50001 - A CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: UM MOVIMENTO INSTITUINTE NA FORMAÇÃO EM SAÚDE. DANIELA VOGEL DE SOUZA - UFF, TATIANE JARDIM COSTA - UFF, ALINE DE AZEVEDO XAVIER DAMIERI DE MORAES - UNESA, RAFAEL PASSOS COELHO - UNESA, CARLA ANDRÉIA DAMASCENO FONSECA - UFF, ZULMIRA GOMES COSTA DE CARVALHO - UFF, LUCIA CARDOSO MOURÃO - UFF, ANA CLEMENTINA VIEIRA DE ALMEIDA - UFF, JANAINA LUIZA DOS SANTOS - UFF
Contextualização A extensão universitária constitui-se em um movimento de comunicação e relacionamento entre a universidade e a sociedade, onde acadêmicos e a sociedade partilham dos saberes, contribuindo para o crescimento acadêmico e a melhoria social. A Resolução nº 7/2018 do Conselho Nacional de Educação, refere que a curicularização da extensão consiste na adequação dos Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) para garantir um percentual mínimo de 10% do total da carga horária curricular dos cursos, para as atividades de extensão. Na Instituição de Ensino Superior (IES) cenário deste relato, o PPC foi remodelado no ano de 2023, entendendo que as atividades extensionistas, devem estar sujeitas à contínua avaliação no sentido de aperfeiçoar a articulação entre ensino, pesquisa, formação e relação com a sociedade. Uma das primeiras disciplinas extensionistas ofertadas foi a Assistência de Enfermagem na Urgência e Emergência. Esta nova modalidade de efetuar o ensino, trouxe muitos desafios principalmente aos docentes que tiveram que integrar na disciplina teórica, a prática extensionista. Diante disto, pensou-se na utilização da Lei Federal nº 13.722/2018 (Lei Lucas), que torna obrigatória na rede pública e privada de ensino, a capacitação de professores e administrativos em noções básicas de primeiros socorros.
Descrição da Experiência Trata-se de um relato que aborda uma atividade realizada pelos graduandos em enfermagem de uma Universidade privada da região serrana no Estado do Rio de Janeiro em uma disciplina extensionista Esta disciplina, teve que sofrer adaptações em seu conteúdo teórico e prático e a estratégia pensada foi utilizar o que dispõem a “Lei Lucas – e os principais acidentes escolares” no desenvolvimento das atividades de extensão no formato de um curso. Os alunos foram divididos em grupos de até 06 participantes e tiveram como desafio inicial, procurar escolas do segmento da educação básica, para ter contato com os funcionários e fazer um levantamento dos principais acidentes ocorridos no interior da escola. O levantamento foi importante porque permitiu que os alunos definissem as temáticas. O segundo desafio, foi consolidar essas temáticas e desenvolver juntamente com o docente, um curso de 4 horas, sendo 2 horas para a preparação teórica, 1 horas de prática para capacitar os profissionais das escolas e 1 horas para preparação de um teste para ser aplicado antes e após a atividade educativa. Cada grupo ministrou o curso na escola que fez o contato, devidamente acompanhado pelo docente.
Objetivo e período de Realização apresentar as atividades extensionistas desenvolvidas na disciplina Assistência de Enfermagem na Urgência e Emergência que ocorreu no período de fevereiro a maio de 2024 e colocar em debates e reflexões de que maneira coordenação, docentes e discentes estão vivenciando este movimento instituinte.
Resultados A ação educativa desenvolvida no curso, teve como premissa utilizar a aprendizagem significativa e como estratégia o livre diálogo privilegiando o conhecimento dos funcionários proporcionando trocas entre todos participantes. O curso nas 05 escolas contou com a participação de 85 funcionários. Com relação ao teste os resultados revelaram que houve um incremento no conhecimento dos profissionais de 20% com relação a Lei Lucas; de 7% no engasgo de crianças; 35% no sangramento nasal ;12% na reanimação cárdio-respiratória e 5% na crise convulsiva. O teste foi importante para que os funcionários pudessem avaliar seu aprendizado no curso e, os alunos e docentes, avaliassem os resultados das atividades educativas realizadas. Quanto a avaliação do curso 82% dos funcionários classificaram como excelente. Com relação ao aprendizado do aluno na disciplina extensionista observou-se que foi possível trabalhar uma série de temáticas relacionadas a urgência e emergência permitindo aos mesmos solidificarem o conhecimento teórico-prático para atender a demanda social e beneficiar seu amadurecimento profissional como futuros enfermeiros.
Aprendizado e Análise Crítica Tomando o referencial teórico metodológico da Análise Institucional como condutor da análise, nosso entendimento é de que a educação é uma instituição permeada por mudanças. A Resolução nº 7/2018, ao normatizar a curricularização da extensão nos cursos de graduação em saúde, introduziu um movimento instituinte na instituição educação. Essas mudanças curriculares buscando romper com as práticas já instituídas, vem se constituindo como desafios para a coordenação e docentes com relação ao cotidiano das práticas de ensino aprendizagem na formação de enfermeiros. Trazer para reflexão o relato desta disciplina extensionista, levou-nos a pensar que movimentos instituintes começam a ganhar espaço no fazer docente e aprendizado discente produzindo mudanças nas relações entre docentes e discentes e destes com a comunidade. Ressaltamos que a prática extensionista inquietou os discentes, fazendo-os refletir o quão relevante deve ser o papel do enfermeiro frente as demandas sociais e aos docentes um repensar sobre as inúmeras possibilitadas de se fazer a extensão no cotidiano de suas práticas. Consideramos que esta disciplina extensionista com suas propostas instituintes possibilitou maior autonomia aos discentes com relação a liderança, comunicação, pensamento crítico e reflexivo e novas possibilidades de integração ensino- pesquisa e extensão.
Referências BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC), CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO SUPERIOR (CNE) E CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR (CES).
Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e dá outras providências.
BRASIL, Lei nº 13.722, de 4 de outubro de 2018, Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Diário Oficial da União nº 193, 05.10.2018, Seção 1, p.2.
L`ABBATE,S. A Análise Institucional e a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 265-274, nov/ 2003.
UNESA-UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ. Projeto Político Pedagógico de 2023, Campus Petrópolis, 2023. Acesso em set. 2023.
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