52561 - PROJETO DE EXTENSÃO “BEM VIVER”: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA KETLIN TUANI DA LUZ KUHNEN - UNIDAVI, KATIA GONÇALVES DOS SANTOS - UNIDAVI, MÔNICA MACHADO CUNHA E MELLO - UNIDAVI
Contextualização De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 703 mil pessoas, cometem suicídio por ano, sendo este o motivo responsável por 1,3% das mortes no mundo. Já de acordo com Sebastião (2024), dados indicam que no Brasil, o comportamento suicida cresceu, consideravelmente, nos últimos 10 anos, em idades escolares e universitárias, se tornando cada vez mais, um grave problema de saúde pública no Brasil. Importante mencionar que, compreende-se comportamento suicida como um continuum, que inclui: pensamento suicida, ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio.
O Projeto de extensão “Bem Viver” foi idealizado e coordenado por uma professora da psicologia do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI) , com o intuito de prevenir e desmistificar o comportamento suicida, através de ações grupais no município de Rio do Sul (SC). É importante mencionar que a UNIDAVI tem grande inserção na comunidade do Alto Vale do Itajaí e é frequente a solicitação de palestras e intervenções em escolas. Os encontros aconteceram no Instituto Federal Catarinense (IFC) através de debates e rodas de conversas, que tiveram como objetivo, compreender as demandas geradoras de sofrimento emocional e os agentes estressores que poderiam estar vinculados com o comportamento suicida. Participaram do projeto estudantes dos cursos da saúde da UNIDAVI.
Descrição da Experiência O trabalho foi desenvolvido no IFC em Rio do Sul, onde, um professor da instituição, entrou em contato com a UNIDAVI para que o projeto fosse realizado nas turmas do ensino médio. Assim foram realizadas intervenções em cinco turmas do ensino médio.
No IFC, onde a ação foi realizada, é utilizado o método de internato no qual os alunos compartilham quartos. Assim, eles possuem menos privacidade, maior responsabilidade e menos contato com a família. O relato da experiência é de uma turma de ensino médio que está há menos tempo na instituição. Durante os encontros foi possível identificar que eles não estão habituados a estes encargos novos em suas vidas, o que gerou estresse e adoecimentos de saúde mental.
Foram efetuados dois encontros, com a turma do primeiro ano do ensino médio , no período de 15 dias, onde o primeiro foi usado para sondar as necessidades dos estudantes e o segundo, para abrir um meio de comunicação mais amplo, funcionando como um espaço de fala e escuta.
Através da discussão com os estudantes, foi possível observar que intervenções grupais em turmas grandes são desafiadoras, mas ao mesmo tempo, os tensionamentos das relações existentes no grupo se mostram evidentes. No que se refere à saúde mental dos adolescentes observou-se que é possível uma discussão em grupo grande, porém se faz necessário um grande período de intervenção.
Objetivo e período de Realização O principal objetivo do Projeto Bem-Viver, é atender a comunidade escolar do Alto Vale do Itajaí, levando para as instituições de ensino sobre o comportamento suicida e as formas de preveni-lo.
A experiência, desde formulação de planejamento grupal, estudo do ambiente escolar, programação dos encontros, ida a instituição e finalização de relatórios durou em média três meses. O primeiro encontro ocorreu no dia 01 de junho de 2023 e o segundo, no dia 15 de junho de 2023.
Resultados A turma era composta por 32 alunos com em média 15 anos. Foram realizados dois encontros nos quais eles estavam dispersos, não se envolvendo com a técnica proposta, essa que tinha como objetivo introduzir o tema da saúde mental e observar o quanto sabiam sobre a temática.
No primeiro encontro, foi pedido que comentassem sobre como estava sua saúde mental, muitos estudantes fizeram comentários como: “não me sinto acolhido”, “não consigo confiar na sala”, “me sinto sobrecarregado”. Foi possível ver que estas falas afetaram os alunos presentes, onde um debate se instaurou sobre o que sentiam sobre o grupo e sua relação.
No segundo encontro buscou-se, trazer essas questões para a sala, falar sobre o desrespeito e a forma como estavam se tratando, resultando em maior engajamento da turma. Neste encontro eles estavam menos dispersos, introspectivos, parecendo reflexivos e envolvidos no encontro grupal. Quando perceberam que suas ações afetavam o bem estar dos indivíduos da sala, se deram conta do impacto que possuem no outro.
As coordenadoras trouxeram dicas de como ser um bom suporte em momentos difíceis, explicaram aos alunos sobre a comunicação não violenta e o autoconhecimento.
Aprendizado e Análise Crítica O projeto desenvolvido mostrou que os alunos podem dialogar entre si sobre os conflitos intragrupais que podem afetar a saúde mental desses adolescentes. As escolas que se configuram como internatos, além de um trabalho formativo educacional, devem prever acompanhamento psicológico ou dinâmicas grupais para que questões que acontecem no grupo possam ser dirimidas no próprio contexto grupal. Fomentar as discussões no âmbito escolar acerca da saúde mental é trabalhar na corresponsabilização comunitária no combate ao suicídio entre jovens.
Os encontros realizados em uma turma do primeiro ano do ensino médio apontaram que a psicoeducação no contexto escolar para a saúde mental é importante para tratar de temas complexos como o suicídio. Porém, os alunos apontaram que, para realizar uma conversa sobre o tema, eles precisam se sentir à vontade com os demais colegas ou com o grupo no qual estão debatendo o assunto. Assim, essa experiência aponta para a complexidade de condução de grupos em temas sensíveis, uma vez que, nestes casos, para que haja interação e engajamento do grupo na discussão, é necessário que os participantes se sintam acolhidos e vinculados com os facilitadores e também com o grupo em si. Além disso, ficou explícito nessa experiência que o tema entre adolescentes é sensível, uma vez que estes apontam os colegas como possíveis disparadores de sofrimento da saúde mental.
Referências BOTEGA, Neury Jose. Crise Suicida: Avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
Fundação Oswaldo Cruz, Casa de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Mariana Sebastião. Estudo aponta que taxas de suicídio e autolesões aumentam no Brasil.
Fonte(s) de financiamento: Não há fontes de financiamento.
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