52185 - CURSO DE GESTÃO EM SAÚDE: UMA ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA PARA TRANSFORMAÇÃO DAS PRÁTICAS GERENCIAIS CARLOS ROMUALDO DE CARVALHO E ARAUJO - UFC, QUITÉRIA LARISSA TEODORO FARIAS - UFC, HELIANDRA LINHARES ARAGAO - UFC, SUENIA EVELYN SIMPLICIO TEIXEIRA - UFC, LIELMA CARLA CHAGAS DA SILVA - UFC, FRANCISCO JOSE LEAL DE VASCONCELOS - UFC, ANA PATRICIA SOUSA XIMENES - UFC, ELIDIO CLEBER ANDRADE - UNIINTA
Contextualização A gestão em saúde pode ser definida como o conhecimento aplicado no manejo do complexo das organizações de saúde, envolvendo a gerência de redes, esferas públicas de saúde, hospitais, laboratórios, clínicas e demais instituições e serviços de saúde. Abrange três grandes dimensões altamente complexas: os espaços dos cuidados diretos - singulares e multiprofissionais; as diversas instituições de saúde; e a exigência da formação e operação de redes de serviços de saúde para uma assistência universal, integral, equânime, de qualidade e eficiente para as necessidades de saúde da população (CECÍLIO, 2009). É recorrente a constatação de que a gestão em saúde ainda está ancorada em métodos e estratégias tradicionais, oriundas da teoria clássica da administração. Dessa forma, faz-se necessário atualizar conceitos e construir novas formas de gestão na área da saúde, fundadas na participação, práticas cooperativas e interdisciplinares onde trabalhadores e usuários atuem como sujeitos ativos.
Descrição da Experiência A gestão de saúde implica administrar empreendimentos de saúde, tanto na esfera pública como privada, avaliar as necessidades da instituição, criar e aplicar políticas públicas. Partindo desse pressuposto, elaborou-se o Curso de Aperfeiçoamento em Gerência de unidades de saúde, gestão da clínica e do cuidado. O curso ocorreu de forma híbrida sendo 32 horas presenciais e 8 horas com atividades online. Dividiu-se as horas presenciais em quatro encontros organizados em Unidades de Aprendizagem abordando as seguintes temáticas: Unidade de Aprendizagem I: plano de projeto de melhoria e qualidade e oficina de ferramentas da qualidade; Unidade de Aprendizagem II: processo de trabalho em saúde e ferramentas para análise do processo de trabalho e fluxograma descritor; Unidade de Aprendizagem III: cuidado em saúde e regulação e referência e contra referência: compreensões e práticas e; Unidade de Aprendizagem IV: gestão de custos na unidade de saúde. Já a carga horária online foi realizada com leitura de artigos e atividades em grupo. O público foram gestores dos estabelecimentos de saúde que compunham a Rede de Atenção à Saúde do município: Unidades da Atenção Primária à Saúde, Unidades da Atenção Especializada e Unidade Hospitalar, garantindo assim o direito, o acesso e a integralidade da linha de cuidado do usuário.
Objetivo e período de Realização Descrever o Curso de aperfeiçoamento em gerência de unidades de saúde, gestão da clínica e do cuidado. O Curso ocorreu nos meses de julho, agosto, setembro de 2023 e abril de 2024.
Resultados O Curso teve como objetivos: i) desenvolver competências necessárias para o gestor nos serviços de saúde; ii) identificar o seu papel e quais as principais características, funções e desafios para atuação deste; iii) identificar as atribuições e competências do gestor de saúde. Durante os quatro meses (julho, agosto, setembro de 2023 e abril de 2024), obteve-se a participação de 42 gestores de estabelecimentos de saúde perpassando todos os níveis de atenção à saúde nos municípios de Varjota, Ibiapina, Alcântaras e Groaíras.
O curso nos mostrou que investir na capacitação de gestores dos serviços de saúde é um caminho promissor para o entendimento dos problemas para a transformação dos espaços da gestão do cuidado.
Como no curso houve a integração dos níveis de atenção, percebeu-se que a atenção à saúde em redes integradas torna inadequada a classificação vertical de níveis, a qual reforça um conceito de complexidade equivocado, ao estabelecer que o nível da atenção básica é menos complexo do que os demais. Nas redes, hierarquia é substituída por poliarquia, evidenciando uma orientação horizontalizada de redes de atenção com distintas densidades tecnológicas.
Aprendizado e Análise Crítica No Brasil, ainda prevalece a cultura de que qualquer profissional sabe gerir e que a administração se aprende na prática. Raros são os gestores que passaram por bons programas formativos para apreensão de conhecimentos e habilidades próprias da gestão, como liderar grupos, favorecer a motivação e contribuir para a eficácia e efetividade das organizações e melhoria da qualidade de vida das pessoas no trabalho (Amaral, 2011).
Um dos aprendizados nesse curso é que o trabalho em saúde é muito especial, e deve ser tratado no nível de expectativa, relevância e magnitude que a saúde representa para as pessoas. Saúde, numa visão ampliada de bem-estar global e qualidade de vida.
Percebeu-se também que, um dos maiores desafios da gestão em saúde está em construir ou reconstruir os serviços de saúde, para que venham a ser efetivamente centrados nas pessoas, grupos ou comunidades com necessidades de saúde. Para tanto, faz-se necessário uma ampla renovação da concepção e prática da gestão atual em saúde.
Os desafios para os gestores públicos são enormes e têm responsabilidades sobre qual será o modelo de atenção à saúde no Brasil. Renovar a gestão em saúde no país, na perspectiva de uma agenda permanente de construção de um sistema de saúde, que responda às expectativas e necessidades de saúde da população, é um anseio dos brasileiros e uma missão para os gestores.
Referências Amaral AEEHB. Gestão de Pessoas. In: Ibañez N, Elias PEM, Seixas PHD, organizadores. Política e gestão pública em saúde. São Paulo (SP): Hucitec Editora; 2011. p.553-85
CECÍLIO LCO. A morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstói: elementos para se pensar as múltiplas dimensões da gestão do cuidado. Interface Comun Saúde Educ. 2009; 13(suppl.1):545-55.
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