49348 - A FORMAÇÃO DOS ENFERMEIROS PARA ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO IDOSA SOB ÓTICA DE DISCENTES E DOCENTES ANA CAROLINA LOPES CAVALCANTI DE OLIVEIRA - UFRN, SAMARA BARRETO DE OLIVEIRA - UFRN, LETÍCIA LUANA CLAUDINO DA SILVA - UFRN, JOSÉ JAILSON DE ALMEIRA JÚNIOR - UFRN, MAURÍCIO WIERING PINTO TELLES - UFRN
Apresentação/Introdução
A expectativa de vida da população brasileira tem aumentado nos últimos anos em decorrência das melhores condições de vida e saúde, exigindo a adoção de medidas que garantam o bem-estar e a qualidade de vida desta faixa etária (Oliveira, 2019).
Essa mudança demográfica é resultado da mudança no perfil de morbimortalidade da população, com o declínio das doenças infectocontagiosas, um aumento das doenças crônicas não transmissíveis e a redução da natalidade (Martins et al, 2021).
Observando este cenário de mudança, há mais de uma década, Wong e Carvalho (2006) já sinalizam a importância de adequar a formação de profissionais de saúde para o atendimento em geriatria e gerontologia em todos os níveis de saúde, além da promoção de ações de saúde pública que priorizasse as doenças crônicas predominantes no Brasil visando garantir o envelhecimento saudável.
A OMS define o envelhecimento saudável como um processo que envolve o desenvolvimento e a manutenção da capacidade funcional, permitindo o bem-estar e a funcionalidade, garantindo a capacidade individual de tomar decisões e agir de forma independente, usando seus próprios recursos para cuidar de si e gerir a sua vida (Moraes, 2009).
Visto o exposto, urge a necessidade de entender as perspectivas dos discentes e docentes sobre a formação dos profissionais de enfermagem para assistência à pessoa idosa.
Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo analisar a formação em enfermagem para atenção à saúde da população idosa nas IES públicas do Rio Grande do Norte sob a perspectiva de docentes e discentes.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, analítico e exploratório, cuja base de dados foi composta por entrevistas semiestruturadas e questionários realizados com os docentes e grupos focais com discentes dos cursos de bacharelado em Enfermagem de IES públicas do Estado do Rio Grande do Norte.
Desta forma, participaram da pesquisa 8 docentes e 14 discentes, distribuídos em duas IES. Esta amostra foi constituída de forma intencional e por tratar-se de uma pesquisa qualitativa não foi considerado o quantitativo estatístico, assim como uma quantidade representativa de sujeitos, pois o seu valor não depende do tamanho, mas sim de informações ricas, profundas e completas (Navarrete; Silva; Gallego, 2009).
A coleta de dados foi realizada em ambiente virtual, por meio do Google Meet, entre os meses de setembro a novembro de 2022 após o consentimento dos participantes através da assinatura do TCLE, seguindo as orientações da Resolução CNS 466/2012 e conforme aprovação do CEP da FACISA sob o parecer nº 5.708.676.
Os dados obtidos foram transcritos e analisados por meio da técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2011).
Resultados e Discussão
Os resultados demonstram que há a necessidade de reestruturar os projetos pedagógicos e matrizes curriculares dos cursos de enfermagem, pois são apontados déficits e limitações para seguir as Diretrizes Nacionais Curriculares no âmbito da educação interprofissional e transversal.
A tímida utilização de metodologias ativas, associada a fragmentação dos conteúdos em pouco tempo de aprofundamento aliado ao escasso campo prática em decorrência da pandemia da Covid-19 também foram pontos que impactam diretamente o ensino, deixando os discentes inseguros para atuar com a população idosa.
Ademais, foi evidenciada que a carga horária é considerada insuficiente, o contato é tardio e o enfoque inapropriado, pois tende a estar voltado apenas para escalas de funcionalidade/cognição, rastreio de doenças e comorbidades, negligenciando aspectos biopsicossociais atrelados ao envelhecimento e consequentemente impossibilitando um projeto de intervenção que abordando fatores psicológicos, sociais, culturais e históricos conforme recomendado (Melo, 2019).
Os fatores descritos acima caracterizam o tipo de ensino “bancário”, pois envolve apenas uma transferência de conhecimento do professor para o aluno (Melo, 2019). Neste ponto, as metodologias ativas, a educação interprofissional e a simulação realística aparecem como uma opção para incentivar o trabalho em equipe, promover a autonomia na resolução de problemas e estimular a criatividade dos discentes (Sampaio, 2016).
Conclusões/Considerações finais
A proposta central desta pesquisa é fomentar debates e reflexões sobre a formação em enfermagem para a assistência à saúde da população idosa no intuito de fomentar projetos pedagógicos que contemplem, além de considerações fisiopatológicas, os aspectos fisiológicos e biopsicossociais dos primeiros anos do curso até a sua conclusão para assim promover uma abordagem humanizada e holística do processo de envelhecimento.
Ademais, reitera-se a necessidade de revisitar as políticas que direcionam a assistência à saúde da população idosa no país e adequá-las à realidade vigente, visto que as projeções para os próximos 30 anos evidenciam uma população predominantemente idosa.
Ao focar no estado do Rio Grande do Norte, espera-se contribuir para o aprimoramento da atenção à saúde da população idosa do estado, compreendendo suas particularidades e desafios locais no intuito de construir propostas que impulsionem a transformação positiva da formação dos enfermeiros que atuam com esse público.
Referências
OLIVEIRA, AS. Transição demográfica, transição epidemiológica e envelhecimento populacional no Brasil. Hygeia-Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v.15, n.32, p.69-79, 2019.
MARTINS, AB. et al. Atenção Primária a Saúde voltada as necessidades dos idosos: da teoria à prática. Ciencia&saude coletiva, v. 19, p.3403-3416, 2014.
MORAES, BA.; COSTA, NMS. Understanding the curriculum the light of training guiding health in Brazil. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, p. 09-16, 2016.
NAVARRETE, MLV; SILVA, MRF.; GALLEGO, MED.; LORENZO, IV (org). Introdução às técnicas qualitativas de pesquisa aplicadas em saúde. Recife: IMIP; 2009.
MELO, PDOC et al. Formação para atuar com a pessoa idosa: percepção de enfermeiras da atenção primária à saúde. Enfermagem em Foco. 2019 Aug 27;10(2)17.
SAMPAIO, ATL. Formação e educação permanente em saúde: desafios pedagógicos para um modelo de atenção integral no Brasil. 2016, p149-177.18.
Fonte(s) de financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
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