Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC4.23 - Rede de Vigilância em Saúde (2)

49747 - INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM DIFERENTES REGIÕES DO BRASIL: POLÍTICAS PÚBLICAS COMO ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO
LOURDES MARIA SILVA DE ASSIS - UFC


Apresentação/Introdução
O câncer de colo de útero é um grave problema de saúde pública no Brasil, sendo o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 17.010 novos casos da doença no triênio 2023-2025.

A incidência apresenta uma distribuição desigual entre as regiões do Brasil. As regiões Norte e Nordeste têm as taxas mais elevadas, com 20,48 e 17,59 casos por 100 mil mulheres, respectivamente. As regiões Sul e Sudeste apresentam as menores taxas, com 14,55 e 12,93 casos por 100 mil habitantes. Em 2021, a taxa de mortalidade no Brasil foi de 4,51 óbitos por 100 mil mulheres. A Região Norte registrou a maior taxa de mortalidade, com 9,07 mortes por 100 mil mulheres, sendo a principal causa de óbito por câncer feminino na região. As Regiões Sul e Sudeste tiveram as menores taxas, com 4,47/100 mil e 3,27/100 mil, respectivamente.

Essas disparidades refletem desigualdades socioeconômicas e de acessibilidade aos serviços de saúde, destacando a necessidade de políticas públicas efetivas para o controle do câncer de colo de útero. Este estudo visa analisar a incidência dessa neoplasia nas diferentes regiões do Brasil e discutir estratégias de prevenção e controle adotadas pelas políticas públicas de saúde.


Objetivos
O estudo tem como objetivo analisar a incidência do câncer de colo de útero nas diferentes regiões do Brasil, identificando disparidades regionais. Dessa forma, discutir os dados epidemiológicos para controle e prevenção da neoplasia, assim como a efetividade das estratégias adotadas na redução das taxas de incidência e propõe recomendações para fortalecer as ações de controle do câncer de colo de útero, considerando as especificidades regionais.

Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e analítico, baseado em dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A coleta de dados ocorreu via plataforma online do INCA, com informações sobre incidência e mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil para o triênio 2023-2025, incluindo estimativas de casos novos por região e unidade da federação, além de taxas de incidência ajustadas por idade.

Foram analisadas as políticas públicas de saúde para controle e prevenção do câncer de colo de útero, com foco na ampliação do acesso ao rastreamento e diagnóstico precoce. Os dados coletados foram organizados em planilhas eletrônicas e analisados por estatística descritiva, com cálculos de frequências absolutas e relativas, bem como medidas de tendência central e dispersão.

Para a discussão dos resultados, foram consultadas diretrizes e recomendações nacionais e internacionais sobre o controle do câncer de colo de útero, além de estudos científicos publicados em periódicos revisados por pares.


Resultados e Discussão
A análise dos dados revelou desafios significativos no acesso e realização do exame preventivo de Papanicolau no Brasil, apesar dos esforços das políticas públicas de saúde. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 81,3% das mulheres de 25 a 64 anos realizaram o exame nos últimos três anos. No entanto, há variações regionais: Sul (84,8%) e Sudeste (84,1%) têm os melhores índices, enquanto Norte (79,0%), Centro-Oeste (78,8%) e Nordeste (76,4%) estão abaixo da média nacional. A PNS 2019 também revelou que 6,1% das mulheres nessa faixa etária nunca realizaram o exame preventivo, citando "não achar necessário" (45,1%), "não ter sido orientada" (14,8%) e "ter vergonha" (13,1%) como principais motivos. Ademais, a produção de colposcopias e biópsias é baixa, ilustrando um gargalo na atenção secundária à saúde, dificultando o acesso à confirmação diagnóstica, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, com percentuais variando de 11% a 27%. Esses dados mostram a necessidade de ações de educação em saúde e fortalecimento do vínculo entre as mulheres e os serviços de saúde

Além disso, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), há queda da cobertura vacinal da primeira dose contra o HPV para 75,81% em meninas no ano de 2022, distante da meta de 90% para meninas de até 15 anos, o que também é marcado por diferenças regionais. Nesse sentido, há uma menor taxa de cobertura na segunda dose, o que estimulou a estratégia de vacina em dose única, especialmente na Região Norte, que tem a menor cobertura vacinal para a vacina HPV e a maior mortalidade por câncer de colo de útero. Assim, é essencial que as políticas públicas considerem as especificidades regionais para atender às necessidades locais e promover a equidade no acesso aos cuidados de saúde.


Conclusões/Considerações finais
O estudo destacou a necessidade de fortalecer as políticas públicas de saúde para controle do câncer de colo de útero, considerando as disparidades regionais na incidência dessa doença. Esses dados evidenciam a necessidade de ações de educação em saúde e fortalecimento do vínculo entre as mulheres e os serviços de saúde, para promover a conscientização sobre a importância do rastreamento e ampliar a cobertura do exame, especialmente nas regiões com menores índices. Ademais, é essencial que as políticas públicas implementem estratégias efetivas para promover a vacinação, através de campanhas de conscientização, fortalecimento da rede de atenção primária e ampliação do acesso aos serviços de imunização, considerando as especificidades regionais. Apenas com ações coordenadas para ampliar a cobertura do exame de Papanicolau e promover a vacinação contra o HPV será possível reduzir as disparidades regionais e promover a prevenção efetiva do câncer de colo de útero em todo o Brasil.

Referências
DADOS E NÚMEROS SOBRE C NCER DO COLO DO ÚTERO Relatório Anual 2022. [s.l: s.n.]. Disponível em:

EXECUTIVA, S. PREVENÇÃO AO C NCER DO COLO DO ÚTERO. [s.l: s.n.]. Disponível em:

MOURA, L. DE L.; CODEÇO, C. T.; LUZ, P. M. Cobertura da vacina papilomavírus humano (HPV) no Brasil: heterogeneidade espacial e entre coortes etárias. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 24, 2021.
ALVES, B. / O. / O.-M. PNI adota dose única para a vacinação de pessoas de 9 a 14 anos de idade contra o HPV | Biblioteca Virtual em Saúde MS. Disponível em: . Acesso em: 28 maio. 2024.

Fonte(s) de financiamento: Financiamento do próprio autor


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