06/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC4.23 - Rede de Vigilância em Saúde (2) |
54446 - SÍFILIS GESTACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA PROPOSTA DE MODELO DE VIGIL NCIA NA GESTÃO LOCAL PARA PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL REBECA DE ARAUJO DUARTE - SMS-RIO, YASMIN FRANCO FARINAZZO - SMS-RIO, CARLOS VICTOR FILHO - SMS-RIO, PAULA DE SOUZA CARNEIRO - SMS-RIO
Contextualização
A sífilis é a segunda principal causa de morte fetal evitável em todo o mundo, sendo considerado um evento sentinela para o monitoramento do acesso e da qualidade da atenção básica. Quando a sífilis é adquirida durante a gravidez, representa um risco a transmissão vertical e desenvolvimento de sífilis congênita. Dessa forma, o Brasil reafirma o esforço em ações de vigilância, prevenção e controle da transmissão vertical da sífilis considerando o compromisso da Agenda 2030 das Nações Unidas que indica 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e 169 metas distribuídas para erradicação da pobreza e promoção de vida digna para todos. Dentre essas metas, destaca-se a redução da incidência de sífilis congênita. A sífilis gestacional é um desafio significativo de saúde pública no Estado do Rio de Janeiro, visto que representa o segundo maior estado com casos notificados de sífilis gestacional nos últimos 5 anos, totalizando 42.669 notificações. Embora seja tratável, muitas gestantes não recebem tratamento adequado em tempo hábil, aumentando o risco de transmissão vertical. Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) como ordenadora do cuidado e principal porta de entrada dos SUS, desempenha papel importante na identificação e condução dos casos de sífilis.
Descrição da Experiência
Enquanto campo de residência, a coordenação de atenção primária oportuniza a inserção do residente na construção de intervenções assertivas no processo de cuidado sob supervisão. Este modelo de gestão participativa foi implementado após visitas institucionais que diagnosticaram as fragilidades no acompanhamento de gestantes com sífilis e contribuíram na construção desse modelo. As principais lacunas incluíam a falta de monitoramento regular do exame treponêmico, atrasos na administração de doses e a dificuldade na busca ativa de tratamento dos parceiros. Como abordagem, foi criado um sistema de alerta semanal para as unidades de saúde, facilitando o monitoramento do tratamento e assegurando a vigilância laboratorial contínua, considerando também o tratamento adequado do parceiro. A capacitação contínua dos profissionais de saúde foi promovida para garantir a adesão às melhores práticas no manejo da sífilis gestacional. Foram avaliadas 24 unidades de atenção primária através dos sistemas de informação municipais como prontuário eletrônico e SINAN Rio, contando com o auxílio de monitoramento interno do Núcleo de Assistência Farmacêutica. Etapas como a padronização das salas para execução dos testes rápidos de IST, a qualificação das rodadas de Avaliação Externa da Qualidade e o incentivo à oferta desses testes foram estratégias para a reorganização do processo de trabalho.
Objetivo e período de Realização
Este relato de experiência teve por objetivo implementar o processo de trabalho de monitoramento dos marcadores laboratoriais e tratamento adequado das gestantes no município do Rio de Janeiro. O período de implementação do modelo de gestão abrangeu de março de 2023 a abril de 2023.
Resultados
A implementação do modelo de gestão resultou em uma melhoria significativa no tratamento adequado das gestantes com sífilis. Os alertas semanais para as unidades de saúde em tempo oportuno facilitaram a busca ativa das usuárias reduzindo os atrasos na administração de doses de Benzilpenicilina, assim prevenindo a necessidade de retratamentos. Além disso, visando um acompanhamento adequado das gestantes, foi instituída a coleta de VDRL em tempo oportuno. Para garantir a execução correta deste procedimento, foi elaborado um Procedimento Operacional Padrão (POP) com orientações específicas para as unidades que prestam assistência às gestantes, detalhando os passos necessários para realizar a coleta de VDRL no momento adequado, assegurando um monitoramento eficaz. Quanto ao tratamento dos parceiros, mostrou-se promissor na redução das reinfecções. Como resultado, houve uma diminuição na taxa de sífilis congênita no território adscrito, alinhando-se com os objetivos da OMS para a saúde materno-infantil.
Aprendizado e Análise Crítica
A experiência destacou a importância de um modelo de gestão estruturado na APS. A busca ativa e os alertas semanais foram ferramentas eficazes, mas houve desafios, como resistência inicial e necessidade de capacitação contínua. A coleta e análise de dados foram essenciais para ajustar as estratégias, evidenciando a importância de sistemas de informação robustos na APS. O envolvimento dos parceiros no tratamento foi crucial para o sucesso do modelo, destacando a importância de uma abordagem holística.
Referências
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Transformando nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília, DF: Nações Unidas Brasil, 2015. Disponível em: https:// nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 5 maio 2024.
BEAMON, B. M.; BALCIK, B. Performance measurement in humanitarian relief chains. International Journal of Public Sector Management, v. 21, n. 1, p. 4-25, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis – DCCI Boletim epidemiológico de Sífilis 2020, Brasília, v. 1, n. 1, out. 2020. Disponível em: http:// www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/boletim-sifilis-2020. Acesso em: 6 mai. 2024
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