49989 - AÇÕES DE EXTENSÃO SOBRE ARBOVIRORES: UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE
LAIZA CARVALHO COSTA - UFBA, LORENA MENEZES DE SOUZA CORDEIRO - UFBA, CAROLAYNE PRATES FERNANDES - UFBA, GEOVANA MAGESTADE DA SILVA BITENCOURT - UESB, ANA KAROLINA ARAÚJO FARIAS - UFBA, CAROLINA BAGANO CRUZ - UFBA, LUCAS DE SOUZA NUNES - UFBA, KALILA MARTINS FERRAZ LEBRÃO - UFBA, ISRAEL MAURÍCIO DA CUNHA MEDEIROS - UFBA, BRUNA FERNANDES DOS SANTOS - UFBA
Contextualização
A formação dos profissionais de saúde caminha na corrente tecnicista. Com objetivo de produzir um corpo profissional focado em aspectos técnicos, as demais dimensões necessárias para a atuação no campo da saúde, como os aspectos culturais e sociais, mantém-se negligenciados. Em paralelo, as epidemias cujas condições ambientais, culturais e sociais mostram-se como determinantes, são recorrentes. É o caso da epidemia de arboviroses, em destaque para a Dengue, iniciada no final de 2023(1). Neste sentido, a interação entre comunidade e Universidade apresenta-se como ferramenta importante para estabelecimento de medidas preventivas, e de sensibilização da população(2). Assim, a formação de profissionais de Saúde que compreendam a dinâmica de recorrência das arboviroses e atuem nos diferentes determinantes que as afeta, torna-se fundamental para promoção da Saúde Coletiva. Deste modo, os componentes disciplinares de extensão podem ser utilizados como campo de formação cidadã, permitindo aos discentes uma vivência real, que contribua para futuros profissionais com olhar ampliado sobre as necessidades comunitárias.
Descrição da Experiência
O presente relato apresenta a experiência como docente substituta da Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Anísio Teixeira (CAT), do componente de Enfermagem, Sociedade e Extensão II, para turma de quinto e sexto semestre da Graduação de Enfermagem, resultando em quatro turmas de dez discentes. As ações tiveram como tema central as arboviroses – Dengue, Zika vírus e Chikungunya. Os discentes foram divididos em quatro turmas, elaboram um projeto de extensão que teve como centro a atuação dos discentes junto à comunidade para sensibilização à promoção, prevenção e cuidados com as arboviroses acima descritas. Para isso, foi ministrada pela docente uma aula expositiva sobre as arboviroses, a fim de fundamentar o conhecimento dos discentes, e realizado trabalho conjunto na produção dos projetos. Os discentes ficaram livres para escolher como realizar as ações. Todos os bairros escolhidos pelos discentes para executar as ações apresentavam Índices de Infestação por Aedes Aegypti superior a 4,0%. Ao fim de cada ação, a docente retomou as principais contribuições adquiridas pelos discentes.
Objetivo e período de Realização
Relatar as principais impressões, a cerca da experiência, como docente, de ações de extensão sobre arboviroses: educação em saúde por meio de jogos com escolares da rede municipal de educação; limpeza de área urbana e educação em saúde com moradores; educação em saúde com Conselho Local de Saúde; e participação no mutirão contra Dengue dos Agentes Comunitários de Endemias (ACE), realizadas junto a discentes de Enfermagem, entre abril e maio de 2024, no município de Vitória da Conquista, Bahia.
Resultados
Na ação da escola, foram compartilhadas informações, e sanadas dúvidas quanto aos modos efetivos de prevenção e de transmissão das arboviroses, e desmistificadas “fake news” sobre a vacinação que tem como público alvo os escolares. Na ação de limpeza da praça pública, foram coletados 15 sacos de lixo com materiais como vestimentas e restos orgânicos. Concomitante, foi realizada educação em saúde com a população residente. Na ação com Conselho Local de Saúde, foram apresentadas as taxas de notificação de aborviroses do bairro, página de Instagram com informações sobre arboviroses com foco na população do bairro, e um almanaque construído para distribuição entre as famílias usuárias da USF. Por fim, na ação do mutirão foram realizadas visitas as residências a procura de focos de proliferação do mosquito e tratamento de reservatórios de água. Nas ações foi observada participação ativa dos discentes e da comunidade, evidenciando a importância da troca entre conhecimento empírico e científico, a necessidade de reconhecer o funcionamento de instâncias como os conselhos, e a experiência do trabalho interdisciplinar entre discentes e ACE.
Aprendizado e Análise Crítica
Por meio do acompanhamento como docente a essas ações foi possível inferir que o contato entre discentes e comunidade precisa ser estimulado e possibilitado desde o início do processo educacional. É notório que cada vez mais as Universidades optam pelo modelo tecnicista, com formações centradas em desenvolvimento técnico do fazer saúde. Sobretudo no campo da Enfermagem, em que esse modelo é valorizado como o que atribui maior capacidade para o futuro profissional. Neste sentido, as ações permitiram o reconhecimento da realidade local em diferentes contextos, evidenciando as vulnerabilidades vivenciadas por meio do relato dos escolares e moradores, e a visualização das diferentes perspectivas frente às barreiras no combate as arboviroses. Nesse contexto, a formação de Enfermeiras permeada por experiências como as descritas, possibilitada o desenvolvimento da comunicação com diferentes atores sociais, a elucidação da importância da atuação profissional para além do campo institucional de saúde, como escolas, ambientes públicos e conselhos, e a formação dos graduandos no campo da cidadania. Assim, a experiência como docente, contribuiu enfatizar a necessidade de metodologias que centrem os discentes e a comunidade na formação educacional, além de proporcionar momentos de discussão acerca da participação comunitária na consolidação de educação democrática e social.
Referências
1. Ministério da Saúde [Internet]. [citado 31 de maio de 2024]. Arboviroses. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/arboviroses/arboviroses
2. Dias ÍKR, Martins RMG, Sobreira CL da S, Rocha RMGS, Lopes M do SV. Ações educativas de enfrentamento ao Aedes Aegypti: revisão integrativa. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 17 de janeiro de 2022 [citado 31 de maio de 2024];27:231–42. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/F3BmRZ5bBDSJLxYNpWjTwzp/abstract/?lang=pt
Fonte(s) de financiamento: Próprio
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