Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC8.9 - Integrações Ensino-Serviço: conexões potentes no SUS

53167 - VIVÊNCIAS INTERPROFISSIONAIS NO ESTÁGIO DE NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA: DESAFIOS E OPORTUNIDADES
KARINA PEDROZA DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ROSIANE DE PAES BORGES HERCULANO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, CAROLINE MOREIRA ARRUDA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, DENISE LIMA DE OLIVEIRA FERNANDES - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ANA PATRÍCIA OLIVEIRA MOURA LIMA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, MARIA SORAIA PINTO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, LUIZA JANE EYRE DE SOUZA VIEIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ANTÔNIO AUGUSTO FERREIRA CARIOCA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, DANIELE SOUTO GALENO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA


Contextualização
O Estágio de Nutrição em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza, tem carga horária de 360 horas e segue um projeto pedagógico que visa o desenvolvimento de competências. Destaca-se dentre elas a de “atuar de forma interdisciplinar, em equipes interprofissionais no desenvolvimento de atividades de alimentação, nutrição e saúde”. O estágio em seu processo de ensino aprendizagem utiliza as competências técnicas e também as socioemocionais, designadas competências de vida que envolvem Cognição, Colaboração, Comunicação e Cidadania buscando o protagonismo do graduando. Nesse sentido, o Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) se caracteriza como um cenário de prática fundamental para alcançar o desenvolvimento de tais competências, pois se caracteriza como um centro de práticas em saúde para o atendimento integrado à população e oferece um atendimento humanizado, interprofissional. O Estágio utiliza desse espaço para desenvolver algumas atividades previstas na carga horária do estágio. Entre elas destaca-se a consulta compartilhada, tema deste relato, uma estratégia de intervenção que utiliza quatro horas do estágio com intuito de oferecer aos pacientes acompanhados nos setores do núcleo orientações quanto a mudanças no estilo de vida e orientações nutricionais.

Descrição da Experiência
Cada turma com média de cinco alunos realizava uma vez por semana atividades orientadas pelo professor tutor, nos diferentes serviços do NAMI (Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional). A proposta pedagógica era possibilitar aos alunos a vivência da interdisciplinaridade e o reconhecimento da atuação profissional de outras categorias. Foram realizadas consultas compartilhadas entre alunos de Nutrição e alunos/profissionais dos ambulatórios, com intervenções do tipo avaliação antropométrica, aplicação do marcador de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional e orientações alimentares com uso de materiais educativos para situações específicas (Transtornos do Espectro Autista e do Déficit de Atenção com Hiperatividade, seletividade alimentar, Síndrome de Down, Síndrome de Willian, hipo/hipertireoidismo, labirintite, disfagia, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença do refluxo gastroesofágico, excesso de peso, déficit de crescimento, endometriose, dislipidemia e esteatose hepática). O público envolveu crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes. Para identificar a percepção dos docentes quanto a esta experiência, foi aplicada a matriz SWOT (em português matriz FOFA Forças-Oportunidades-Fraquezas-Ameaças).


Objetivo e período de Realização
Relatar a experiência da vivência de atividades interprofissionais do Estágio em Saúde Coletiva, a partir da visão de docentes do curso de Nutrição. O acompanhamento das atividades práticas pelos docentes nutricionistas ocorreu durante os semestres 2023.2 e 2024.1.

Resultados
Quanto às Forças, verificou-se o acolhimento dos outros profissionais para compartilhar seus atendimentos, propiciando a integralidade da atenção. Além disso, a adequada estrutura física e disponibilidade de materiais também foram citados como Forças. Como Fraquezas, identificou-se os atendimentos realizados de forma pontual, que não permitiram o acompanhamento dos casos e, em algumas situações, como crianças autistas. No quesito Oportunidades, reconheceu-se a complementaridade das diferentes áreas da saúde, a presença de um espaço favorável para explorar mais a relação discente-serviço-usuário e para realizar sessão de abordagem alimentar junto com a equipe da Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, além da participação dos alunos em grupos de orientação parental previamente estabelecidos, o que poderia ser realizado no setor da Psicologia, área da saúde não envolvida nesta vivência. Quanto às Ameaças, apontou-se o absenteísmo de pacientes; priorização médica pelos acadêmicos de medicina; mesmo público em alguns serviços em determinado dia da semana, gerando baixa adesão; e mudança de docente no acompanhamento das turmas.

Aprendizado e Análise Crítica
Percebe-se que a realização das consultas compartilhadas permitiram aos alunos experimentar o exercício profissional na atenção secundária à saúde, com suas potencialidades e desafios. A consulta compartilhada é um instrumento de trabalho (Luz et al., 2016), que busca a interação de várias abordagens que possibilitem o manejo eficaz da complexidade do trabalho multiprofissional (Brasil, 2009). Em relação ao acompanhamento das crianças com TEA foi proposto a realização de reuniões prévias com profissionais do serviço e disponibilizar planos de intervenção terapêutica dos pacientes buscando contribuir com um acompanhamento mais eficaz dos casos. Além disso, a inclusão da nutrição no acompanhamento de crianças com TEA, torna-se essencial, considerando o impacto que uma abordagem nutricional adequada pode ter no cuidado integral desses pacientes e suas famílias. As consultas compartilhadas foram uma ferramenta eficaz para a promoção da mudança de comportamento em saúde, com vistas à dimensão biopsicossocial do usuário, bem como importante instrumento para solucionar e/ou orientar a resolução de problemas imediatos e identificar a real demanda do usuário, a fim de direcioná-lo para ações efetivas (Lima, 2021). Nesse sentido, a atividade buscou na lógica da clínica ampliada fornecer uma assistência integral e qualificada, evitando privilegiar algum conhecimento específico.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à saúde. Clínica ampliada e compartilhada / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

LIMA, R.D. Consulta compartilhada: numa dimensão biopsicossocial. Revista Humanidades e Inovação, v.8, n.55, p.329-333. Disponível em: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/3294. Acesso em: 10 jun. 2024.

LUZ, A.R.; VIANNA, M.S.; SILQUEIRA, S.M.F.; SILVA, P.C.; CHAGAS, H.A.; FIGUEIREDO, J.O.; MORTIMER, F.M.; STARKE, A.C. Consulta compartilhada: uma perspectiva da clínica ampliada na visão da residência multiprofissional. Revista Gestão & Saúde, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 270–281, 2016. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/3419. Acesso em: 10 jun. 2024.


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