04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC8.10 - Perspectivas e desafios para uma Graduação mais Inclusiva, Empática e Democrática |
49241 - O BEM-ESTAR SUBJETIVO DOS UNIVERSITÁRIOS NO ÂMBITO ACADÊMICO: ESTUDO QUALITATIVO DÉBORA LILIAN ROVERON - UNICAMP, GABRIELA MOREIRA CASON - PUC MINAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS, SARAH FORESTO GUALBERTO - PUC MINAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS, MARILENE MENDES DOS SANTOS - EX-DOCENTE DA PUC MINAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS
Apresentação/Introdução A visão sobre a saúde mental na esfera universitária se elenca como uma porção do espectro que abrange a saúde geral da sociedade contemporânea; a saúde deve considerar o paradigma holístico a fim de remodelar os modelos de instituições de ensino e pesquisa em saúde, lenta e cuidadosamente. O termo superestrutura representa as normas e regras da universidade, bem como as condições que determinam suas relações sociais e políticas, a organização do trabalho, ensino, e a própria ideia de universidade ou vida universitária no imaginário dos estudantes. Os acadêmicos produzem representações simbólicas que elencam os motivos de escolha da profissão. Através de um ponto de vista materialista se deve compreender a infraestrutura, que precede e determina a superestrutura, no que tange à organização morfológica do meio físico, percebida visualmente. Nesse sentido, posto que a pandemia por COVID-19, causada pelo vírus Sars-Cov-2, evidenciou novos impasses, as demandas em saúde mental expuseram as contradições inerentes ao trabalho, formação e educação em saúde, como determinantes para o sofrimento psíquico diante de contextos com tamanha importância epidemiológica.
Objetivos O estudo tem como objetivo geral correlacionar o estado da saúde mental dos estudantes universitários de graduação com os aspectos infra e superestruturais do campus acadêmico devido à pandemia por Sars-Cov-2. Contém, como objetivos específicos, o exame das percepções dos graduandos em relação aos aspectos envoltos na vivência universitária; o reconhecimento de sofrimentos e a detecção dos fatores desencadeadores relacionados à infra e superestrutura, a partir de um cunho qualitativo.
Metodologia A metodologia se baseou em entrevistas semiabertas, realizadas a cada 2 estudantes pertencentes ao mesmo curso de graduação oferecido pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas, dentre Administração, Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Direito, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Produção, Fisioterapia, Medicina, Medicina Veterinária, Psicologia, Publicidade e Propaganda, além de Relações Internacionais. Ao todo, 35 alunos, apenas maiores de 18 anos, foram virtualmente entrevistados, separados por semestre, um veterano e um calouro em 2021, e por período: integral, diurno e noturno. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As entrevistas foram realizadas pela plataforma Microsoft Teams, gravadas por aparelhos móveis (celulares), transcritas e sintetizadas em uma narrativa, por meio do Método das Narrativas, validada pelos participantes e baseada na proposta metodológica do Discurso do Sujeito Coletivo. A partir dessa narrativa, foram geradas respostas coletivas e comparadas ao referencial teórico.
Resultados e Discussão A pesquisa realizada com 35 alunos de todos os cursos de graduação e períodos, em entrevistas semiabertas com 8 perguntas norteadoras, destacou o impacto negativo do Ensino à Distância (EAD) na experiência acadêmica, ressaltando a importância da interação presencial para uma convivência afetuosa e construtiva. Os participantes exprimiram esperança quanto ao retorno presencial e o fim da pandemia. Observou-se uma queda no rendimento acadêmico, atribuída principalmente à preguiça, desânimo e frustração, além da importância de um ambiente físico para o processo de aprendizado e bem-estar, apesar da adaptação. A maioria dos alunos se referiu às preocupações materiais, familiares, psicológicas e financeiras diante das expectativas no momento, com destaque à ansiedade em relação ao futuro. A mudança de uma infraestrutura física para um ambiente virtual afetou o bem-estar, sentimentos, expectativas e comportamentos dos discentes, modificando a vivência universitária e criando condições susceptíveis para o sofrimento psíquico. Em relação à superestrutura universitária, notou-se que a ausência de um convívio pessoal e presencial foi uma narrativa comum nos discursos, sugerindo que o suporte psicológico poderia melhorar a qualidade de vida e o bem-estar subjetivo dos universitários.
Conclusões/Considerações finais A presente pesquisa, resultado de entrevistas com estudantes universitários e revisão da literatura, destaca o acometimento do bem-estar subjetivo dos universitários durante a pandemia, em relação aos sofrimentos pregressos. São propostos, portanto, projetos que considerem a identificação precoce e a intervenção nos sofrimentos mentais, bem como acesso à infraestrutura tecnológica para um ensino de qualidade à distância, essenciais segundo o Discurso das Narrativas. Recomendamos, ainda, a criação de núcleos universitários com profissionais atuantes em saúde mental e de abordagens terapêuticas variadas, a fim de garantir apoio psicológico individualizado e estruturado, adaptado às condições materiais e financeiras de cada universitário, principalmente, diante de situações epidemiológicas.
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Fonte(s) de financiamento: Não houve fontes de financiamento.
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