Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC8.9 - Integrações Ensino-Serviço: conexões potentes no SUS

51974 - INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE NA FORMAÇÃO DO NUTRICIONISTA: EXPERIÊNCIA DA PRÁTICA DE ENSINO-APRENDIZAGEM NO ESTÁGIO DE SAÚDE COLETIVA
KARINA PEDROZA DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, NATÁLIA SALES DE CARVALHO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, PAULA MARIA CALS THEOPHILO MACIEL - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, PATRÍCIA TEIXEIRA LIMAVERDE - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ROSIANE DE PAES BORGES HERCULANO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, CAROLINE MOREIRA ARRUDA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, LUIZA JANE EYRE DE SOUZA VIEIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ANTÔNIO AUGUSTO FERREIRA CARIOCA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ÁLVARO MAGALHÃES CAVALCANTE PEREIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA


Contextualização
A ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde é uma competência do Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando o contexto da Reforma Sanitária, reverberado ao longo desses anos, fortaleceu-se a necessidade de repensar o modelo biomédico hegemônico no setor do ensino em saúde, no tocante às metodologias pedagógicas e à interpretação do fenômeno saúde-doença. No setor da educação, o marco propulsor deste movimento foi a criação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação em saúde, que preconizam um profissional generalista, com formação humanista, incluindo o SUS como cenário de ensino-aprendizagem, resultando na integração ensino-serviço-comunidade (Carvalho; Ceccim, 2012). Esta integração considera tanto alunos de instituições de ensino inseridos nos serviços, quanto profissionais, trabalhadores e usuários, como sujeitos do processo de aprendizagem, possibilitando qualificar a formação e o cuidado em saúde no SUS, com vistas a efetivar seus princípios e diretrizes (Silveira et al., 2020). Na perspectiva da formação do profissional nutricionista, a integração ensino-serviço-comunidade contribui para o fortalecimento da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e do SUS, tendo a Atenção Primária à Saúde (APS) como eixo ordenador e integrador das ações de saúde e de alimentação e nutrição (Bortolini et al., 2021).

Descrição da Experiência
O Estágio de Saúde Coletiva do curso de Nutrição da UNIFOR foi estruturado para formar o aluno para atuar no SUS, com foco na APS. Pautado nas DCN do curso de Nutrição, o projeto de ensino do Estágio passou por última atualização em 2023 e organiza-se nas unidades: “Estrutura organizacional do SUS, políticas, programas e diretrizes”; “Ações de alimentação e nutrição em Saúde Coletiva”; “Políticas e programas de alimentação e nutrição” e “Atenção nutricional nas fases do ciclo de vida e nos diferentes agravos nutricionais”. Os estudantes são inseridos no cenário de prática durante todo o semestre, atuando tanto na Unidade Básica de Saúde (UBS) como no território adscrito. Inicialmente realiza-se o processo de territorialização em saúde, para posteriormente planejar e executar ações voltadas para as necessidades da comunidade, como: visitas domiciliares com os agentes comunitários de saúde (ACS), consultas individuais, atividades de educação em nutrição e saúde, e consultas compartilhadas com profissionais da equipe de Saúde da Família ou da equipe Multidisciplinar. Ao final do estágio, os alunos elaboram um seminário relacionando as atividades realizadas com as diretrizes da PNAN, alcançando, então, os objetivos cognitivos, procedimentais e atitudinais necessários para o desenvolvimento de competências e habilidades do nutricionista na Saúde Coletiva.

Objetivo e período de Realização
O objetivo deste relato é descrever a experiência da prática de ensino-aprendizagem realizada na disciplina Estágio de Saúde Coletiva do curso de Nutrição, por meio da integração ensino-serviço-comunidade para a formação do nutricionista. O período de realização da experiência foi de fevereiro a junho de 2024.

Resultados
As atividades realizadas ao longo do semestre acadêmico permitiram aos alunos experimentar o exercício profissional na APS, com suas potencialidades e desafios. Nas UBS, os atendimentos individuais de nutrição oportunizaram o aprimoramento do conhecimento técnico adquirido ao longo da graduação. Foram atendidos usuários com doenças crônicas, principalmente hipertensão, diabetes e obesidade. Em virtude da dificuldade de acesso dos usuários aos serviços terciários, também haviam pacientes com câncer, doenças renais, transtornos alimentares, dentre outras condições. Nas consultas compartilhadas, a integração com os profissionais da UBS possibilitou a troca de saberes e práticas, evidenciando a importância da educação interprofissional nos currículos. Além disso, nas atividades de educação em nutrição e saúde foram utilizadas metodologias ativas incentivando a autonomia e o autocuidado em saúde. Nas visitas domiciliares, realizadas com os ACS, foi possível ao aluno vivenciar a situação de saúde dos usuários, bem como seus determinantes sociais, possibilitando o planejamento do cuidado nutricional adequado a cada realidade, contribuindo para a integralidade da atenção.

Aprendizado e Análise Crítica
A formação profissional em saúde, no Brasil, traz como importante contexto competências para atuação na APS. Essa formação vem se moldando na perspectiva da humanização para atenção integral, sendo o nutricionista fundamental nessa integralidade, com diversas possibilidades de atuação e desafios para construção de saberes e práticas (Alves; Luz; Tófoli, 2022). Assim, o Estágio de Saúde Coletiva gera possibilidades de descobertas e potencialidades para os discentes, com conhecimentos além da teoria e participação ativa e dialógica junto à comunidade para realização dessa atuação humana e focada nas necessidades específicas. Um estudo sobre as ações de nutrição na APS nos 20 anos da PNAN mostrou adaptação no tempo aos principais agravos relacionados ao tema, mas com amplos desafios na universalização dessas ações (Bortolini et al., 2021), sendo assim essencial a formação reflexiva e orientada ao conceito ampliado de promoção de alimentação adequada e saudável, incluindo ações de educação alimentar e nutricional, com percepção da importância da articulação intersetorial, da equipe e da necessidade de transcender limites da UBS para a realização dessas ações. Nesse sentido, reforça-se a importância das políticas públicas do SUS na formação do nutricionista para APS e da maior articulação ensino-serviço-comunidade para atender essas demandas sociais.

Referências
ALVES, C.G.L.; LUZ, V.G.; TÓFOLI, L.F. Competências do nutricionista para a Atenção Primária à Saúde. Physis, v.32, n.3, p.1-21, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73312022320304. Acesso em: 6 jun 2024.
BORTOLINI, G.A. et al. Evolução das ações de nutrição na atenção primária à saúde nos 20 anos da Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Brasil. Cad. Saúde Pública, v.37, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00152620. Acesso em: 6 jun 2024.
CARVALHO, Y.M; CECCIM, R.B. Formação e educação em saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In: CAMPOS, G.W.S. et al. (Org). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec, 2012. p.137-170.
SILVEIRA, J.L.G.C. et al. Percepções da integração ensino-serviço-comunidade: contribuições para a formação e o cuidado integral em saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.24, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/Interface.190499. Acesso em: 26 jun 2024.


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