50823 - CURSOS AUTOINSTRUCIONAIS E A QUALIFICAÇÃO DE PRÁTICAS CLÍNICAS (QPC) DE EQUIPES MULTIDISCIPLINARES EM NEONATOLOGIA NO ÂMBITO DA ESTRATÉGIA QUALINEO STEPHANIE MATOS SILVA - IFF/FIOCRUZ, ISABELLE AGUIAR PRADO - IFF/FIOCRUZ, LIDIANNE VIANNA ALBERNAZ - IFF/FIOCRUZ, RENATA PATRÍCIA FERREIRA NOGUEIRA - IFF/FIOCRUZ, ROSELI CALIL - UNICAMP, SÉRGIO TADEU MARTINS MARBA - UNICAMP, ZENI CARVALHO LAMY - UFMA, CYNTHIA MAGLUTA - IFF/FIOCRUZ, MARIA AUXILIADORA DE SOUZA MENDES GOMES - IFF/FIOCRUZ
Introdução e Contextualização
A mortalidade neonatal constitui-se como um grave problema de saúde pública, sendo o período neonatal ainda mais vulnerável (BRASIL, 2023; PREZOTTO et al, 2023). No mundo, quase metade das mortes em crianças com menos de 5 anos de idade ocorrem no período neonatal, das quais 75% são na primeira semana de vida (OMS, 2024). No Brasil, a maior parte desses óbitos ocorrem por causa evitáveis por intervenções e políticas públicas para a qualificação da atenção à saúde e a garantia do acesso às práticas assistenciais baseadas em evidências científicas, da gestação até ao cuidado após o nascimento (PREZOTTO et al, 2023; LANSKY, S. et al, 2014).
Em 2021, o Ministério da Saúde implementou a Estratégia QUALINEO visando a melhoria do cuidado e redução da mortalidade neonatal, sendo o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente a instituição executante. A estratégia possui três eixos de atuação: Fortalecimento da Capacidade de Planejamento e Gestão de Redes de Atenção à Saúde; Qualificação de Práticas Clínicas (QPC); e Monitoramento e Avaliação do Cuidado Obstétrico e Neonatal.
No eixo QPC, a qualificação de equipes multidisciplinares por meio de cursos autoinstrucionais teve como objetivos a disseminação do conhecimento, a implementação de práticas baseadas em evidências e formação de recursos humanos comprometidos com a qualidade do cuidado no SUS.
Objetivo para confecção do produto
A alta taxa de mortalidade neonatal é um grave problema de saúde pública no Brasil e a qualidade do serviço prestado impacta diretamente nesse cenário. Assim, a qualificação profissional baseada em evidências científicas e alinhadas à realidade brasileira são mecanismos estratégicos para a transformação de práticas assistenciais. Sendo assim, os cursos visam fortalecer a formação profissional para a qualificação de práticas clínicas (QPC), com ênfase nas causas proximais da mortalidade neonatal.
Metodologia e processo de produção
A oferta de cursos de atualização para equipes multiprofissionais em neonatologia é uma das ações das estratégias nacionais para melhoria em indicadores neonatais, sendo realizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ/MS) com apoio do Portal de Boas Práticas.
Os cursos são disponibilizados de maneira gratuita com carga horária de 40 horas, divididas em unidades. Os planos pedagógicos de curso (PPC) sintetizam as diretrizes pedagógicas e estratégias educacionais delineadas. A estrutura didática é delineada com base em plano instrucional composto de recursos educacionais interativos, e-books, videoaulas, dentre outros. Especialistas na área são responsáveis pela construção de conteúdos educacionais e validação técnica dos materiais.
O monitoramento das ofertas é realizado por equipe de suporte para acompanhamento de indicadores, como inscrição, acesso, certificação e desempenho acadêmico. Além disso, são traçadas estratégias para engajamento de estudantes, incluindo, envio de mensagens e notificações na sala virtual.
Resultados
Foram ofertados 10 cursos autoinstrucionais com ênfase no fortalecimento de práticas clínicas para a redução da morbimortalidade neonatal, sendo elas: segurança do paciente, nutrição do recém-nascido de risco, suporte ventilatório e cuidados com o CPAP, infecção e uso de antimicrobianos, cuidados ao nascimento, prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde, prevenção de asfixia, gestão de unidades neonatais, neuroproteção do recém-nascido pré-termo e Atenção Humanizada ao Recém-nascido – Método Canguru.
Ao todo, são 43.811 inscritos, sendo 93% do sexo feminino, 53% autodeclarados como pretos ou pardos, com maior número de inscritos nas regiões nordeste (n= 16338) e sudeste (n= 13650). Há maior predominância de profissionais em atuação (87%), com ensino superior (62%) e especialistas (33%). Percebe-se a área da enfermagem, com maior predominância para graduados, técnicos e especialistas em neonatologia, respectivamente
Há maior frequência de profissionais em atuação na assistência neonatal (69%), na alta complexidade, especialmente nas Maternidades integrantes da Estratégia QUALINEO (40%), com maiores quantitativos para os níveis estaduais, seguidos da rede municipal.
Análise crítica e impactos sociais do produto
Atualmente, há 11.481 estudantes certificados, com maiores números nas regiões nordeste (n = 3823) e sudeste (n = 2959), sendo Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Ceará os estados com mais certificados, respectivamente.
Dos concluintes, 94% avaliam os cursos como ótimo ou excelente e indicam maior domínio dos temas após a realização. Como aspectos ressaltados positivamente, tem-se: a didática, conteúdo, conhecimento e tema abordados.
Diante dos desafios para a qualificação profissional no SUS, a oferta de cursos na modalidade on-line promove maior capilaridade em diversas regiões do país, além de flexibilidade para realização, colaborando para democratização de saberes.
Ainda assim, o letramento digital ainda é uma barreira a ser superada nesse formato, pois aspectos como familiaridade com o ambiente virtual de aprendizagem e acesso à internet ainda são barreiras para a melhor performance dos participantes (OLIVEIRA et al, 2023).
A implementação de cursos autoinstrucionais no contexto da Estratégia QUALINEO com expressiva adesão e avaliação positiva dos estudantes e seu perfil de inserção no campo profissional do SUS confirmam a pertinência dessa modalidade educacional como uma das ações para a redução da mortalidade neonatal no Brasil.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Monitoramento dos casos de arboviroses até a semana epidemiológica 49 de 2022. Boletim epidemiológico. Vol. 53 n.46, dez.2022.
LANSKY, S. et al.Pesquisa Nascer no Brasil: perfil da mortalidade neonatal e avaliação da assistência à gestante e ao recém-nascido. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, p., 2014.
OLIVEIRA, M. T. B. Usos de tecnologias digitais na educação permanente em saúde dos profissionais do SUS: revisão integrativa. Revista Humanidades e Inovação. Palmas/TO,v.10, n.1. 2023.
PREZOTTO, K. H. et al. Mortalidade neonatal precoce e tardia: causas evitáveis e tendências nas regiões brasileiras. Acta Paul Enferm. 2023; 36.
Organização Mundial da Saúde. Newborn mortality. 2024.
Fonte(s) de financiamento: Estratégia Qualineo - CACRIAD/DGCI/SAPS/MS e IFF/FIOCRUZ/MS
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