51369 - O IMPACTO DAS VIVÊNCIAS DA PRÁTICA MÉDICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NA FORMAÇÃO DO FUTURO MÉDICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
MATHEUS LUIZ KOHLER - UNIVILLE, FLAVIANE MELLO LAZARINI - UNIVILLE
Contextualização
O Sistema Único de Saúde (SUS) teve sua criação fomentada por movimentos sociais brasileiros e foi influenciada pela necessidade de se atender as demandas da população e buscou a promoção de mudanças na formação de profissionais e na transformação do sistema de saúde, o qual, junto à Atenção Primária em Saúde, principal porta de entrada deste sistema, desempenha um papel importante na formação do futuro profissional, a partir da estimulação da sua participação ativa no processo de aprendizagem e do fornecimento de oportunidades de prática em distintos locais de atuação, como as unidades de saúde, as comunidades e as residências de pacientes.
Descrição da Experiência
O relato de experiência, escrito por meio de metodologia descritiva e da observação participativa baseada em um pressuposto de coleta de registros e percepções individuais, descreveu um estágio observacional realizado por um estudante de medicina em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), na região norte do estado de Santa Catarina, durante o qual o estudante acompanhou a rotina da UBSF, sob supervisão médica, e interagiu com a equipe de saúde e a população local, como também participou de consultas, de anamneses, de planejamento terapêutico singular, de atendimento à gestantes, de puericultura, de visitas domiciliares e de encaminhamentos de pacientes aos outros serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Objetivo e período de Realização
Pretendeu-se expor a vivência e as experiências de um acadêmico de medicina, durante um estágio observacional optativo em uma UBSF, em Itapoá, Santa Catarina, ao longo do mês de janeiro de 2024, em período integral, e estimular a discussão sobre a relevância da prática médica na formação acadêmica não apenas como fator de qualificação do futuro profissional, mas também como estimulador do desenvolvimento de habilidades e competências técnicas, humanísticas e empáticas de manejo dos pacientes.
Resultados
Essa experiência proporcionou um entendimento mais aprofundado das complexidades do cuidado aos pacientes, das relações entre os profissionais e os usuários do sistema de saúde e da importância da qualificação profissional para garantir um atendimento integral e de qualidade à população, bem como estimulou o desenvolvimento de habilidades interpessoais e interprofissionais, como a empatia, a comunicação eficaz e o trabalho em equipe. Nessa experiência observou-se, ainda, a importância da prática como elemento essencial no processo de aprendizagem médica, estruturada por uma base sólida nessa modalidade de ensino, que inclua a atuação contextualizada do estudante no Sistema Único de Saúde (SUS) e na comunidade e que promova a consolidação do SUS e a transformação deste, permitindo aos futuros médicos o desenvolvimento de habilidades, como por exemplo, uso de tecnologias leves e leve duras em saúde, incentivando a reflexão sobre a importância da criação de vínculos com os usuários para um maior alcance de sucesso terapêutico.
Aprendizado e Análise Crítica
O acadêmico pôde se encontrar em situações reais que, coletivamente, promoveram o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo sobre o conhecimento previamente adquirido, visto que essas experiências facilitaram a disseminação do aprendizado por meio da aplicação prática do saber, que antes era compreendido apenas de maneira teórica. Além disso, essa experiência foi decisiva para o entendimento do estudante acerca da experiência prática como eixo essencial de aprendizagem na formação médica, bem como foi passível de viabilizar a assimilação da importância do contato de estudantes de medicina com a realidade médica como um mecanismo de permissão à aprendizagem do significado da formação acadêmica e do contexto dos problemas de saúde da comunidade. Dessa maneira, é fundamental estabelecer uma base sólida para esse tipo de ensino, que incorpore incentivos para que os acadêmicos atuem de maneira contextualizada e atualizada na Atenção Básica e na comunidade, com ênfase no questionamento, na investigação e na identificação, a fim de promover uma participação ativa no sistema de saúde para melhorar a capacidade de manejo e a compreensão dos futuros profissionais sobre o processo saúde-doença dos pacientes, de consolidar o SUS e de transformar este sistema.
Referências
Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política de Educação Permanente e Desenvolvimento para o SUS - Caminhos para Educação Permanente em Saúde Brasília: MS; 2004.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de atenção básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.
Costa, Heloniza O. G., and Maria Ligia Rangel. ‘Desafios do Ensino da Saúde Coletiva na Graduação dos Profissionais de Saúde’. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 2, 1997, pp. 164–71. SciELO.
Feuerwerker L. et al. 2000. Diversificação de Cenários de Ensino e Trabalho Sobre Necessidades/Problemas Da Comunidade – ScienceOpen.. Acesso em: 15 Mar. 2024.
Queiroz, Danielle Teixeira, et al. ‘Observação participante na pesquisa qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde’. Rev. enferm. UERJ, 2007, pp. 276–83.
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