53464 - SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS ATIVIDADES DA CLÍNICA INTEGRADA POR GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA FRANCISCA GABRYELE GUIMARÃES LOPES SANTOS - UESPI, ANA CARLA DA SILVA - UESPI, GEIDSON DE SOUSA SANTOS JACINTO SERRA - UESPI, CLÁUDIA ALINE DE BRITO OLIVEIRA - UFES, CAIO VIEIRA DE BARROS ARATO - FOP/UNICAMP, MARIA ÂNGELA ARÊA LEÃO FERRAZ - UESPI, CARLOS ALBERTO MONTEIRO FALCÃO - UESPI, LUCIANE MIRANDA GUERRA - FOP/UNICAMP, BRUNNA VERNA CASTRO GONDINHO - UESPI
Apresentação/Introdução Os cirurgiões-dentistas naturalizam as consultas odontológicas como momentos de procedimento e assim, “dentariza” seu escopo, isto é, adotam os dentes apartados do corpo e da vida como seu objeto. Em suma, o dente, isolado do corpo e da sociedade pelo modus operandi odontológico, é um objeto menos problemático de intervenção, onde a prática procedimento-centrada poupa o profissional do sofrimento gerado por um trabalho mais implicado com demandas biopsicossociais. Porém, a relação do profissional de saúde com seu paciente envolve também uma relação de afetos. Isso pode causar, a partir da enfermidade envolvida no caso, intensa carga emocional, tanto no paciente quanto no próprio profissional. Esta pode comprometer as habilidades de manejo profissional, sobretudo se o profissional não estiver consciente desta possibilidade, porém se conhecê-la e elaborá-la, poderá transformá-la em instrumentos para qualificação da a prática clínica. Neste contexto, as atividades práticas em clínica integrada são fundamentais, uma vez que auxiliam no desenvolvimento da capacidade do futuro profissional em relação as suas habilidades manuais, motoras e socioemocionais frente ao paciente, inclusive em relação à ética e ao vínculo, já que a literatura aponta que os estudantes de odontologia convivem com estímulos estressores no dia a dia clínico, os quais merecem melhor compreensão.
Objetivos Compreender os significados atribuídos às atividades clínicas por graduandos em odontologia.
Metodologia Consiste em um estudo clínico-qualitativo realizado em uma Instituição Pública de Ensino Superior do Nordeste Brasileiro; submetido e aprovado à Plataforma Brasil para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com número CAAE: 34221220.0.0000.5209. Coleta de dados realizada via ferramenta digital, no ano de 2022, onde foram feitas 26 entrevistas, número delimitado por meio da técnica da saturação teórica de informações. Foi considerada a seguinte questão disparadora do roteiro: “Fale um pouco sobre as suas atividades na clínica integrada. Como você significa essas atividades?” e as respostas foram submetidas à análise clínico-qualitativa de conteúdo.
Resultados e Discussão Foram encontradas 02 categorias: a) Angústias e satisfações geradas pela rotina clínica; b) Desenvolvimento de habilidades. Durante as entrevistas, foram recorrentes algumas angústias relacionadas à rotina da clínica integrada. Entretanto, alguns alunos também demonstram satisfação com a clínica integrada. Registraram, nas falas, a importância do desenvolvimento de habilidades, tanto técnicas, quanto de relações com os pacientes. O cirurgião-dentista deve possuir formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Deve estar capacitado para atuação global nos diferentes níveis de atenção à saúde, baseado no rigor científico e técnico, bem como para o exercício de atividades relacionadas à saúde bucal da população, regrado em princípios legais, éticos e no entendimento da realidade cultural, social e econômica do seu meio, conduzindo sua atuação para o benefício da sociedade.
Conclusões/Considerações finais Os relatos dos alunos diante desse importante momento da sua formação refletem seus desafios, suas conquistas e suas descobertas. Entender os significados atribuídos às atividades clínicas por graduandos em odontologia permitirá à comunidade científica e acadêmica considerar os elementos subjetivos contidos no contexto clínico, os quais são fundadores de uma prática mais acolhedora, dialógica e autonomizada. Considerar os desafios apontados e compreender a importância de se refletir sobre a temática, certamente foi um passo importante apontado por esse estudo.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal.Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Fonte(s) de financiamento: Universidade Estadual do Piauí
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