04/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC8.1 - A práxis da educação permanente |
50920 - EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DAIANA DE JESUS MOREIRA - UFC, LUIS LOPES SOMBRA NETO - UFC, EUGÊNIO DE MOURA CAMPOS - UFC, ANA KARLA BATISTA BEZERRA ZANELLA - CAPS GERAL-SMS FORTALEZA, FRANCISCO PAIVA FILHO - CAPS GERAL-SMS FORTALEZA, ROSELEIA CARNEIRO DOS SANTOS - CAPS GERAL-SMS FORTALEZA, ANA KRYSHNA DA SILVA LIMA - UFC
Introdução e Contextualização Os agentes comunitários de saúde (ACS) constituem-se como mediadores entre a população e a Atenção Primária à Saúde (APS), pois compartilham a mesma realidade local. A APS é um dos eixos estruturantes do SUS que possibilita o primeiro acesso das pessoas a este sistema, inclusive dos usuários com demandas em saúde mental.
Apesar da importância e frequência das demandas relativas ao sofrimento psíquico, a realização de práticas em saúde mental na APS ocasiona insegurança nos trabalhadores de saúde. A qualidade das intervenções das equipes em seus territórios pode ser aprimorada por meio de processos de educação permanente, sendo esta, decisiva para a concretização das políticas de saúde.
Diante do exposto e das fragilidades observadas durante os encontros de matriciamento das dificuldades relatadas pelos ACS quanto à formação nesta temática e às dificuldades no manejo das situações envolvendo as pessoas em sofrimento psíquico e suas famílias, percebemos a necessidade de elaborar estratégias para melhor qualificar as ações nesse âmbito, tendo em vista ser umas das atribuições da equipe matriciadora a execução do processo de educação continuada.
Este projeto pretende ser um espaço teórico-prático e vivencial a partir de temas dos processos de trabalho na APS e assim contribuir para a consolidação das atribuições e ações do ACS na equipe de saúde, melhorando a qualidade do cuidado.
Objetivo para confecção do produto Descrever o projeto de intervenção de educação permanente em saúde mental para agentes comunitários de uma região de saúde em Fortaleza-CE visando estimular o desenvolvimento de competências e habilidades para o cuidado em saúde mental e fortalecer a articulação entre saúde mental e APS
Metodologia e processo de produção Este projeto foi elaborado por profissionais do CAPS da Regional 3 de Fortaleza-CE e residência de psiquiatria do Hospital Universitário Walter Cantídio para os ACS das 19 unidades de atenção primária do nosso território de abrangência. Dividiu-se em ETAPA 1: oficinas com carga horária de 20h facilitadas pela equipe proponente, nos temas: Princípios da reforma psiquiátrica, Política Nacional de Saúde Mental, a Lei 10.216/2001; Saúde, sofrimento psíquico e transtornos mentais; O uso de álcool e outras drogas e a Política de redução de danos no campo da ABS; Abordagem às situações envolvendo suicídio; Noções gerais sobre medicamentos utilizados para transtornos mentais. Cuidado na Atenção Psicossocial e na rede socioassistencial; Projeto terapêutico singular; Atenção Psicossocial e a prática do ACS: potencialização e trabalho compartilhado; Apoio Matricial como arranjo organizacional e de articulação da atenção básica com a atenção psicossocial; ETAPA 2: encontros mensais de 2h desenvolvidos pelos profissionais do CAPS de orientação e acompanhamento dos processos de trabalho em saúde mental dos ACS. Usamos metodologias ativas e aplicação de questionário prévio e pós aplicação do curso
Resultados Participaram cerca de 400 ACS ade 2022 a 2024. Em cada encontro, participava 2 ou 3 unidades de saúde, de acordo com a quantidade de equipes que compunha cada uma. No questionário aplicado no início do curso vimos que a principal atividade que os ACS desenvolviam e consideravam de saúde mental era visita a pacientes com transtornos mentais, poucos ACS já haviam participado de encontros de matriciamento, alguns não sabiam que podiam participar e outros diziam não ser informados sobre a ocorrência destes encontros e a maioria não se sentia capacitada para lidar com pacientes com transtorno mental e suas famílias, apesar da alta quantidade desse público em suas áreas. Houve boa adesão, interesse nas temáticas do curso e participação nas atividades propostas. Nos encontros de orientação e acompanhamento dos processos de trabalho dos ACS, estes levavam casos atendidos no território para pensarmos juntos estratégias de cuidado e percebemos que as demandas eram parecidas nas diversas unidades de saúde, de crianças a idosos, com transtornos leves a graves, o que mostra a magnitude de pessoas em sofrimento psíquico nos territórios e o comprometimento destes trabalhadores em ofertar um cuidado de qualidade, dentro de suas possibilidades de atuação. Além disso, houve um aumento na participação de acs nos encontros de matriciamento nas unidades de saúde após a realização do curso.
Análise crítica e impactos sociais do produto Conclui-se que ações de intervenção como a descrita acima que visam qualificar os ACS no cuidado em saúde mental, temática que gera grande insegurança no cotidiano de trabalho desses profissionais, são de extrema importância para que consiga atingir uma eficácia de suporte ao tratamento e melhora do quadro do paciente em situação de sofrimento mental, tendo em vista que esses trabalhadores são uma porção fundamental para o andamento de estratégias de saúde no contexto da APS. Identificar lacunas na formação dos ACS referentes aos temas em saúde mental. Notamos que o curso favoreceu a integração dos ACS no cuidado em saúde mental, potencializando o trabalho compartilhado destes com os demais profissionais da equipe de saúde da atenção primária e da atenção psicossocial. A proposta integradora visou também transformar a lógica tradicional dos sistemas de saúde: encaminhamentos, referências e contrarreferências. Os efeitos burocráticos e pouco dinâmicos dessa lógica tradicional puderam ser atenuados por ações horizontais que integram os componentes e seus saberes nos diferentes níveis assistenciais, haja vista o processo de saúde-enfermidade-intervenção não é monopólio nem ferramenta exclusiva de nenhuma especialidade, pertencendo a todo
o campo da saúde.
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Política Nacional de Atenção Básica 2017. Portaria No 2.436, de 21 de setembro de 2017. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Saúde Mental. Número 34. Brasília: Ministério da Saúde. 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Diretrizes para Capacitação de Agentes Comunitários de Saúde em Linhas de Cuidado. Brasília: Ministério da Saúde. 2016.
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