52186 - AS CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE PARA A REORIENTAÇÃO DA FORMAÇÃO ANA SUELEN PEDROZA CAVALCANTE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, MARCOS AGUIAR RIBEIRO - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, RICARDO BURG CECCIM - ASSOCIAÇÃO REDE UNIDA, LUCAS DIAS SOARES MACHADO - INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Apresentação/Introdução Diversas iniciativas de reorientação da formação foram realizadas desde os anos 80, com a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) (Dias; Lima; Teixeira. 2013). Dentre elas destaca-se o Projeto de Vivências e Estágios no Sistema Único de Saúde (VER-SUS) que a partir do protagonismo estudantil, colabora para a reorientação da formação e realiza a mutação de imaginários profissionais ao promover a imersão de estudantes de diversas carreiras, acompanhados ou não de outros atores sociais, nos múltiplos espaços do SUS, a fim de que convivam e experienciam de modo crítico e afetivo a realização e implementação do sistema sanitário nacional.
Neste sentido, é notória a necessidade de estruturar a formação de modo que estimulem competências necessárias à atuação no SUS, de modo a garantir mais resolutividade na integralidade do cuidado, acompanhando a mudança permanente dos territórios vivos em que atuarão enquanto profissionais de saúde e assim atender as necessidades em saúde da população (Costa et al., 2018).
Objetivos Identificar as contribuições do Projeto de Vivências e Estágios do Sistema Único de Saúde para a reorientação da formação.
Metodologia Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa, do tipo cartográfico (Passos; Kastrup; Escócia, 2009). Foi realizado em 23 estados brasileiros que tiveram edições de imersão do Projeto VER-SUS, no período de 2012 a 2019. Os participantes foram 43 egressos do referido Projeto que participaram dele ainda no período de suas graduações. Para a produção de dados foram realizadas entrevistas virtuais pelo aplicativo do google meet. Além disso, foi realizada observação não-participante, em serviços de saúde do interior do Ceará. Foi utilizado diário de campo para registro das observações realizadas. Posteriormente, as entrevistas foram transcritas e realizada a análise de implicação. Este estudo respeitou os princípios bioéticos e teve parecer aprovado do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos.
Resultados e Discussão Verificaram-se contribuições do Projeto VER-SUS no âmbito pessoal, tais como: desenvolvimento pessoal a partir do autocuidado e acolhimento de si e por parte dos colegas; e acadêmico, a saber: desenvolvimento da criticidade, do conceito ampliado de saúde, realização de atividades extra complementares para o currículo; influências na trajetória profissional que os aproximaram da saúde coletiva em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Salienta-se ainda que tais contribuições repercutiram posteriormente em seus locais de atuação profissional.
Destaca-se a preparação para o trabalho em equipe interprofissional como uma das principais contribuições do VER-SUS para a formação, uma vez que os egressos demonstraram competências colaborativas (CANADIAN INTERPROFESSIONAL HEALTH COLLABORATIVE, 2010) em seus ambientes profissionais, que incluíram: a clareza de sua identidade profissional assim como das diversas categorias da saúde, extrapolando para outras áreas, que fortalecem a intersetorialidade; o incentivo para o cuidado centrado no usuário; e o reconhecimento da resolução de conflitos entre profissionais como estratégica para ampliar a resolutividade do cuidado.
Conclusões/Considerações finais O Projeto VER-SUS foi estratégico para a reorientação da formação, uma vez que seus egressos são comprometidos com a defesa do Sistema Único de Saúde e principalmente contribuem para sua construção coletiva em seus diversos espaços de atuação profissional, seja no âmbito da assistência, gestão ou da própria formação em instituições de ensino superior.
A partir das vivências que foram proporcionadas experiências extramuros da Universidade, preparando os estudantes para tomada de decisão que considera a atenção centrada no usuário e o trabalho em equipe interprofissional. Portanto, é necessário que haja investimento financeiro pelo Ministério da Saúde no referido Projeto para que mais universitários sejam contemplados.
Referências CANADIAN INTERPROFESSIONAL HEALTH COLLABORATIVE (CIHC). A national interprofessional competency framework. Vancouver, BC: Canadian Interprofessional Health Collaborative, 2010.
COSTA, D. A. S.; SILVA, R. F.; LIMA, V. V.; RIBEIRO, E. C. O. Diretrizes curriculares nacionais das profissões da Saúde 2001-2004: análise à luz das teorias de desenvolvimento curricular. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 22, n. 67, p. 1183-95. 2018.
DIAS, H. S.; LIMA, L.; TEIXEIRA, M. A trajetória da política nacional de reorientação da formação profissional em saúde no SUS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 1613-1624, 2013.
PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009.
Fonte(s) de financiamento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).
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