49377 - CONSTRUÇÃO DO MAPA DO MERCADO SIMBÓLICO NO CURSO PARA APOIADORES INSTITUCIONAIS EM EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO CEARÁ EDUARDO TEODÓSIO DE QUADROS - ESP CE, ANA PAULA CAVALCANTE RAMALHO BRILHANTE - ESP CE, ANAIR HOLANDA CAVALCANTE - ESP CE, EDGLESY CARNEIRO AGUIAR - ESP CE
Contextualização A Rede Saúde Escola (RESE) é um dos componentes da Política Estadual de Educação Permanente em Saúde, com objetivo de transformar os serviços sanitários, órgãos de gestão e participação social do SUS em espaços de formação profissional (CEARÁ, 2023). Visando instituir o RESE, em 2021 iniciou-se a implantação de Núcleos Regionais e Municipais de Educação Permanente em Saúde (EPS). Em 2024, foram selecionados Apoiadores Institucionais (AI) em EPS para as regiões de saúde, com a oferta de uma formação que incluiu o Modelo do Mercado Simbólico para Comunicação em Saúde (ARAÚJO, 2004), no qual os sentidos sociais que se manifestam por meio de discursos, são bens simbólicos que são apropriados ou consumidos. O sentido produzido é considerado como uma mercadoria a ser negociada por Comunidades Discursivas (CD) e conformam Redes por onde circulam os Sentidos Sociais através dos Espaços de Interlocução de pessoas em determinados contextos. Faz sentido numa perspectiva analítica que considere as políticas públicas como espaço de confrontos sociais, que se dão pela via discursiva. Para auxiliar sua compreensão foi desenvolvido o mapeamento da rede de produção dos sentidos, que tem como produto um mapa da comunicação que permite identificar as fontes, os discursos e os fluxos de comunicação. Considera as dinâmicas de poder, as relações de confiança e os processos de negociação.
Descrição da Experiência Durante o Curso de EPS para Apoiadores Institucionais (AI), em sua Unidade VI “Percepção crítica e simbólica das forças que atuam no território e influenciam nas Políticas Públicas: Educação Popular em Saúde e Comunicação em Saúde” foram trabalhados os Objetivos de Aprendizagem: Conhecer os Princípios da Educação Popular em Saúde e da Comunicação em Saúde a partir do Modelo do Mercado Simbólico; Compreender as relações democráticas no território a partir do mapeamento dos fluxos discursivos, da comunicação, do poder e dos afetos; Construir e aplicar o Mapa do Mercado Simbólico (MMS), a partir de um olhar crítico e estratégico, percebendo como ocorrem as relações de poder simbólico, que atuam no território. Os mesmos foram abordados a partir de Roda de Conversa, Exposição Dialogada Interativa e no exercício de construção do MMS. Para a realização do mapa, a proposta era de se fazer a leitura de um dos territórios de atuação, mas o grupo decidiu colocar como centro o RESE e os Apoiadores. Assim, debateram sobre os fluxos de comunicação e as relações de poder e interlocução, colocando em quadrantes as instituições de governo, ensino e sociedade, relacionando-as em espaços e cores distintas. Em seguida traçaram setas com pontas duplas ou únicas e mais fortes ou fracas, destacando neste fluxo de comunicação o quanto era maior ou menor a influência sobre a atuação dos Apoiadores.
Objetivo e período de Realização Construir e aplicar o Mapa do Mercado Simbólico (MMS), a partir de um olhar crítico e estratégico, percebendo como ocorrem as relações de poder simbólico, que atuam no território.
Curso para Apoiador Institucional em Educação Permanente em Saúde: 13 a 17 de maio de 2024
Resultados Foi construído e apresentado o MMS tendo ao centro a RESE e os AI. Relacionaram então as CD que conformam as redes de produção de sentidos dividindo a cartolina em quadrantes, colocando no quadrante direito abaixo conselhos, lideranças e comunidades, mais ao centro os cenários de práticas (UBS, Hospitais e Policlínicas). Acima, puseram as secretarias municipais e estadual de saúde, o Ministério da Saúde, os NUMEPS (Núcleos Municipais de EPS) e a Coordenadoria de Políticas de Educação Trabalho e Pesquisa em Saúde (COEPS/SESA). Ao centro a ESP, as CIES e Residências interligadas entre si e com a RESE. No quadrante esquerdo acima, escolheram trazer as SRS (Superintendências Regionais de Saúde), COADS (Coordenadoria da Área Descentralizada de Saúde), os NUREPS (Núcleos Regionais de EPS). Abaixo trouxeram as CIES (Comissões Permanentes de Integração de Ensino-Serviço), CIR (Comissões Intergestores Regionais), CGETS (Coordenadoria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde), CIB (Comissão Intergestores Bipartite). Ao final, o grupo pode ter uma visão mais realista dos processos de interlocução que influenciam suas práticas, fundamental para suas atividades de articulação no território.
Aprendizado e Análise Crítica A realização do MMS por parte dos Apoiadores Institucionais foi interessante para compreender a visão dos mesmos em relação às principais CD que conformam sua rede de produção de sentido, as relações de poder que se dá entre elas e destas com a RESE. O processo de fazer o MMS permitiu um olhar crítico sobre suas realidades. Compreendendo que foi a primeira vez que fizeram tal mapeamento, algumas percepções poderiam estar melhor identificadas, como por exemplo, terem colocado a RESE e os Apoiadores separados, e não como fazendo parte de uma mesma CD. Mesmo assim, ficou notório uma visão apurada de como as CD se interagem e atuam direta ou indiretamente com a RESE e os AI. Foi significativo quando eles próprios, durante o retorno da leitura do MMS por parte do facilitador, notaram vários pontos que poderiam ser melhorados e já observaram possíveis estratégias de atuação em seus territórios. Foi potente também terem essa percepção relacionando-a com o que foi visto durante o curso, já que esta foi a última atividade do mesmo, por exemplo, com as abordagens sobre o Papel dos AI e sobre o Método Paideia para Co-gestão de Coletivos. Necessário ressaltar que apesar da carga horária não permitir o aprofundamento da temática, foi suficiente para que fizessem um mapeamento de suas realidades como AI em EPS, apontando para o fortalecimento da política nas regiões de saúde.
Referências ARAÚJO, I.S. Mercado simbólico: um modelo de comunicação para políticas públicas. Interface, v.8, n.14, p.165-178, set/fev 2004.
ARAÚJO, I. Cartografia da comunicação em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz/CICT/DCS, s/d. Disponível em: http://www.icml9.org/program/track3/public/documents/Inesita%20Araujo-113934.pdf Acessado em 22 de maio de 2024
CEARÁ. Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues. Relatório anual do Projeto Rede Saúde Escola (RESE). Fortaleza, 2023.
QUADROS, E. T. Curso Técnico em Vigilância em Saúde: Módulo Específico I: Guia do Facilitador: Unidade Didática 7: Educação e Comunicação em Saúde. Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2013.
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