52917 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE: RELATO DE UM PROJETO NO SUL DO BRASIL KELLY HOLANDA PREZOTTO - UNICENTRO, IRIA BARBARA DE OLIVEIRA KRULIKOWSK - UNICENTRO, RAPHAELLA ROSA HORST MASSUQUETO - UNICENTRO, RAFAEL BRANDÃO DA SILVA - UNICENTRO, CRISTIANO ROSSONI - INSTITUTO ROSSONI, TAYNÁ TRASPADINI STEIN - UNICENTRO, DIANA KLOSTER - UNICENTRO, LARISSA ZEMOLIN CAPRA - UNICENTRO, ALESSANDRO ROLIM SCHOLZE - UENP, MARIA REGIANE TRINCAUS - UNICENTRO
Contextualização As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) constituem um conjunto de abordagens que têm visão abrangente do ser humano considerando-o em seus vários aspectos: físico, psíquico, emocional e social. Possuem como objetivo a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, por meio de uma escuta acolhedora, do desenvolvimento do vínculo e da integração da pessoa com o ambiente que o rodeia (BRASIL, 2018).
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde elaborou um documento com o objetivo de ampliar o acesso as PICS e garantir a segurança na sua utilização a partir de evidências científicas (OMS, 2002). No Brasil, a Política das PICS foi implantada no ano de 2006 com portarias complementares publicadas posteriormente (BRASIL, 2006). Fazem parte do conjunto de terapias reconhecidas no país, 29 práticas.
No entanto observa-se que as PICS são oferecidas de forma tímida nos serviços de saúde no país, mesmo com a comprovação dos resultados positivos para os usuários e para os serviços que aderiram à sua utilização (RUELA et al., 2019).
Neste sentido, a inserção das PICS no ambiente universitário, por meio de projetos de extensão, visa contribuir para o conhecimento dos futuros profissionais de saúde, acerca dos benefícios das PICS para a população, além de realizar atendimentos para a população.
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência do projeto de extensão universitário "Ambulatório de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Unicentro", no município de Guarapuava, Paraná. A equipe, composta por quatro professores e dez alunos, construiu um instrumento de avaliação e conduta em PICS e organizou os agendamentos. Foram atendidos os usuários do SUS do Projeto Órtese e Prótese e do Projeto Feridas, além de alunos, servidores da Unicentro e público externo conforme os agendamentos. As consultas/atendimentos foram realizados na Clínica de Órtese e Prótese e na Unidade Escola de Enfermagem. Também foram realizados atendimentos em eventos da universidade. As principais PICS realizadas foram auriculopuntura e Reiki. Além dos atendimentos, a equipe executora promoveu cursos de capacitação para os discentes durante o projeto. Para discutir o tema das PICS, a equipe do projeto coordenou uma mesa-redonda na Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE-2023), com a presença de diversos profissionais da área, voltada para estudantes da área da saúde.
Objetivo e período de Realização Os objetivos foram: realizar atendimentos de práticas integrativas e complementares em saúde para o bem-estar, promoção e recuperação da saúde da população usuária do SUS, alunos e servidores de uma universidade pública; aumentar o acesso da população às PICS; e fortalecer a experiência acadêmica no âmbito das PICS para reforçar a sua implantação nas redes de atenção à saúde.
O projeto de extensão foi realizado no período de 1º de dezembro de 2021 a 30 de novembro de 2023.
Resultados As principais queixas dos usuários foram dor e ansiedade. Todas as pessoas atendidas pelo projeto relataram que nunca haviam realizado práticas integrativas e complementares em saúde nas unidades básicas de saúde de referência, assim como seus familiares. Também nunca realizaram essas práticas em outros locais, com exceção da utilização de plantas medicinais nos domicílios, porém, sem nenhum apoio ou orientação da equipe de saúde.
Foi constatado que 100% dos pacientes abordados pelo projeto não possuíam conhecimento sobre a definição ou objetivos das práticas integrativas e complementares em saúde. Após a abordagem, os pacientes foram orientados em relação às práticas integrativas e complementares em saúde e informados sobre seus benefícios para a saúde humana.
Não houve constatação de conhecimento sobre a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Foi ressaltado para todos os participantes que as práticas integrativas têm o objetivo de promover a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, por meio de uma escuta acolhedora, do desenvolvimento do vínculo e da integração da pessoa com o ambiente que a rodeia.
Aprendizado e Análise Crítica Mesmo com evidências e recomendações da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde, muitos usuários dos serviços públicos de saúde ainda desconhecem as práticas integrativas e complementares em saúde e poucos são os locais que proporcionam as PICS para a população. Projetos de extensão de universidades sobre práticas integrativas e complementares podem proporcionar esse conhecimento aos usuários e futuros profissionais da saúde, além de auxiliar nas dimensões física, mental, social e espiritual dos indivíduos, por meio dos atendimentos.
O ambulatório de PICS da Unicentro contribuiu na integração da Universidade, serviço de saúde e população principalmente por meio do aumento do acesso às abordagens integrativas e complementares, mas é necessário que políticas nacionais, estaduais e municipais incentivem a implantação desses atendimentos na comunidade.
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 702, de 21 de março de 2018. Altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC. Diário Oficial da União 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília: MS; 2006.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Traditional Medicine Strategy 2002 – 2005. Geneva: WHO; 2002.
RUELA, L.O., et al. Implementação, acesso e uso das práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde: revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 11, p. 4239-4250, 2019.
Fonte(s) de financiamento: Agradecemos à Fundação Araucária por contribuir com a divulgação do trabalho.
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