49927 - REESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM A PARTIR DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE EM REDE HOSPITALAR PÚBLICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA VALDENIR ALMEIDA DA SILVA - UFBA, ROSANA SANTOS MOTA - UFBA, ANDERSON REIS DE SOUSA - UFBA, IRANETE ALMEIDA SOUSA SILVA - UFBA, ANDRÉIA SANTOS MENDES - UFBA, BÁRBARA SUELI GOMES MOREIRA - UFBA, LORENA DE CARVALHO SOUZA - UFBA
Contextualização Reestruturar a organização das práticas profissionais subsidiada pelos princípios da Educação em Saúde, constitui-se uma prioridade global. No Brasil, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) constitui-se um marco, ao tratar da ordenação da formação de recursos humanos, aprendizagem no trabalho/para o trabalho, integrando o aprender/ensinar no cotidiano. O Processo de Enfermagem (PE) é um método clínico-científico orientador do pensamento crítico e o julgamento clínico do enfermeiro no direcionamento da equipe de enfermagem na produção do cuidado à pessoa, família, coletividade e grupos especiais. Está amparado na Resolução 736/2024 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e se completa em cinco etapas: Avaliação de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento, Implementação e Evolução de Enfermagem. Para a reestruturação do PE no cenário onde se deu a experiência relatada, partiu-se da constatação de problemáticas oriundas da prática, como a desarticulação entre suas etapas; pouca evidência de suporte teórico; utilização simultânea de documentos impressos/prontuário eletrônico; baixa compreensão acerca da importância do PE. Assim, acredita-se que aprimorar o PE pode melhorar a assistência aos usuários, formar sujeitos comprometidos com o trabalho/recursos no Sistema Único de Saúde (SUS), o que contextualiza e justifica a realização deste estudo.
Descrição da Experiência Relato de experiência derivado das ações em um hospital de ensino integrante do SUS, localizado em Salvador, Bahia. Atende um perfil de pacientes nos níveis secundário e terciário de Atenção à Saúde, provenientes de toda a Bahia. Conta com cerca de 1.200 profissionais de enfermagem, que representam 66% dos trabalhadores da organização. A experiência relatada emergiu da necessidade de reestruturar do PE, já implantado na instituição, com a finalidade de atualizar e articular melhor suas etapas, adequar-se ao sistema de prontuário eletrônico, atualizar os instrumentos utilizados e promover a qualificação da equipe de enfermagem para uma melhor compreensão do PE. Para tanto, buscou-se aproximação ensino-serviço pelo assessoramento de docentes com experiência na área e as atividades são fundamentas na compreensão da realidade concreta do trabalho para identificar fragilidades e possibilidades de aprimoramento. Foi constituído um Grupo de Trabalho (GT), formalizado por meio de portaria interna, composto por profissionais de enfermagem de nível técnico e superior, representando diversas unidades do serviço. Este grupo se reúne mensalmente para discutir e implementar melhorias no PE. Para esta relatoria, extraiu-se informações das notas de campo realizadas pela coordenação do GT, sendo submetidas à Análise Narrativa e interpretadas segundo o referencial normativo da PNEPS e do PE.
Objetivo e período de Realização Relatar a experiência da reestruturação do Processo de Enfermagem em um hospital público de ensino situado em Salvador, Bahia, a partir dos princípios da Educação Permanente em Saúde. A experiência relatada ocorreu no período de agosto de 2022 a maio de 2024.
Resultados A experiência da reestruturação baseou-se na análise situacional; levantamento de problemas; articulação de integração ensino/serviço; planejamento estratégico; institucionacionalização e operacionalização de ações programáticas e estratégicas. Realizou-se um diagnóstico detalhado da aplicação das etapas do PE, permitindo identificar problemas (desarticulação/incompletude/fragilidades, ausência de marco teórico orientador); elaboração/aplicação de instrumentos/metodologias de gestão e formação de recursos humanos em Saúde/Enfermagem; operacionalização do GT e de um conjunto de ações: definição da Teoria de Enfermagem para orientar a reestruturação do Processo/Modelo Assistencial; adequação do instrumento da Avaliação de Enfermagem; mapeamento dos Diagnósticos de Enfermagem mais frequentes e verificação da coerência com os cuidados prescritos; proposição de modelo de registro da Evolução de Enfermagem; migração dos impressos para prontuário eletrônico; elaboração de manual orientativo sobre o PE; atualização do prontuário eletrônico; realização de rodas de conversa com a equipe sobre o PE, estando prevista a expansão da formação de demais trabalhadores de enfermagem do hospital.
Aprendizado e Análise Crítica Destaca-se que a experiência relatada da reestruturação do PE em um hospital, baseada nos princípios da educação permanente em saúde, tem sido exitosa, sobretudo pelo maior engajamento dos trabalhadores a partir da compreensão da necessidade de mudança e do aprendizado significativo. Com isso, aproxima-se dos fundamentos da educação permanente na medida em que os movimentos de mudança partiram da problematização da realidade concreta, da discussão e da busca por soluções alinhadas com o trabalho vivo. Acredita-se que a forma como a experiência relatada vem sendo conduzida tem potencial para contribuir para o aprimoramento do processo de trabalho na medida em que pode ultrapassar os limites do campo da enfermagem e reverberar na qualidade da assistência prestada aos usuários no âmbito do SUS. Além disso, em conformidade com a Resolução 736/2024 do COFEN, com as bases da educação permanente e com os princípios do SUS, a experiência pode ser replicada em todos os níveis de atenção à saúde onde haja assistência de enfermagem. O envolvimento dos trabalhadores no processo tem sido um fator crucial para o andamento das atividades no GT na medida em que há reconhecimento da necessidade de mudanças no PE e implicação de todos nesse processo.
Referências ALFARO-LEFEVRE, R. Aplicação do Processo de Enfermagem: fundamentos para o raciocínio clínico. Porto Alegre: Artmed, 2024. 8.ed.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN Nº 736 de 17 de janeiro de 2024.
HORTA, W. Processo de enfermagem. São Paulo (SP): EPU, 1979.
LEMOS, C. L. S.. Educação Permanente em Saúde no Brasil: educação ou gerenciamento permanente?. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 3, p. 913–922, mar. 2016.
TANNURE, M.C.; PINHEIRO, A.M. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem. Guia prático. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 2.ed.
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