço), que concedeu liberação para participação no curso e, quando necessário, custeou despesas para deslocamento e hospedagem. Uma aluna explicitou, entretanto, que seis dias de curso coincidiram com suas férias, mas que não foi possível negociar com a gestão a possibilidade de usufrui-los posteriormente. Outra aluna apontou que, embora tenha recebido apoio da gerência do serviço, um colega de trabalho demonstrou insatisfação com sua participação no curso, devido à sua ausência no trabalho nos dias de formação. Experiência distinta foi relatada por outra profissional, cuja colega de trabalho apoiou a sua participação no curso, porque, inclusive, já havia participado da formação em outra turma. Em relação à incorporação da oferta de Tai Chi Chuan e Qi Gong, alguns alunos receberam questionamentos dos gestores municipais e/ou da gerência do serviço sobre a possibilidade de pronta incorporação das práticas corporais nos polos de Academias da Saúde e/ou em outros contextos, como o Programa Saúde na Escola. Duas alunas sinalizaram que, ao manifestarem interesse no curso, assinaram um documento que explicita que a oferta das práticas corporais, após a conclusão do curso, era contrapartida para sua liberação/participação. Alguns profissionais relataram que se sentem valorizados e reconhecidos pela oportunidade de participação no curso e pela expectativa, apresentada pela gestão municipal, para a incorporação das práticas corporais no polo da Academia da Saúde.

Conclusões/Considerações finais
A realização do grupo focal apenas com alunos da ação educacional já privilegia a análise de realidades em que houve apoio da gestão municipal, o que se confirmou com as falas dos profissionais, que destacaram o quão fundamental foi o apoio recebido para que participassem da formação. Entretanto, algumas nuances merecem destaque quando se aborda o tema do apoio à qualificação de profissionais do SUS: o uso de férias para realização do curso, sem possibilidade de negociação, parece revelar um contraponto ao pressuposto de que a qualificação é uma premissa da atuação de profissionais do SUS; a falta de apoio do colega de trabalho sugere a necessidade de se operar uma gestão mais participativa do trabalho e da educação na saúde; a vinculação apressada entre formação e oferta parece submeter a qualificação à lógica de resultado imediato. Destaca-se a necessidade de se ampliar as discussões subjacentes à gestão do trabalho e da educação na saúde, conforme movimentos políticos atuais.

Referências
MACÊDO, N. B.; ALBUQUERQUE, P. C.; MEDEIROS, K. R. O desafio da implementação da educação permanente na gestão da educação na saúde. Trab. Educ. Saúde, v. 12, n. 2, 2014.

Fonte(s) de financiamento: Conforme possibilidade sinalizada nas orientações para submissão de relatos de pesquisa, peço que este resumo, se aprovado, NÃO seja publicado nos anais do evento.


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