54049 - INTERFACE SAÚDE COLETIVA E PÓS-GRADUAÇÕES STRICTO SENSU SAÚDE DA FAMÍLIA E ENSINO NA SAÚDE: IMPACTOS E DESAFIOS FORMATIVOS ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE JOÃO AGOSTINHO NETO - UFC, MARIA DO SOCORRO DE SOUSA - SESA CE, MIRNA NEYARA ALEXANDRE DE SÁ BARRETO - SESA CE, LAURA HÉVILA INOCÊNCIO LEITE - UFCA, MARIA DE FÁTIMA ANTERO SOUSA MACHADO - URCA, RICARDO JOSÉ SOARES PONTES - UFC
Contextualização Os cursos de Mestrado Profissional Ensino na Saúde (MPES) e Mestrado Profissional em Saúde da Família (MPSF) são oriundos de políticas indutoras de qualificação e formação para o Sistema Único de Saúde (SUS), considerando que a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde nº. 8.080/1990 determinam que o SUS é o ordenador da formação dos profissionais da área. O MPES é oriundo de parceria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, com a Secretaria da Gestão do trabalho e Educação na Saúde, para implantação de redes de cooperação acadêmica no País, em consonância com as linhas gerais de fortalecimento do ensino na saúde, contribuindo para o desenvolvimento da área que é considerada estratégica para a consolidação do SUS. O MPSF tem a finalidade de atender a necessidade de formação de profissionais de saúde que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF) nos municípios brasileiros, preparando-os para atuarem como docentes nas pós-graduações e graduações da área de saúde e como preceptores na ESF e nas residências em saúde, promovendo integração ensino-serviço, fortalecendo a rede de serviços do SUS e afirmando o seu papel como campo de práticas formativas. A aprendizagem nesses cursos acontece no encontro nas discussões teóricas das aulas com experiências que os discentes trazem do serviço e da comunidade.
Descrição da Experiência A presente experiência consistiu na articulação de uma discussão como proposta de mesa temática sobre a interface da saúde coletiva com as pós-graduações stricto sensu no MPES e o MPSF a partir de aproximações de duas docentes dos referidos cursos com os pós-graduandos, profissionais do serviço e seus respectivos territórios, de modo que no debate obtivemos construções possíveis para dialogar sobre os principais impactos dessa interface na universidade, no serviço e na comunidade. Nos dois cursos, apresenta-se como uma relevante estratégia a articulação da formação profissional, do serviço e das comunidades no contexto do SUS, considerando que todos os participantes são sujeitos do processo de aprendizagem na perspectiva de um processo integrador, contínuo e dinâmico.
Objetivo e período de Realização O objetivo do presente relato consistiu em articular uma discussão coordenada no ano de 2024 a partir das experiências de duas docentes das pós-graduações stricto sensu Mestrado Ensino na Saúde e no Mestrado Profissional em Saúde da Família no estado do Ceará e de profissionais egressos doo MPES.
Resultados A partir desse movimento de construção da formação na saúde nos dois cursos de mestrado, resguardados as suas especificidades, temos como principais resultados que estes formam para além de um profissional docente na saúde, conduzindo este discente para uma nova postura de cuidado alinhada aos princípios do SUS. Também é perceptível que os cursos possibilitam o desencadeamento de outros processos que constroem conhecimento alinhado as reais necessidades dos territórios, o que tem se tornado um importante condutor de proximidade da universidade e das produções científicas com as comunidades diversas culturalmente e principais assistidas pelo SUS. Além disso, enfatizamos nessas discussão o papel de mudança nos cenários de estágios e vivências de estudantes de graduação, por terem profissionais dos serviços de saúde atuando como docentes e preceptores a partir de sua formação nos mestrados profissionais, estimulando um pensamento crítico e reflexivo acerca da integração ensino e serviço.
Aprendizado e Análise Crítica Estabelecer discussões sobre a saúde coletiva, o ensino na saúde e a saúde da família pode oferecer elementos capazes de romper algumas disputas epistemológicas e teóricas, trazendo para a realidade dos territórios, da prática profissional e dos espaços de ensino-aprendizagem a identificação e problematização da realidade social, por meio de suas dimensões fundantes, campo de saberes e práticas sobre os processos de saúde-doença-cuidado em linguagem mais acessível e democrática através da conexão, interface e colaboração entre universidade, serviços de saúde e territórios onde vivem e onde se constroem relações. Oportuniza-se ainda o estímulo à transformação dos serviços do SUS em uma grande rede que integra o cuidado a formação profissional, em um movimento dinâmico em que estudantes e residentes serão profissionais do serviço. Para que esse processo aconteça, desafios na formação precisam ser superados, rompimentos históricos de uma formação segregada precisam dar espaço a formação multiprofissional e interprofissional, de modo que cada um enxergue o seu potencial para integralização do cuidado.
Referências BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Edital 024/2010 Pró-Ensino na Saúde. https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/bolsas/programas-estrategicos
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SCHOTT, M. Articulação ensino-serviço: estratégia para formação e educação permanente em saúde. REFACS, Uberaba, v. 6, n. 2, p. 264-268, 2018a. http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/refacs/article/view/2825.
PAIM, J. S.; FILHO, N. A. Saúde coletiva: uma “nova” saúde pública ou campo aberto a novos paradigmas? Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 299-316, 1998. https://doi.org/10.1590/S0034-89101998000400001
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