04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC8.10 - Perspectivas e desafios para uma Graduação mais Inclusiva, Empática e Democrática |
49907 - O ENSINO DE PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MARIANA PETTERSEN SOARES - UNESA
Contextualização A reflexão antropológica no campo da educação em saúde é de grande importância para a formação dos profissionais dessa área. Os aspectos biológicos, políticos, econômicos e socioculturais precisam ser considerados quando se pretende abordar questões relacionadas ao tema da saúde.
Os profissionais de saúde podem acentuar o traço etnocêntrico das práticas de saúde, quando levam em consideração somente um referencial, considerado como único e verdadeiro, produzindo iniquidades em saúde, por meio da prática do racismo, da homofobia e/ou da intolerância religiosa, dificultando o acesso aos serviços de saúde para diversos grupos.
A área da saúde se coloca como um espaço para a reflexão antropológica, na medida em que se desenvolve em contextos de relações de alteridade, através das práticas culturais e de modos de vida de indivíduos de diversos grupos sociais e étnicos.
Descrição da Experiência Na aula de Etnografia, que faz parte da disciplina de Metodologia Qualitativa do Mestrado Profissional em Saúde da Família, procura-se desenvolver nos discentes uma reflexão sobre alguns conceitos do campo da Antropologia, como Cultura, Relativismo, Etnocentrismo e Alteridade. A partir disso, busca-se produzir um conhecimento acerca desses conceitos, mostrando que um modo de entender uma doença ou prática de saúde está ligado a visão de mundo de uma determinada população. Os alunos são estimulados a trocar experiências, vividas em seu cotidiano nos serviços de saúde, trazendo relatos que permitem desenvolver um debate sobre os conceitos ensinados em aula.
Objetivo e período de Realização O ensino de alguns pressupostos teóricos da área da Antropologia tem como objetivo problematizar, junto aos discentes, sobre a necessidade do uso de alguns desses conceitos na prática do profissional de saúde, a fim de conseguir evidenciar os limites da concepção biomédica e buscar a compreensão do outro, dentro de seu contexto sociocultural.
O período de realização foi no decorrer do ano de 2022.
Resultados As aulas de Etnografia, que ocorreram no ano de 2022, estimularam os discentes a refletir criticamente sobre as diversas representações e significados de saúde e doença que existem e que estão relacionadas a diversidade sociocultural de indivíduos e grupos.
Espera-se que essa bagagem conceitual seja utilizada no desenvolvimento de competências e habilidades desses discentes como profissional de saúde, seja na relação com os usuários, gestores e demais profissionais.
Aprendizado e Análise Crítica Por meio da problematização sobre a necessidade do uso de alguns conceitos, como a Alteridade e o Relativismo, os discentes estão sendo formados a observar o outro (usuário) através de outras "lentes", podendo compreender outros saberes sobre diferentes significados de processos de adoecimento e lógicas de cuidado, o que configura um desafio para a produção de equidade em saúde.
Referências HELMAN, Cecil. Cultura, Saúde e Doença. Porto Alegre: Artmed, 2009.
- LANGDON, Esther Jean; WIIK,Flávio Braune. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem 18(3):[09 telas] mai-jun 2010.
- LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2001.
- LARAIA, Roque de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
-- MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
- MINNER, H. O Ritual do corpo entre os Sonacirema. In: “American Anthropologist, vol. 58, pp. 503 - 507. “Body ritual among the Nacirema, 1956.
- SANTOS, B.S. Para além do pensamento abissal: linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos Cebrap, Sao Paulo, n 79, 2007.
|
|