Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC8.11 - A Pos-graduação as interfaces transformadoras da Saúde Coletiva

52559 - A INTERPROFISSIONALIDADE NA FORMAÇÃO DO SANITARISTA: REFLEXÕES BASEADAS NAS VIVÊNCIAS DE DISCENTES DE UM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
RAQUEL MOURA DA CONCEIÇÃO - UECE, ANA PATRÍCIA PEREIRA MORAIS - UECE, ALICYREGINA SIMIÃO SILVA - UECE, MAYARA AURELIANO RODRIGUES - UECE, DAIANA RODRIGUES CRUZ LIMA VITAL - UECE, TAYANA VIVIAN RIBEIRO BASTOS - UECE


Contextualização
A Saúde Coletiva é um campo específico que, por vezes, é tratado a partir da sua fragmentação e múltiplos conceitos. De acordo com Nunes (2016), o termo Saúde Coletiva foi proposto no final da década de 1970 para designar uma nova proposta de repensar a saúde, a partir de um olhar político e social. Assim, vários profissionais da saúde se propuseram a ter uma nova orientação teórica e prática acerca do processo saúde-doença, bem como da influência do social neste campo.
Para Paim e Almeida-Filho (2000), a Saúde Coletiva é considerada um campo de natureza interdisciplinar composto pelo tripé: Política, Planejamento e Gestão, Epidemiologia e Ciências Humanas e Sociais. Esse tripé compõe um dos pilares da identidade da Saúde Coletiva, principalmente por seu caráter social e interdisciplinar.
Ao considerarmos a complexidade da formação em Saúde Coletiva no Brasil, pressupomos a relevância da incorporação de saberes e práticas da interprofissionalidade. O campo de atuação dos sanitaristas configura-se com natureza epistemológicas de múltipla, exigindo disciplinas e práticas que se interconectam e dialoguem. Contudo, apesar da ênfase política e pedagógica na formação em Saúde Coletiva, observa-se que ainda há uma fragmentação e lacuna na formação no que diz respeito à interprofissionalidade e interdisciplinaridade (Pereira, 2018).


Descrição da Experiência
O Mestrado Acadêmico possui a duração de dois anos e possui duas linhas de pesquisa, a saber: Política, Planejamento e Avaliação em Saúde; e Situação de Saúde da População. Em ambas as linhas, há disciplinas que compõem o eixo de formação do sanitarista, como Planejamento, Política e Gestão; Epidemiologia e Ciências Humanas e Sociais.
Os discentes que compõem o Mestrado Acadêmico são oriundos de diversas categorias profissionais, como enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, como também há profissões que não são exclusivamente da área da saúde, como administradores, cientistas sociais e pedagogos. Nesse sentido, percebe-se a pluralidade de profissionais na pós-graduação, o que contribui para a relevância do programa em questão.
Dentre as disciplinas ofertadas no cronograma do Mestrado, há a disciplina de Política e Gestão na Atenção Primária à Saúde e Educação em Saúde, no qual ambas houve uma discussão acerca da importância da interprofissionalidade no contexto da Saúde Coletiva e de como o trabalho em equipe pode favorecer uma práxis crítica no âmbito do SUS. Nessa experiência, percebe-se que as disciplinas fomentaram debates importantes sobre as diferentes categorias profissionais na saúde, no qual cada discente pôde colocar sua visão e atuação.


Objetivo e período de Realização
Este trabalho possui como objetivo relatar a experiência da discussão crítica e reflexiva na formação em Pós-Graduação em Saúde Coletiva com ênfase da atuação interprofissional de sanitaristas em construção.
O estudo foi desenvolvido no período de janeiro a dezembro de 2023 em uma Universidade Pública da Região Nordeste.


Resultados
Inicialmente, percebe-se que a maior parte das disciplinas ofertadas pelo programa encontram-se no eixo da Epidemiologia, o que denota uma ênfase do caráter da Saúde Pública em detrimento da Saúde Coletiva. Somado a isso, percebe-se que, ao longo do curso, há lacunas nas discussões políticas e sociais, o que se reverbera na oferta de poucas disciplinas do eixo de Ciências Humanas e Sociais.
Nesse contexto, observa-se que apesar da formação em Saúde Coletiva ter em seu bojo um caráter interdisciplinar e político, ainda se percebe uma lacuna da formação dos sanitaristas no que tange à práxis bem como a deficiência nas discussões acerca da interprofissionalidade.
Apesar de haver vários discentes oriundos de diferentes categorias, ainda há poucos debates sobre a educação interprofissional e suas implicações na práxis do sanitarista. Também observa-se que a formação em saúde coletiva possui um caráter bastante teórico em detrimento da prática.
Apesar dos desafios, as oportunidades para melhorar e expandir são vastas e promissoras, apontando para a necessidade de um investimento contínuo e um compromisso institucional em promover a colaboração interprofissional na educação em saúde.



Aprendizado e Análise Crítica
Enquanto um trabalho vivo, a formação do sanitarista deve contemplar as dimensões subjetivas do trabalho e do fazer saúde, considerando os diferentes saberes que compõem e também contextualizando com a realidade do trabalho em saúde. No contexto brasileiro, o Sistema Único de Saúde é o principal cenário de trabalho dos profissionais sanitaristas e, enquanto sistema universal e integral, os sanitaristas devem ter um olhar crítico e amplo para as diversas demandas que surgem nesse espaço.
Assim, a interprofissionalidade apresenta-se como elemento fundamental para a formação do sanitarista, capacitando-o a enfrentar os complexos desafios da saúde pública com eficiência e eficácia. Apesar dos desafios, a adoção de uma abordagem interprofissional na educação em saúde pública traz benefícios significativos, melhorando a qualidade do cuidado e fortalecendo o sistema de saúde.
Para o sanitarista essa abordagem é eficaz na formação, promovendo o desenvolvimento de competências essenciais e preparando os profissionais para enfrentar os desafios de maneira integrada e colaborativa. Desse modo, a formação do sanitarista deve prepará-lo para a atuação na realidade do SUS e capacitá-lo para provocar insurgências nos modos de fazer e produzir saúde, considerando não somente o caráter técnico em saúde, mas sobretudo, relacional e interprofissional.


Referências
MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. 2. ed. São Paulo: Hucitec , 2005.
NUNES. J. A. Conferência: a saúde coletiva e ecologia de saberes. Transcrição, Porto Seguro, 2016.
PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. A crise da saúde pública e a utopia da saúde coletiva. Salvador: Casa da Qualidade, 2000.
PEREIRA, M. F.. Interprofissionalidade e saúde: conexões e fronteiras em transformação. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 22, p. 1753–1756, 2018. Disponível em https://www.scielo.br/j/icse/a/n8NtBdgykFDyKT49F8gpL5f/# Acesso em 09 junho 2024.


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