Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.5 - Residências em Saúde e Integração Ensino-Serviço-Território

51393 - PLANEJAMENTO REPRODUTIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E A FORMAÇÃO EM EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA DE ENFERMAGEM NA APS NO MUNICIPIO DO RJ
CAROLINA PASSOS SODRÉ - IMS/UERJ, ROSENI PINHEIRO - IMS/UERJ


Contextualização
A implantação de programas focados na educação sexual e reprodutiva tiveram início a partir do aumento do número de casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e gestações indesejadas na década de 80. O planejamento sexual e reprodutivo é um direito e deve considerar o contexto individual e coletivo, avaliando as necessidades intrínsecas no momento da consulta (FERREIRA et al., 2019). Atualmente, mais da metade das gestações são indesejadas ou não planejadas ainda que uma grande parcela das mulheres façam uso de algum método contraceptivo. Entre as principais justificativas para esse evento, o uso de métodos contraceptivos de curta duração pode ser citado por esse efeito considerando que necessitam da usuária para garantir sue efetividade (TRINDADE et al., 2021). O sistema único de saúde (SUS) está fundamentado nos princípios da universalidade, equidade e integralidade da assistência à saúde. Como forma de organização da rede, a atenção primária em saúde (APS) torna-se a principal porta de entrada do usuário no sistema e reorganiza seu processo de trabalho na lógica da integralidade (CARNUT, 2017).


Descrição da Experiência
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) através da Resolução 690/2022 normatiza a atuação do enfermeiro no planejamento familiar e reprodutivo regulamentando a consulta de enfermagem incluindo prescrição, solicitação de exames, procedimentos e administração pautadas em protocolos institucionais, além da inserção do dispositivo intrauterino (DIU). Ao enfermeiro compete “Realizar o Planejamento Familiar e Reprodutivo com ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a concepção e contracepção” (COFEN, 2022). Os residentes do segundo ano da turma do programa de residência de enfermagem de família e comunidade foram submetidos ao curso de Saúde Integral, reprodutiva e sexual: inserção, revisão e remoção do dispositivo intrauterino para enfermeiros da atenção primária à saúde. O curso era composto por 70 horas semanais e envolvia momentos teóricos e práticos. Durante o curso e o processo de formação, os residentes foram estimulados a problematizar as consultas realizadas considerando os determinantes sociais e as desigualdades envolvidas. Foi necessário que o residente fizesse a articulação entre diversos assuntos abordados no processo de formação a fim de promover a autonomia dos usuários e garantir um atendimento pautado na integralidade.

Objetivo e período de Realização
Trata-se de um relato de experiência do processo de formação dos residentes de enfermagem de família e comunidade no período de 2023 até 2024 considerando a consulta de enfermagem com foco na contracepção.

Resultados
Através do processo pedagógico e educacional construído com o grupo de residentes, foi perceptível o crescimento da sensibilização dos mesmos quanto a influência dos determinantes de saúde no processo de cuidado da usuária. Durante as consultas de enfermagem, os residentes eram estimulados a abordar e construir narrativas junto às mulheres que relacionassem seu cotidiano e suas necessidades contraceptivas. Em relação a oferta de métodos e aconselhamento, com o programa de residência foi observado o maior número de consultas e procedimentos de inserção do dispositivo intrauterino. Além de ações em territórios vulneráveis para promoção de ações de educação em saúde. Os residentes, a partir da formação em serviço, puderam ganhar mais autonomia e segurança nas suas ações, aumentando e fortalecendo o trabalho do enfermeiro de família do município. Além disso, a especialização neste molde possibilita a ampliação de conhecimento prático e teórico, possibilitando a práxis na profissão.

Aprendizado e Análise Crítica
A experiência narrada demonstra o papel potencializador do enfermeiro na construção de vínculo com os usuários, qualificando a assistência e a demanda de cuidado. O programa de residência de enfermagem em saúde da família e comunidade como estratégia de ensino e pesquisa contribui para a qualificação da rede e estimulo à autonomia das usuárias. Dentre os componentes da equipe de saúde, o enfermeiro que atua na saúde sexual e reprodutiva vai exercer ações que promovam a liberdade sexual, proteção à saúde e autonomia considerando as dimensões humanas. O conhecimento dos métodos disponíveis bem como efeitos adversos é fundamental na prática de educação em saúde para a garantia da liberdade de escolha pelas usuárias. A formação em serviço do enfermeiro através da residência favorece a intervenção na forma de atender as necessidades de saúde da população através de práticas humanizadas e auxilia na garantia dos princípios do sus (SILVA et al., 2019). As estratégias adotadas no processo contribuíram para a aproximação da garantia do direito da mulher e ampliação do acesso.


Referências
CARNUT, L. Cuidado, integralidade e atenção primária: articulação essencial para refletir sobre o setor saúde no Brasil. Saúde em Debate, v. 41, n. 115, p. 1177–1186, dez. 2017.
COFEN, C. F. de E. RESOLUÇÃO COFEN No 690/2022. . 2022.
FERREIRA, H. L. O. C. et al. Social Determinants of Health and their influence on the choice of birth control methods. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, n. 4, p. 1044–1051, ago. 2019.
SILVA, R. M. D. et al. Importância da Residência em Enfermagem no Processo Ensino-Aprendizagem: uma Revisão Integrativa. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 86, n. 24, 9 mar. 2019. Disponível em: . Acesso em: 1 maio. 2024.
TRINDADE, R. E. D. et al. Uso de contracepção e desigualdades do planejamento reprodutivo das mulheres brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, n. suppl 2, p. 3493–3504, 2021.


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