52848 - A PRÁTICA DA PRECEPTORIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: AVANÇOS E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE TRABALHADORES DO SUS FRANCISCA CLÁUDIA MONTEIRO ALMEIDA - UECE, KERLEY MENEZES SILVA PRATA - UECE, ANA CRISTINA SILVA DE MIRANDA - UECE, CARLOS GARCIA FILHO - UECE
Contextualização A formação de profissionais de saúde com competência para prestação de cuidados básicos deve iniciar-se na graduação, principalmente para atuação na Atenção Primária a Saúde - APS. Para esse novo cenário, o setor educacional deverá superar desafios, visando promover uma formação multiprofissional e interdisciplinar. (ARNEMAM et al, 2018) Nesse contexto, a implantação da Política Nacional de Formação Permanente para o SUS - PNEPS ganha destaque. A PNEPS propõe serem os processos de capacitação do pessoal da saúde estruturados a partir da problematização do seu processo de trabalho e que tenham como objetivo a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho (BRASIL, 2003). Os preceptores são profissionais que, em sua prática clínica, atuam como educadores, acompanhando discentes em formação. A sua prática não se restringe ao domínio específico da área da saúde, mas são de extrema relevância para a formação dos futuros profissionais com suas competências ligadas à ética, gerenciamento e comunicação (CORREA et al.,2015).
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência sobre a preceptoria de enfermagem em uma UAPS localizada no município de Fortaleza. A UAPS recebe os discentes, há pelo menos 5 anos, com renovação das turmas a cada semestre letivo. Cada discente cumpre 200 horas de estágio no serviço, distribuídos nos turnos da manhã e tarde, num total de 6 a 8 estudantes por turma. Durante o período do internato do curso de graduação de enfermagem os graduandos de uma Instituição de ensino superior vinculada com o serviço realizam atividades orientadas pela preceptoria e em parceria com a professora da disciplina de Saúde Coletiva. Sendo assim, a partir da integração ensino-serviço foi possível desenvolver com os estudantes ações cotidianas do processo de trabalho na unidade de saúde. Os discentes desenvolveram atividades como: consulta de enfermagem nos diversos ciclos de vida, acolhimento com classificação de risco na APS, sessões educativas em sala de espera, formação e acompanhamento de grupos de gestantes, visitas domiciliares ao recém nato, puérperas, idosos restritos ao leito, assim, como a participação do movimento de inserção do território.
Objetivo e período de Realização Relatar a experiência da Preceptoria em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) no município de Fortaleza e Refletir sobre a relevância do papel do preceptor na formação de trabalhadores do SUS. Essa experiência ocorreu no período de 2021 a 2023.
Resultados Dentre os avanços do profissional de saúde como preceptor, é possibilitar a conexão teoria e prática na atenção primária. A medida que APS é campo de formação, cria-se força de trabalho numa perspectiva de cuidados colaborativos e perto da realidade. A relevância do preceptor na formação é a melhoria da qualidade do ensino e atenção. Dentre os desafios, num cenário precário de recursos, há múltiplos papéis do preceptor e competências além do saber técnico-prático, como habilidades pedagógicas num processo ensino-aprendizagem ativo. Será que profissionais de Saúde da APS estão preparados para facilitarem o processo formativo de trabalhadores no SUS? O serviço do estudo é multiprofissional, requerendo o entendimento da importância do trabalho em equipe para garantir continuidade da assistência e desfecho mais favorável às situações problema, auxiliando na formação prática e interação ensino-serviço-comunidade. A interprofissionalidade no SUS tem sido uma referência para as mudanças do trabalho e da formação em saúde, necessárias para uma prática, integral e universal, presente em ações estratégicas como o trabalho em Equipes de Saúde da Família e na Atenção Básica (PEREIRA, 2018).
Aprendizado e Análise Crítica O Preceptor do serviço, além de suas atividades assistenciais e de gestão do cuidado, colabora com atividades educacionais previstas na formação de graduandos, graduados, especialistas e residentes. Com os processos formativos inseridos nos contextos dos serviços, é possível contribuir na formação de pessoas mais sensíveis às demandas de saúde da comunidade, pois urge a necessidade de profissionais mais humanos. Assim, é necessário fortalecer a integração ensino-serviço e comunidade, pois as contrapartidas ajudam na continuidade de cuidados, no abastecimento de insumos, na educação permanente dos servidores e qualificam a atenção, contribuindo com os atendimentos de forma integral. Ademais, tanto o município e os serviços de saúde qualificam a assistência com a presença de profissionais em formação, como as IES melhoram a qualidade do aprendizado formando seres humanos mais conscientes da profissão, para exercer com ética, cidadania e defendendo os princípios do SUS.
Referências
ARNEMANN, C. T. et al. Práticas exitosas dos preceptores de uma residência multiprofissional: interface com a interprofissionalidade. Interface, v. 22, n. suppl 2, p. 1635–1646, 2018.
CORREA, G. T. et al. Uma análise crítica do discurso de preceptores em processo de formação pedagógica. Pro-Posições, v. 26, n. 3, p. 167–184, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política de Formação e Desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente em saúde, de 25 de agosto de 2003.Brasília (DF): MS; 2003 [citado em 29 de maio. 2024].
PEREIRA, M. F. Interprofissionalidade e saúde: conexões e fronteiras em transformação. Interface, v. 22, n. suppl 2, p. 1753–1756, 2018.
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