48965 - PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA RESIDÊNCIA MÉDICA E MULTIPROFISSIONAL, DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19 MAICOM AUGUSTO JORDAO - UFG
Apresentação/Introdução A teoria da aprendizagem pela experiência destaca o valor da experiência prática e da reflexão no processo educacional (Felisberto et al., 2020). Essa abordagem sugere que os indivíduos aprendem melhor quando envolvidos em atividades práticas e têm a oportunidade de refletir sobre essas experiências (Andrade et al., 2021; Romão, Rocha e Sá, 2021). Resultados positivos foram observados em diversos contextos educacionais (Moreira, 1983). Dewey (1976) considera essa teoria essencial na educação tradicional, enfatizando que todo conhecimento ocorre em um contexto específico.A reflexão é um elemento central dessa teoria (Kolb e Kolb, 2017), incentivando os aprendizes a entender e aplicar o conhecimento adquirido (Morato, 1995). Complementando essa abordagem, Piaget afirma que o conhecimento é construído a partir da interação do indivíduo com o meio, através dos processos de assimilação e acomodação (Piaget, 1982).Donald Schön (2009) enfatiza a importância da reflexão na aprendizagem de habilidades motoras, que pode ser automática ou consciente, dependendo da situação. A reflexão na prática profissional, segundo Schön, ocorre através de conversas reflexivas durante e após a ação (Prado e Oliveira, 2022; Bresolin et al., 2022).
Objetivos O objetivo deste estudo foi analisar como as situações impostas pela Covid-19 impactaram na aprendizagem pela experiência por residentes médicos e multiprofissional. O estudo foi realizado com base na teoria da aprendizagem experiencial de David A. Kolb. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa dos dados, os quais foram coletados por meio de entrevistados com 13 médicos residentes.
Metodologia Este estudo de campo explora e compreende a dinâmica da residência médica e multiprofissional durante a pandemia de COVID-19. Investigando in loco, o estudo mergulha na realidade dos residentes, destacando a relevância desse espaço para o desenvolvimento profissional e acadêmico. Em tempos normais, a residência é crucial, mas o cenário pandêmico exigiu uma compreensão aprofundada das adaptações, desafios e estratégias utilizadas para garantir uma formação eficaz. O objetivo é capturar a complexidade e a riqueza das experiências dos residentes, contribuindo para uma compreensão abrangente do impacto da pandemia na formação médica e multiprofissional e nas mudanças no aprendizado pela experiência dos residentes.
Resultados e Discussão Quanto ao processo de aprendizagem durante a residência, os entrevistados relatam que é dividido em partes teóricas e práticas, com uma carga horária de 60 horas semanais. O processo é marcado por diversas dificuldades, dentre as quais se destacam a alta concorrência, a carga horária exaustiva e o desgaste emocional. O pragmatismo desgastante deste processo é descrito pelo entrevistado A2, que é enfermeiro: “[...] a residência, na verdade, é 60 horas, muito bem... muito bem assim, delimitado, dentro de um cronograma que a nossa perceptora de campo nos dava, a gente praticamente não tinha tempo para nada”.
Nesta questão, os entrevistados (A2, A4, A7, A9 e A11) explicitaram que possuíam dificuldades em aulas teóricas devido à falta de concentração que os encontros virtuais proporcionam. Sendo sobre esse aspecto, A7 (médico) afirmou: “[...] Eu tive dificuldade com as aulas virtuais, não gosto desse estilo vou perdendo a concentração aos poucos”.
Concordando com que foi abordado em Cardoni, Chirelli e Pio (2021), que se considera o ambiente virtual com algumas particularidades sendo uma delas a falta de contato físico com os pacientes para o aprendizado. E reforçando conforme Falcão, Fonseca e Danti (2020) relatam as dificuldades do ensino remoto durante a residência devido ao cenário de pandemia, afastando os alunos de suas atividades presenciais e trazendo uma nova realidade de ensino a distância.
Conclusões/Considerações finais Os efeitos dessa mudança no processo de aprendizagem durante a residência demostra uma adaptação ao ensino remoto; a mudança repentina para o ensino remoto exigiu dos residentes um grande esforço de adaptação, tanto em relação ao uso de tecnologias quanto ao desenvolvimento de novas estratégias de ensino e aprendizagem. Dificuldade de acesso à tecnologia: muitos residentes não tinham acesso a computadores ou internet de qualidade, o que dificultou a participação no ensino remoto. Entre isso foi relatado o impacto socioeconômico da pandemia agravou as desigualdades sociais, o que também impactou o aprendizado dos residentes. Muitos deles tiveram que trabalhar ou cuidar de familiares, o que reduziu o tempo disponível para os estudos.
No entanto, é importante ressaltar que alguns entrevistados também relataram que a pandemia proporcionou novas experiências positivas, como a oportunidade de aprender novas habilidades e desenvolver novas competências.
Referências FELISBERTO, Laíse Carla da Costa et al. O Caminho se faz ao caminhar: novas perspectivas da educação médica no contexto da pandemia. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, e156, 2020. https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.supl.1-20200422
ANDRADE, Vivian Teixeira et al. Estilos de aprendizagem segundo postulados de David Kolb: uma experiência no curso de medicina/Learning styles according to David Kolb's postulates: an experience in the medicine course. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 2, p. 3858-3874, 2020.
SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Penso Editora, 2009.
KOLB, David A. Experiing: experience as the source of learning and development. New Jersey: Prentice-Hall, 1984.
Fonte(s) de financiamento: projeto SIMAPES - Universidade Federal de Goiás
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