53779 - ANÁLISE DO INDICADOR DE DESEMPENHO DE COLETA DE CITOPATOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE FRECHEIRINHA, CEARÁ JEFFERSON WILLYAN DE SOUSA PARÁ - UFC, MARIANA RAMALHO DE FARIAS - UFC
Apresentação/Introdução O câncer do colo do útero tem se mostrado um problema significativo de saúde pública no Brasil. Trata-se de uma doença de progressão lenta que tem um impacto crucial nas elevadas taxas de prevalência e letalidade entre mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica, especialmente durante o período produtivo de suas vidas. É o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde recomenda que pelo menos 80% das mulheres na faixa etária de rastreamento sejam cobertas. No entanto, o Brasil enfrenta grandes dificuldades para alcançar essa cobertura, resultando em um rastreamento insuficiente que tem um impacto mínimo na redução dos dados epidemiológicos da doença. A Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019, instituiu o programa Previne Brasil como modelo de financiamento da Atenção Primária à Saúde, estabelecendo a necessidade de captar uma porcentagem da população cadastrada a cada quadrimestre para atingir a meta de alguns indicadores de saúde e garantindo o recebimento dos repasses. Entre eles tem-se o indicador de desempenho por meio do exame citopatológico, sendo este um dos indicadores com o alcance mais baixo.
Objetivos Analisar o desempenho do indicador de cobertura de exame citopatológico na Atenção Primária à Saúde no município de Frecheirinha, nos anos de 2022 e 2023.
Metodologia Pesquisa exploratória-descritiva pela característica de observar, classificar e descrever fenômenos efetuada através de dados secundários obtidos no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Coletou-se os dados referentes aos anos de 2022 e 2023 do Indicador de Desempenho “Proporção de mulheres com coleta de citopatológico na APS” relacionado ao município de Frecheirinha, no estado do Ceará. A escolha do período deve-se à disponibilidade dos dados. Utilizou-se o software Microsoft Excel para a tabulação e análise dos dados.
Resultados e Discussão Reconhecendo a necessidade de valorizar o desempenho das equipes e dos serviços da APS, e conforme os dados estabelecidos pelas portarias do Programa Previne Brasil, foi definida uma meta de 40% a ser alcançada pelas equipes, metade do que é recomendado pela OMS. De acordo com a análise dos dados do Previne Brasil do município de Frecheirinha, em 2022, foi possível constatar uma baixa cobertura em relação ao valor preconizado pelo MS. Neste ano, a cobertura citopatológica no primeiro quadrimestre foi de 19%, no segundo quadrimestre de 30% e no terceiro quadrimestre de 31%. Já em 2023, os dados tiveram uma ligeira melhora, com cobertura de 36% no primeiro quadrimestre, 44% no segundo quadrimestre e 45% no terceiro quadrimestre, superando a meta de 40% preconizada pelo Ministério da Saúde. A baixa adesão por parte das mulheres ao exame citopatológico é multifatorial. A literatura indica que o absenteísmo é um fenômeno complexo com múltiplas causas, incluindo o medo do exame e do diagnóstico de câncer, a dupla jornada de trabalho, a vergonha e os tabus relacionados ao corpo, a restrição do cônjuge, a vulnerabilidade socioeconômica, além da desinformação sobre a importância do exame.
Conclusões/Considerações finais É evidente a persistente dificuldade em alcançar a cobertura ideal de rastreamento do câncer do colo do útero, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde. A implementação do programa Previne Brasil e a definição de metas mais realistas são passos importantes, mas insuficientes por si só. É essencial que haja um investimento contínuo na capacitação dos profissionais de saúde e no fortalecimento da infraestrutura de atendimento primário, além de campanhas educativas que desmistifiquem o exame e seus benefícios. Apenas com um esforço conjunto será possível alcançar uma cobertura mais ampla e eficaz, garantindo melhores desfechos para a saúde das mulheres e reduzindo a prevalência e letalidade dessa doença. A continuidade das pesquisas e a adaptação constante das estratégias de saúde pública são fundamentais para enfrentar os desafios e melhorar os indicadores de saúde no Brasil.
Referências BRASIL. Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica. 2024. Disponível em: https://sisab.saude.gov.br/. Acesso em: 11 maio 2024.
GONÇALVES, A. B. M.; FERREIRA, I. M. O.; BARRETO, L. S.; BEZERRA, H. M.; ACCIOLY, M. A.; HAICK, J. M.; JUNQUEIRA, G. G. O.; BARBOSA, C. C. H. Medidas De Melhoria Do Indicador De Proporção De Mulheres Com Coleta De Citopatológico Numa Unidade Básica De Saúde Do Distrito Federal. Revista Contemporânea, [S.L.], v. 4, n. 1, p. 1985-1998, 18 jan. 2024. South Florida Publishing LLC.
KAUFMANN, L. C. et al. Repercussões da pandemia de COVID-19 no exame preventivo de câncer de colo uterino: percepção de enfermeiros. Escola Anna Nery, [S.L.], v. 27, p. 1-8, 2023. FapUNIFESP (SciELO).
QUEIROZ, L. N. et al. A atuação do enfermeiro na prevenção do Câncer de Colo de Útero. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [S.L.], v. 23, n. 1, p. e11693, 5 jan. 2023. Revista Eletronica Acervo Saude.
Fonte(s) de financiamento: Não possui.
|