Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC8.6 - A potencia do Processo de Formação Profissional

50596 - A PERSPECTIVA DA TERRITORIALIZAÇÃO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE RESIDENTES NA CIDADE DE SOBRAL-CE
NÍCOLAS MILHOME DE LIMA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA, ANDRESSA CARVALHO ROCHA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA, RÔMULO OLIVEIRA DO VALE CARNEIRO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA, ANA CECÍLIA CARVALHO SOEIRO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA, CAROLINA PONTE ARAUJO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA, FLÁVIO MARQUES DAMASCENO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA


Contextualização
A territorialização é compreendida como um processo social e político de suma importância para o fazer multiprofissional na Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de uma ferramenta para o planejamento de ações de saúde, através da qual, é possibilitada a identificação de aspectos ambientais, sociais, econômicos e de saúde no território. Desse modo, através de tal prática, pode-se observar todas as características e peculiaridades encontradas no território e assim fazer um trabalho que contemple o bairro como um todo. A inserção no território no contexto da APS é um processo crucial para a realização dos princípios constitucionais do sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, sendo um dos pressupostos básicos para o trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF). Nesse contexto, os processos formativos de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e de Residência Multiprofissional em Saúde Mental da Escola de Saúde Pública Visconde de Sabóia (ESP-VS), no município de Sobral, estado do Ceará, oportunizou aos residentes, a construção do processo de territorialização.



Descrição da Experiência
Durante o período de duas semanas, foi possível observar características predominantes dos territórios Alto da Brasília e Novo Recanto e refletir sobre a importância desse processo para a construção de uma visão mais abrangente e crítica dos residentes, A ação da territorialização foi realizado junto ao Centro de Saúde da Família (CSF) Alto da Brasília, no qual o bairro teve seu início por volta do ano de 1956, onde a chegada de moradores ocorreu por conta da migração de pessoas vindas de pequenas localidades em busca de emprego ou outras motivações como fugir da seca e enchentes, atualmente sua população está estimada em nove mil oitocentos e onze habitantes, no qual cada indivíduo é protagonista contribuindo com a cultura, economia, socialização e enfrentamentos sociais da comunidade. Também foi realizado o processo de territorialização junto ao CSF Novo Recanto, território que é marcado por lutas e conquistas da comunidade local, com forte organização e mobilização social. O bairro Novo Recanto teve seu início na década de 1940 com a instalação de cinco famílias que ocuparam a localidade após serem atingidas por um período de enchentes nos bairros onde residiam. Inicialmente o bairro não contava com equipamentos sociais nem com serviços de saúde, no qual o CSF somente foi construído no ano de 2014 após ser a pauta principal do conselho local de saúde.


Objetivo e período de Realização
Demonstrar a importância da territorialização na atenção primária à saúde e a contribuição desse processo para a residência multiprofissional em saúde da família e saúde mental do município de Sobral. A territorialização ocorreu desde o dia 18/03/2024 até o dia 29/03/2024, porém é importante ressaltar que esse processo é sempre contínuo, uma vez que durante a atuação profissional conhecemos e adentramos cada vez mais no território.


Resultados
Foram identificadas potencialidades e fragilidades dentro dos territórios, tanto no Alto da Brasília, quanto no Novo Recanto a ocupação e empregabilidade predominam o setor terciário com prestação de serviços e forte empreendedorismo local, além de ocupação no setor secundário, no qual o meio de transporte e locomoção consiste na malha viária com a linha norte do metrô de Sobral e a linha de transporte urbano com veículos coletivos. Nesse contexto, é importante ressaltar que existem áreas de vulnerabilidade social e que o saneamento básico não está presente integralmente em todas as áreas. O território do Alto da Brasília conta como equipamentos sociais a Universidade Vale do Acaraú (UVA), colégio de ensino fundamental e médio, creche e o CRAS, este possuindo um vínculo direito com o CSF. Enquanto o Novo Recanto possui uma estação da juventude e uma creche. Além disso, o descarte de resíduos em terrenos baldios existentes é um problema constante e mesmo com a coleta seletiva da prefeitura, comumente se encontra a presença de lixo em vários pontos dos territórios.


Aprendizado e Análise Crítica
Após o período da territorialização foi possível verificar dados e informações para possibilitar a formulação de estratégias de trabalho, criação de vínculos e aproveitamento do território, considerando a relevância de conhecer o espaço para melhor compreendê-lo. Dessa forma, é pertinente ressaltar a necessidade de buscar formas de realizar a territorialização de forma contínua, revisitando os espaços periodicamente, afinal, o território é dotado de complexidade, sendo dinâmico e mutável, não estando as informações cristalizadas, no qual um prazo de duas semanas é insuficiente para conhecê-lo por completo. Na perspectiva da equipe de residentes, cabe reconhecer e investigar os processos produtivos instalados, as relações com o ambiente, a saúde de moradores e trabalhadores, sendo essencial que a equipe do CSF esteja apta a reconhecer e identificar as relações do território com o mundo, uma vez os determinantes e condicionantes de saúde influenciam diretamente na qualidade de vida do indivíduo. Portanto o desenvolvimento da territorialização no Alto da Brasília e Novo Recanto potencializa ações a serem realizadas nas comunidades, permitindo aos residentes oferecer um serviço direcionado às necessidades da comunidade local.


Referências
ARAÚJO, Guilherme Bruno et al. Territorialização em saúde como instrumento de formação para estudantes de medicina: relato de experiência. SANARE-Revista de Políticas Públicas, v. 16, n. 1, 2017.

FARIA, Rivaldo Mauro de. A territorialização da atenção básica à saúde do Sistema Único de Saúde do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 4521-4530, 2020.

SANTOS, Alexandre Lima; RIGOTTO, Raquel Maria. Território e territorialização: incorporando as relações produção, trabalho, ambiente e saúde na atenção básica à saúde. Trabalho, Educação e Saúde, v. 8, p. 387-406, 2010.


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