51216 - ANÁLISE DA SAZONALIDADE DE INTERNAÇÕES POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO ANA PAULA DE PIERI DE TOLEDO - UFPE, PETRÔNIO JOSÉ DE LIMA MARTELLI - UFPE, ELLEM NAJLA FERREIRA RODRIGUES - UFPE, JULIANA LOIOLA DA SILVEIRA - UFPE
Apresentação/Introdução As doenças do aparelho respiratório (DARs) estão entre as causas mais frequentes de morbimortalidade em crianças no Brasil. Elas representam mais da metade das hospitalizações e, no nordeste, são vistas como a maior causa de morbimortalidade em crianças menores de 5 anos¹. Perfil este que também é afetado pelas características epidemiológicas e climáticas regionais, devido, dentre outros fatores, à sua maior susceptibilidade e sensibilidade às variações de clima e contaminação, que aumentam sua propensão e geram seu padrão sazonal¹. Ademais, o estado de Pernambuco possui fluxos assistenciais assimétricos de referência a Recife, o que gera constantes pressões e sobrecargas dos estabelecimentos de saúde metropolitanos, sendo estas acompanhadas das maiores demandas sazonais². Vale ressaltar também que a pandemia de COVID-19 impactou em alterações dinâmicas da rede de atenção à saúde (RAS) que reverberam nos dias atuais. Nesse viés, é essencial analisar a sazonalidade destas demandas em uma RAS que já se encontra sobrecarregada, evitando, dessa forma, a progressão de seus vazios assistenciais. Por fim, considerando seu caráter evitável, a compreensão do padrão das DARs permite planejar, gerir, regular e financiar políticas públicas de saúde adequadas aos determinantes e às desigualdades sociais existentes no território para a redução de suas taxas.
Objetivos O presente estudo visa analisar a sazonalidade de internações por doenças respiratórias em crianças menores de 5 anos no estado de Pernambuco dos anos de 2022 a 2023. Parâmetro este que permitirá compreender melhor as fragilidades da rede de atenção à saúde estatal e fornecer subsídios para sua adequação em períodos de sobrecarga.
Metodologia Esta é uma pesquisa com o uso de dados secundários, não apresentando conflitos éticos. Trata-se de um estudo observacional transversal retrospectivo, em que foram analisadas internações dos anos de 2022 e 2023, de crianças menores de 5 anos residentes do estado de Pernambuco, que receberam Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Utilizou-se dos arquivos de AIH reduzidos ofertados pelo DATASUS, pela fonte Sistema de Informações Hospitalares (SIH), referentes ao estado de Pernambuco.
A ferramenta de tabulação foi o TABWin32, analisou-se “Frequência por ano de internação segundo Diagnóstico CID10 (capítulo)”, “Frequência por ano de internação segundo Diagnóstico CID10 (categoria)” e “Frequência por Mês de internação segundo Ano de internação”. Todas realizadas com a seleção de linhas e colunas de acordo com o título, supressão dessas zeradas, incremento de “frequência” e o uso das seguintes seleções ativas: faixa etária (18) de 0 a 4 anos, 11 meses e 29 dias; Unidade da Federação de residência em Pernambuco; e anos de internação 2022 e 2023. Excepcionalmente, adicionou-se às segunda e terceira tabulações a seleção ativa de Diagnóstico CID10 (capítulo X).
Resultados e Discussão No período de janeiro de 2022 a dezembro de 2023 foi registrado um total de 122.087 hospitalizações gerais de crianças menores de 5 anos no estado de Pernambuco. Das quais 35.855 (29,4%) foram por DARs, a segunda maior causa de internação da faixa etária. Dentre estas, 16.782 (46,8%) foram devido pneumonia; seguido de 6.045 (16,8%) por bronquiolite aguda; e 4.754 (13,2%) por asma.
Ao analisar a distribuição das hospitalizações por ano, ambos apresentaram aproximadamente a mesma prevalência, em que 2022 apresentou 48% dos casos e 2023, 52%. Por sua vez, com relação à frequência de internação mensal, os meses de abril, maio e junho possuíram as maiores taxas, com um total de, respectivamente, 11,6%, 16,6% e 13,9% do total de internações por DARs; já os menores valores foram encontrados nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro com, respectivamente, 4,4%, 3,3% e 4,9%. No ano de 2022, o mês com mais registros foi maio, com 16,2% de casos; enquanto que o mês com menor índice foi fevereiro, 2,2%. Por sua vez, o ano de 2023 apresentou o maior número de hospitalizações em maio, com 17%; e a menor prevalência em dezembro, 3,4%.
Resultados similares foram encontrados em outros estudos de sazonalidade por DARs em condições climáticas parecidas, em que os meses de maio, abril, junho e julho se destacaram¹,³. Comportamentos estes que são muito próximos ao período de maior ocorrência de precipitação, menores temperaturas e maiores taxas de umidade relativa. Dados que também foram apontados em outras regiões, que não o nordeste do Brasil, em que DARs, especialmente pneumonia e asma, apresentaram maiores morbidades nas estações chuvosas ou próximas ao outono e inverno⁴.
Conclusões/Considerações finais Percebe-se, por meio deste estudo, que a sazonalidade influenciou nas taxas de hospitalização por DARs de crianças menores de 5 anos no estado de Pernambuco, o que levou a um maior número de registros nos meses de abril, maio e junho dos anos de 2022 e 2023. Padrão que refere ao período de maiores índices pluviométricos locais, bem como há resultados de pesquisas similares em outras regiões do país.
Tais dados são oportunos para compreender as demandas dos estabelecimentos de saúde e aprimorar a sua distribuição pela RAS, contribuindo, finalmente, para diminuição de sobrecargas, atenuação de vazios assistenciais e melhoria do atendimento. Ademais, essa compreensão também é essencial para a reorganização de unidades assistenciais em um período pós-pandêmico, assim como pode contribuir para futuras análises de suas consequências. Por fim, as DARs ainda são a maior causa de morbimortalidade infantil e urge o direcionamento de políticas públicas para a diminuição de sua prevalência¹.
Referências 1. XAVIER, J. M. V. et al. Sazonalidade climática e doenças das vias respiratórias inferiores: utilização de modelo preditor de hospitalizações pediátricas. Rev. B. de Enfermagem, v.75, ed.2, 2022.https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0680pt
2. GUERRA, S. et al. Continuidade da gestão clínica entre níveis assistenciais: experiências dos usuários de uma rede municipal de saúde. Cadernos de Saúde Pública, v.38, n.9, 2022.https://doi.org/10.1590/0102-311XPT047122
3. QUESADO, E.M.L.; SOUSA T.M.O.; VENANCIO L.P.R. Effects of climate variability on respiratory diseases in the Western Region of Bahia, Brazil. Public Health, v.222, p.1-6, 2023.https://doi.org/10.1016/j.puhe.2023.06.030
4. SOUZA, A. et al. Potential impacts of climate variability on respiratory morbidity in children, infants and adults. J. B. de Pneumologia, v. 38, ed.6, p.708-15, 2012.https://doi.org/10.1590/s1806-37132012000600005
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
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