Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.3 - Apoio e Formação no paradigma da Educação Permanente

51854 - PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS ACERCA DO TRABALHO COLABORATIVO EM UM HOSPITAL DE ENSINO E A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
RAFAEL CALVÃO BARBUTO - UFMG, LEONARDO TORRES VASCONCELOS - HRTN, KÊNIA LARA SILVA - UFMG, INGRID YAMILA JULIAN - UFMG, LUIZA DO CARMO COSTA - HMDCC, ALINE ALVES RONCALLI - HRTN, LEANDRO AMORIM TEIXEIRA - HRTN, CIBELE RODRIGUES LIMA CORRÊA - HRTN, VERÔNICA BARCELOS LIMA MOREIRA DE PAULA - UFMG


Contextualização
O trabalho colaborativo foi tema de um processo de educação permanente realizado com trabalhadores da clínica médica de um hospital público de grande porte, porta aberta, que atende aproximadamente 1,1 milhão de usuários do SUS no município de Belo Horizonte/MG. Foi proposta e aplicada uma tecnologia educacional para viabilizar a reflexão sobre os processos de trabalho e a forma de oferecer o cuidado em saúde, com ênfase no Trabalho Colaborativo (TC).
A tecnologia educacional denominada Grupo Multiprofissional de Aprendizagem (GMA), prática pedagógica que tem como base a Educação Permanente em Saúde, considerou o trabalho colaborativo como uma estratégia de interação entre os profissionais de diversas categorias que, juntos, podem proporcionar uma atenção qualificada e integral à saúde dos usuários. Apesar de preservarem a autonomia do saber de campo específico na prestação do cuidado, os profissionais comprometidos com o trabalho colaborativo priorizam as relações de parceria interprofissional e a responsabilidade coletiva nas práticas cotidianas.¹
A educação permanente ocorre quando os profissionais conseguem refletir e aprender com as discussões teóricas, o que se traduz em melhorias nas práticas de atuação e dinâmica de equipe. Assim, os profissionais vivenciam mudanças significativas nesse processo, atuando como agentes de seu próprio desenvolvimento.²

Descrição da Experiência
Os encontros do GMA foram direcionados por temas transversais, sendo o trabalho colaborativo um deles. Para compreender as percepções dos participantes do GMA sobre essa temática, foi aplicado um questionário de abordagem mista, com avaliações quantitativas e qualitativas. O formulário foi disponibilizado por link do google forms e encaminhado aos participantes por e-mail e Whatsapp.
Dentro do questionário, cada um dos temas transversais era composto por subitens que foram avaliados pelos participantes como Ótimo, Bom, Regular e Ruim, sendo necessário justificar as respostas. Os subitens que compunham o tema trabalho colaborativo foram: Capacidade de Interagir, Colaboração com a equipe, Comunicação e Comprometimento no serviço. O formulário foi aplicado 2 vezes: no início e no término do ciclo do GMA.
Essa abordagem permitiu obter uma compreensão abrangente das percepções dos profissionais, incluindo os aspectos objetivos e subjetivos sobre a realidade do trabalho colaborativo, focos para intervenções realizadas durante os encontros, pontos a melhorar, além dos efeitos após o ciclo do GMA.

Objetivo e período de Realização
O objetivo da pesquisa é identificar as percepções dos profissionais que participaram do Grupo Multiprofissional de Aprendizagem (GMA) sobre o trabalho colaborativo e os efeitos da educação permanente nesse processo. Essa tecnologia teve início em agosto de 2023 e foi composta por 6 encontros ao longo de 5 meses, sendo os formulários aplicados em julho e em dezembro do mesmo ano.

Resultados
Identificaram-se variações na percepção sobre o trabalho colaborativo, entre o início e o término do GMA, com apreciação Ótimo na Capacidade de interagir ampliando de 41% para 46%; Colaboração com a equipe de 41% para 54%; Comunicação de 18% para 38% e Comprometimento no serviço de 22% para 38%. Nos mesmos itens, houve redução na apreciação Bom, o que se justifica pela ampliação da apreciação Ótimo.
O atributo Comunicação foi o que apresentou maior variação ao longo do processo, tendo iniciado com avaliações de Ótimo e Bom com 18% e 71% respectivamente e após 3 meses com avaliações de Ótimo para 40%, Bom para 30%; Regular para 20% e Ruim para 10%.
Na avaliação inicial, apenas um trabalhador justificou as respostas afirmando que o trabalho é mais presente entre a equipe multi do que com a equipe médica. Na segunda aplicação, ao término do ciclo do GMA, obteve-se um aumento do volume de justificativas e também foram evidenciados e relatados desafios como a segmentação do trabalho, decisões médico-centradas e a necessidade de maior compromisso para alcançar a prática colaborativa.

Aprendizado e Análise Crítica
Os resultados reiteram a análise dos condutores do GMA em relação às falas dos trabalhadores durante a aplicação da tecnologia educacional. Inicialmente, os participantes demonstravam satisfação com a assistência prestada, o modelo de cuidado e a interação entre os profissionais. No entanto, a concepção dos trabalhadores sobre trabalho colaborativo, nessa fase introdutória, abrangia um trabalho em equipe, isto é, uma atuação multiprofissional, hierarquizada e individualizada.
Evidenciou-se, no decorrer do processo, maior capacidade de reflexão com pontuação que indicam o reconhecimento dos atributos do trabalho colaborativo, mas também desafios para sua operacionalização.
Os resultados salientam que o GMA conduziu os trabalhadores a uma reflexão sobre sua prática diária e compreensão da necessidade de melhoria nos itens avaliados, uma vez que a problematização desses fatores permitiu identificar a importância de uma comunicação e atuação interprofissional eficaz para se alcançar um cuidado integral e humanizado, a partir do trabalho colaborativo.
Em suma, este estudo destaca a potência de uma ação de educação permanente em uma equipe de assistência clínica, ao ressignificar o conceito de trabalho colaborativo, repercutindo não apenas num aprimoramento conceitual e da análise teórica dos participantes, mas também impactando nas suas atividades cotidianas.

Referências
PEDUZZI, M.; AGRELI, H. F.. Trabalho em equipe e prática colaborativa na Atenção Primária à Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 22, p. 1525–1534, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/MR86fMrvpMcJFSR7NNWPbqh/#. Acesso em: 04 de jun. 2024 (1)

COSTA CAMPOS, K. F.; MARQUES, R. de C.; CECCIM, R. B.; SILVA, K. L. Educação permanente em saúde e modelo assistencial: correlações no cotidiano do serviço na Atenção Primária a Saúde. APS EM REVISTA, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 132–140, 2019. DOI: 10.14295/aps.v1i2.28. Disponível em: https://apsemrevista.org/aps/article/view/28. Acesso em: 4 jun. 2024. (2)

Fonte(s) de financiamento: Fapemig


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