Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.3 - Apoio e Formação no paradigma da Educação Permanente

50133 - PERSPECTIVA DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE A PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO E TERRITÓRIO PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
MARIANA PEREIRA DE SOUZA DA SILVA - UFPE, PETRÔNIO JOSÉ DE LIMA MARTELLI - UFPE, LUCAS RAFAEL BORGES SANTOS - UFPE, PAMELLA ROBERTHA ROSSELINNE PAIXÃO CELERINO - FIOCRUZ, LARISSA GABRIELLE ASSIS DE ARAÚJO - IMIP, DAYSE BARROS DE ALMEIDA MACHADO - UFPE, ANDRÉA MICHELLE DOS REIS GOMES - UNINGÁ


Apresentação/Introdução
Atualmente o que se percebe são ações de educação permanente em saúde centradas em treinamentos, capacitações e cursos, focando conhecimentos e habilidades específicas. Apesar da importância da atualização dos profissionais para a garantia de práticas seguras, atuais e qualificadas para os usuários, não avança no sentido de construir práticas de atenção integradas e integrais, especialmente se tais proposições não emergirem de problematizações coletivas com os três atores da Educação Permanente em Saúde (EPS), o profissional, o gestor e o usuário do território (SILVA, SANTOS., 2021). Por conseguinte, partindo dessa realidade e entendendo a Atenção Básica (AB) como um potente espaço para consolidação da Educação Permanente em Saúde, faz-se pertinente conhecer o olhar que profissionais desse nível tem sobre os usuários e o território para a construção da EPS (FERREIRA et al., 2019).

Objetivos
Analisar sobre a ótica de profissionais de saúde inseridos em um distrito de saúde, a intersecção do território e do usuário com a construção da Educação Permanente em Saúde.

Metodologia
A pesquisa submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP, mediante o número do parecer: 5.548.925. Foi realizado um estudo descritivo-exploratório, de natureza qualitativa, em três Unidades de Saúde da Família e uma Unidade Gestora, pertencentes a um Distrito Sanitário na cidade do Recife, Pernambuco. Participaram os profissionais de nível médio e superior, feito o convite a dois por unidade, perfazendo oito profissionais. A coleta dos dados ocorreu por entrevista semiestruturada, realizada pessoalmente com gravador de voz, em local e horário previamente estabelecido, garantindo sigilo, anonimato, privacidade e o direito a desistência. Os participantes foram identificados com a letra “P” seguida de um número. A análise qualitativa foi realizada através da técnica de Bardin (2011), seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento das respostas.

Resultados e Discussão
O embasamento da EPS deve ser as necessidades de saúde das pessoas, das populações, da gestão setorial e do controle social (SILVA,SANTOS., 2021). Portanto, como dito pelo profissional, “é muito importante o território ser visto e ser identificados nós críticos…” (P1) para se pensar na produção de conhecimento e transformação a partir daquilo que inquieta a quem pertence àquele espaço. A AB é capaz de produzir ferramentas, por meio de tecnologias do cuidado leves e complexas, capazes de identificar tais “nós críticos”, fundamentais para concretização da EPS. Para isso, há a necessidade da reorientação dos modelos educativos e assistenciais vigentes, a partir da reorganização dos espaços onde se inserem gestão, profissionais e usuários (AMARAL et al., 2021). É necessário pensar a criação e fortalecimento de estratégias com espaços democráticos e de escuta, o que possibilita a participação ativa dos diferentes atores e suas capacidades de proposição e ação (SANTOS, OLIVEIRA., 2021). Reafirmando o que foi dito com a frase: “Então, nenhum dos planejamentos que a gente faz acontece sem uma perspectiva do usuário do território. Então, é sempre em cima de uma da realidade que a gente tá vivendo que a gente planeja, pensa e executa essas ações.” (P3). Além disso, ampliar o olhar e a escuta, possibilita que a complexidade da vida do usuário integre-se a maneira dos trabalhadores compreenderem o processo de saúde-doença individual, como coloca o usuário em lugar diferente do de mero objeto das ações de saúde e agente passivo que as recebe (FEURWERKER, 2014). Por fim, como traz o profissional: “Claro que o usuário traz também a perspectiva dele do adoecimento, né? Como é que ele constrói a narrativa dele sobre o adoecimento. Então, ele ensina essa singularidade, sabe?” (P8).

Conclusões/Considerações finais
Diante do que foi levantado através da resposta dos entrevistados, é reconhecida a importância do território e do usuário na operacionalização da Educação Permanente em Saúde na Atenção Básica, apesar da concretização da participação ativa desses ser incipiente, sendo vistos e assumindo o seu papel com passividade. Na prática, a participação ainda se formaliza mais indiretamente, com o território e os usuários induzindo o planejamento das ações e atividades para a unidade e com a identificação desse território e usuário guiando o processo da busca de conhecimentos dos profissionais da ponta e gestores, entretanto precisam sair da posição de apenas objeto de observação para componente ativo na engrenagem de ação na construção da saúde.

Referências
Amaral, V.S., Oliveira, D.M., Azevedo, C.V.M. & Mafra, R. L. M. (2021). Os nós críticos do processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde: uma pesquisa-ação. Revista de Saúde Coletiva, 31(1), 1-20.
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. Ed. 70, 223 p. Lisboa.
Feuerwerker, L.C.M. (2014). Micropolítica e saúde: produção do cuidado, gestão e formação. Porto Alegre: Editora Rede UNIDA. 10.
Ferreira, L. (2019). Educação Permanente em Saúde na atenção primária: uma revisão integrativa da literatura. Saúde em Debate, 43 (120), 223–239, 2019.
Silva, A.L. & Santos, J.S. (2021). A Potencialidade da Educação Permanente em Saúde na Gestão da Atenção Básica em Saúde. Saúde em Redes, 7(2), p.53–66.


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