53477 - CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO NARRATIVA CARLA BARBOSA BRANDÃO - UECE, CIDIANNA EMANUELLY MELO DO NASCIMENTO - UECE, JOÃO HENRIQUE CORDEIRO - UECE, JOSÉ JACKSON COELHO SAMAPAIO - UECE, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UECE
Apresentação/Introdução Os problemas de saúde mental têm elevada e crescente prevalência mundialmente e há uma lacuna para o cuidado de pessoas acometidas por transtornos mentais (WHO, 2022). Neste contexto a Educação em Saúde é fundamental à promoção de saúde e tem evoluído de um modelo informativo, unilateral, bancário para um modelo dialógico, que deve ser permanente, comunitário e emancipatório, fomentando o desenvolvimento do indivíduo em todas as suas dimensões (FEIO, 2015). A educação em saúde mental tem potencial papel para a promoção de saúde mental, e no combate ao estigma contra pessoas que sofrem com transtornos mentais. Assim, as ações podem ser direcionadas à promoção do autocuidado, à construção de autonomia, à defesa de direitos e ao exercício da cidadania, nos processos de reapropriação dos espaços da cidade no contexto da atenção psicossocial territorial. Reconhece-se que a construção da Rede de Atenção Psicossocial requer a (re)significação dos saberes sobre o processo saúde-doença mental (Guimarães; Sampaio, 2016; Sampaio; Guimarães; Abreu, 2019). Desse modo, abrem-se múltiplas possibilidades de implementação de educação em saúde mental. Porém ainda parece escassa a produção científica sobre os saberes subjacentes às práticas de educação em saúde mental no cenário brasileiro. Assim, o presente estudo pretende mapear a produção científica brasileira sobre educação em saúde mental.
Objetivos Mapear e sumarizar a literatura relevante e atualizada acerca do tema educação em saúde mental no contexto brasileiro.
Metodologia Trata-se de uma revisão narrativa de literatura sobre a produção científica brasileira a respeito do tema educação em saúde mental. Buscou-se responder à seguinte questão norteadora: Que conhecimentos e práticas de educação em saúde mental têm sido produzidos no Brasil? Realizou-se a busca nas bases de dados Medline, LILACS e BDENF durante o mês de dezembro de 2023 com os seguintes descritores: “educação em saúde” e “saúde mental”. Após a busca nas bases e eliminação das duplicatas, realizou-se um screening primário por meio da leitura dos títulos e resumos, seguido de screening secundário com a análise dos textos completos para selecionar os artigos que compuseram a revisão. O critério de inclusão para os artigos foi versar sobre o tema educação em saúde mental, publicados em língua portuguesa ou inglesa, com textos completos disponíveis, sem restrições para público-alvo ou data de publicação. Os critérios de exclusão foram publicações não revisadas por pares e a utilização inapropriada do termo educação em saúde para referir-se a ações de educação na saúde, educação para a saúde ou educação continuada.
Resultados e Discussão Mapearam-se 67 referências, das quais 22 foram selecionadas para compor a revisão. A maioria das pesquisas mapeadas descreveu práticas de educação em saúde dialógicas, com uso de metodologias ativas e centradas na promoção de saúde, como como encenações, dinâmicas, grupos vivenciais, rodas de conversa e chats. A sala de espera foi apontada como a principal estratégia de educação em saúde mental na atenção primária, sendo utilizadas metodologias ativas como encenações teatrais, dinâmicas e rodas de conversa promovidas por discentes do PET e realizada por psicólogos da residência multiprofissional, que enfrentam as barreiras associadas ao modelo biomédico ainda persistente, as quais os impeliam a priorizar os atendimentos individuais a despeito de ações voltadas para a promoção de saúde mental. Populações específicas surgiram como foco de atividades de educação em saúde mental, destacadamente idosos. Para estes as ações promovidas pela enfermagem implicaram em redução de sintomas depressivos, bem como na promoção de socialização e melhora do autocuidado. A pandemia da Covid-19 acentuou os problemas de saúde mental já existentes. Neste período, a partir de uma cooperação entre pesquisadores brasileiros e argentinos, desenvolveu-se um protocolo para atendimento virtual, via aplicativo de mensagens, para pessoas com 18 anos ou mais, lidando com sofrimento psicológico geral. Em menos de dois meses, houve mais de mil sessões de chat e pessoas foram avaliadas e encaminhadas para serviços sociais e de saúde. A educação em saúde mental estava inclusa no protocolo de atendimento. Apesar da abrangência desta iniciativa, não há avaliação referente a sua efetividade e viabilidade em larga escala.
Conclusões/Considerações finais A despeito do cuidado em saúde mental demandar atenção interprofissional, destaca-se a escassez de pesquisas sobre ações de educação em saúde mental como esta abordagem. Espera-se que, com a recente curricularização da extensão universitária, todos os cursos da área da saúde, além da enfermagem, possam ter uma maior aproximação com o tema. Populações específicas tem diferentes necessidades de saúde e os problemas de saúde mental devem estar na agenda de promoção de saúde e de prevenção secundária e a psicoeducação mostra-se uma potente ferramenta para este fim. Fomentar a implementação de ações continuadas de educação em saúde mental é uma potente estratégia de promoção de saúde e deve ser foco do planejamento de políticas públicas, dada a prevalência elevada e crescente dos problemas de saúde mental. Para tanto deve haver incentivo para a pesquisa nesta área, visando à construção de conhecimento científico de qualidade que possa alicerçar este processo.
Referências
Andrade, B. P. de, Souza, R. A. G. de, Silva, H. E. O. da, Silva, M. V. R. da, Costa, C. de A., & Silva, K. V. L. G. da. (2023). Promoção da saúde mental entre universitários: Relato de experiência. Rev. Enferm. Atual In Derme, 97(1), 1–10. BDENF. https://doi.org/10.31011/reaid-2023-v.97-n.1-art.1428; Cotta, E. M. (2010). Oficina Bem Viver: Construção de tecnologias e significados de educação em saúde na área da saúde mental. SMAD, Rev. eletrônica saúde mental alcool drog, 6(spe), 471–492. INDEXPSI; Sampaio, J. J., Guimarães, J. M., & Abreu, L. M. (2010). Supervisão clínico-institucional e a organização da atenção psicossocial no Ceará. São Paulo: Hucitec; Teixeira, L. A., Freitas, R. J. M. de, Moura, N. A. de, & Monteiro, A. R. M. (2020).; World Health Organization. World mental health report. Transforming mental health for all. 2022.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio.
|