52326 - PET-SAÚDE E ATENÇÃO DOMICILIAR NO SUS: INTERFACES DO PROGRAMA MELHOR EM CASA
MYRNA MARIA ARCANJO FROTA BARROS - UFC, MARIANA RAMALHO DE FARIAS - UFC, PAULO HENRIQUE DIAS QUINDERÉ - UFC, MARIA SOCORRO DE ARAÚJO DIAS - UVA
Contextualização
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde 2022-2023) Gestão e Assistência tem como objetivo geral desenvolver competências para as ações de gestão das políticas de saúde e de assistência na abordagem integrada do cuidado às pessoas com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na Rede de Atenção à Saúde com enfoque na Promoção da Saúde, a partir de estratégias de formação em saúde e o desenvolvimento de práticas profissionais.
Assim, para que os profissionais de saúde tenham uma visão ampliada do processo saúde-doença e desenvolvam a capacidade de trabalhar em equipe, potencializando a resolutividade da assistência prestada, torna-se necessário ter uma abordagem interprofissional e interdisciplinar nas questões relacionadas com a saúde.
A Atenção Domiciliar é uma modalidade de atenção à saúde envolvendo ações em promoção de saúde, tratamentos, reabilitação e cuidados paliativos em domicílio, por meio de Redes de Atenção à Saúde (RAS). Essa modalidade tem se ampliado em resposta às mudanças epidemiológicas, demográficas e socioculturais, tanto no Brasil como no cenário internacional. Para tanto, a Atenção Domiciliar objetiva atender às novas necessidades, apostando no cuidado de alguns perfis de usuários que não são alcançados em outros espaços, bem como promover um maior bem-estar aos indivíduos e para reduzir as iniquidades em saúde.
Descrição da Experiência
O relato de experiência apresentado descreve as atividades realizadas pelo Grupo Tutorial 5 (GT5), que integra o PET-Saúde Gestão e Assistência da Universidade Federal do Ceará e Universidade Vale do Acaraú, com foco em vigilância e promoção da saúde, especialmente no rastreamento de doenças crônicas não transmissíveis, como neoplasias orais e condições envolvendo sofrimento psíquico.
O Grupo Tutorial 5 (GT5), no eixo da assistência, corresponde à Vigilância em Saúde e Promoção da Saúde; Atenção Domiciliar do SUS, o qual é composto por 2 tutores: 1 tutor coordenador do curso de Odontologia e 1 tutor do curso de Psicologia, ambos doutores; 2 preceptores: 1 Cirurgião Dentista e 1 Psicóloga, ambos atuantes em serviços de saúde de Sobral; 8 estudantes: 4 do curso de Odontologia e 4 do curso de Psicologia.
O grupo é formado por estudantes e professores dos cursos de odontologia e psicologia da Universidade Federal do Ceará/Campus Sobral, além de preceptores dos serviços de saúde. Diversas intervenções foram desenvolvidas como: avaliação, orientação de higiene bucal, exames preventivos de câncer de boca, entrega de kits de escovação e estratificação de risco em saúde mental dos cuidadores dos pacientes do Programa Melhor em Casa (PMC). Quando necessário, encaminham-se os pacientes para o cirurgião-dentista da Estratégia Saúde da Família.
Objetivo e período de Realização
O relato de experiência apresentado descreve as atividades realizadas pelo Grupo Tutorial 5 (GT5), que integra o PET-Saúde Gestão e Assistência, com foco em vigilância e promoção da saúde, especialmente no rastreamento de doenças crônicas não transmissíveis, como neoplasias orais e sofrimento psíquico. Foram realizadas visitas domiciliares a todos os pacientes do PMC no período de junho de 2022 a julho de 2023.
Resultados
Desse modo, foi efetuado o rastreamento de lesões orais nos pacientes atendidos pelo Programa Melhor em Casa (PMC) e realizada uma estratificação de risco para avaliar o nível de sofrimento psíquico dos cuidadores.
Foram atendidos 44 pacientes no PMC, os quais receberam visitas domiciliares dos estudantes dos cursos de Odontologia e Psicologia da UFC-Sobral. Destes, 4 pacientes faleceram, 3 receberam alta e 4 não aceitaram as visitas ao longo da vigência do projeto.
Apenas 1 paciente apresentou lesão oral, o mesmo tinha histórico de tabagismo, mas possuía uma condição de higiene bucal satisfatória assim como a maioria dos pacientes. Os resultados da escala de estratificação de risco de doença mental mostraram que 13 cuidadores apresentaram risco baixo, 24 cuidadores apresentaram risco médio e somente 2 apresentaram risco alto. Aos que apresentavam risco alto, foi realizado o encaminhamento para o CAPS II. Os demais eram acompanhados pela psicóloga do PMC.
A idade dos cuidadores variou entre 18 e 87 anos (Média=39,2 anos; desvio padrão=11,3), 87,18% dos entrevistados eram mulheres e somente 12,8% corresponderam a cuidadores homens.
Aprendizado e Análise Crítica
Foi possibilitado reflexões críticas e teóricas acerca do acompanhamento dos casos assistidos pelo programa, fomentando a discussão do projeto terapêutico singular dos pacientes e articulando ações para além do programa, de forma interprofissional e intersetorial.
Pacientes acamados enfrentam diariamente diversos desafios em relação à sua saúde, inclusive problemas dentários que podem afetar sua qualidade de vida, como cáries, doenças periodontais e infecções graves. A ausência de um profissional cirurgião dentista como membro da equipe de cuidados em pacientes do programa melhor em casa foi uma limitação que vivenciamos durante a atuação do projeto PET Saúde.
Observamos durante nossa vivência uma grande fragilidade no vínculo entre a equipe de saúde da família e o PMC, dificultando assim a garantia de acesso e manutenção de uma atenção integral à saúde. Para que esse cuidado seja eficaz, é necessário estreitar laços e trabalhar em equipe, assegurando um cuidado integral e personalizado, além de garantir a continuidade de tratamento e a melhoria da saúde dos pacientes.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4279_30_12_2010.html
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Caderno de Atenção Domiciliar: A segurança do hospital no conforto de seu lar. [Internet] Brasília, 2012. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/cad_vol1.pdf.
SPAGNOL, C. A. et al. Interprofissionalidade e interdisciplinaridade em saúde: reflexões sobre resistências a partir de conceitos da Análise Institucional. SAÚDE DEBATE, [S. l.], p. 185-195, Dez. 2022.
Fonte(s) de financiamento: Ministério da Saúde
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