51262 - IMPACTO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES EM SAÚDE MENTAL NOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE JULIA DA SILVA RIBEIRO - UFC, MARIA VICTÓRIA MENDONÇA VIRGINIO - UFC, LUIS LOPES SOMBRA NETO - UFC, RAQUEL MENDES CELEDONIO - UFC, ANDREA CAVALCANTE MACEDO - UFC, EUGÊNIO DE MOURA CAMPOS - UFC
Apresentação/Introdução De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos mentais, neurológicos e por uso de álcool e outras drogas têm elevada prevalência e são grandes fontes de sofrimento e incapacidade em todo o mundo. Entretanto, o Atlas da Saúde Mental, lançado em 2020, indica que o continente americano tem uma média de 15 especialistas atuantes em saúde mental para cada 100.000 habitantes. Para superar a lacuna entre a grande demanda e os recursos disponíveis, a OMS lançou o Programa de Ação para reduzir as Lacunas de Cuidado em Saúde Mental (mhGAP) e estruturou o curso Training of Health Professionals (ToPH). Este tem o objetivo de usar metodologias ativas para treinar profissionais não especialistas a intervir com prevenção, identificação, avaliação, manejo e acompanhamento de pessoas com transtornos mentais. O Manual de Intervenções mhGAP, um instrumento técnico para orientar o manejo integrado, foi lançado em 2010 e, desde então, implementado em mais de 90 países e traduzido para mais de 20 idiomas. No Brasil, o Ceará se tornou um dos estados com maior abrangência desse treinamento.
Objetivos Analisar impacto de capacitação em saúde mental para profissionais de saúde não-especialistas no desenvolvimento de competências profissionais para atendimento dos usuários com transtornos mentais.
Metodologia O projeto foi iniciado em 2022, seguindo as recomendações do ToPH e, desde então, foram realizadas 6 oficinas, cada uma com a duração de 20 horas. Foram utilizadas metodologias ativas como simulações realistas, discussão de casos clínicos, exposição de vídeos e brainstorming. As oficinas abordaram os módulos do mhGAP, entre eles: cuidados e práticas essenciais, depressão, autoagressão/suicídio, psicose e outras queixas importantes em saúde mental . A ação foi organizada em parceria entre Secretaria Municipal de Saúde e Serviço de Saúde Mental de Hospital Universitário. Aplicou-se instrumento pré-teste no primeiro dia de curso e pós-teste no último dia sobre autoavaliação de competências profissionais para manejo, avaliação e seguimento de pacientes com transtornos mentais. Os dados quantitativos a partir dos formulários foram analisados estatisticamente através do software Statistical Package for Social Sciences, version 26.0. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com parecer nº 6.222.170.
Resultados e Discussão Dentre o total de 360 profissionais inscritos nas oficinas, 91 participaram da pesquisa. 56% deles (n=51) afirmou não ter realizado formação prévia em saúde mental. A maioria tinha como local de atuação a Atenção primária (84%,). Os participantes eram das seguintes categorias profissionais: médicos (42,8%), enfermeiros (38,5%), psicólogos (9,9%), assistentes sociais (3,3%), fisioterapeuta (1,1%), terapeuta ocupacional (1,1%), profissional de educação física (1,1%), nutricionista (1,1%) e outro (1,1%). Todas as habilidades profissionais analisadas sobre avaliação, manejo e seguimento em saúde mental apresentaram diferença estatisticamente comprovada na comparação entre o pré-teste e a avaliação após as oficinas (p<0,001). A educação permanente dos profissionais permite o cumprimento do direito dos usuários de atendimentos qualificados no Sistema Único de Saúde. O modelo de formação adotado no presente estudo destaca como principais estratégias comprovadamente efetiva e viável para melhoria dos cuidados em saúde mental, nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a formação profissional e a integração entre a Atenção Primária à Saúde e a equipe da atenção especializada.
Conclusões/Considerações finais Compreende-se a relevância da educação permanente dos profissionais de saúde para qualificação dos cuidados aos usuários. O presente estudo comprova esse componente formativo na área da saúde mental, demonstrando a efetividade no desenvolvimento de habilidades autorreferidas pelos profissionais.
Referências TAVARES ALB et al. Treinando instrutores para o uso do Manual de Intervenção Mental Health GAP (MI-mhGAP) no Ceará Brasil. Diálogos Interdisciplinares em Psiquiatria e Saúde Mental. v. 2, n. 1, p. 60-70, 2023.
ROTOLI, A. et al. Saúde mental na atenção primária: desafios para a resolutividade das ações. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, mar. 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION.MI-mhGAP Manual de Intervenções para transtornos mentais, neurológicos e por uso de álcool e outras drogas na rede de atenção básica à saúde. Versão 2.0. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mental health atlas 2020. Geneva: World Health Organization; 2021.
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