Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.21 - Rede de Atenção à Saúde da Mulher

50617 - DIFICULDADES DE USUÁRIAS DA ATENCAO PRIMÁRIA NA ADESÃO AO RASTREIO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO
ROBERTA DOS SANTOS AVELINO - UFPI, JAQUELINE CARVALHO E SILVA SALES - UFPI, MARA DE JESUS COSTA DA SILVA - UFPI, BRUNA SOARES CASTELO BRANCO - UFPI


Apresentação/Introdução
O câncer de colo do útero (CCU) é causado pelo Papilomavírus Humano (HPV) e está associado a relação sexual desprotegida. Seu impacto epidemiológico, social, econômico e de saúde tem sido documentado (Maciel et al., 2021).
Altas taxas de incidência e mortalidade caracterizam essa neoplasia como problema de saúde pública. Início precoce da vida sexual, quantidade de parceiros, uso de contraceptivos hormonais, higiene íntima precária e tabagismo são fatores de risco para CCU, sendo sua maior ocorrência nas mulheres de 30 a 39 anos (Maciel et al 2021).
O exame citopatológico mostra-se eficiente no rastreio do CCU. A população alvo para realização do exame compreende mulheres entre 25 e 64 anos, pela maior ocorrência das lesões de alto grau nessa faixa etária (Maciel et al, 2021).
A Atenção Primária à Saúde (APS), deve ampliar o rastreamento do CCU, a partir de maior oferta do exame pelas equipes que atuam na Estratégia Saúde da Família (ESF), impactando na redução da morbimortalidade por essa doença (Oliveira, 2016)
Apesar de ser comprovadamente um exame de qualidade, de fácil acesso e importante para a detecção de lesões precursoras do CCU e da infecção pelo HPV, além de identificar a presença de outras infecções, o Papanicolau tem encontrado dificuldades para sua adesão.


Objetivos
Refletir sobre as dificuldades de usuárias da APS na adesão ao rastreio do CCU.

Metodologia
Estudo teórico-reflexivo que consiste em formulação discursiva aprofundada sobre um tema, estabelecendo analogias, apresentando e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou práticos (COENP, 2014). A coleta de dados ocorreu em maio de 2024, nas bases de dados eletrônicas Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE via PubMed®), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências de Saúde (LILACS) e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF) via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando-se os descritores: neoplasias do colo do útero, programas de rastreamento, atenção primária à saúde cruzando-os entre si.
Os critérios de inclusão foram: artigos e teses, cujo assunto correspondesse ao problema investigado; textos completos e publicações nos últimos cinco anos; e de exclusão: artigos e teses duplicadas e textos não científicos. Na primeira fase de seleção foram encontrados 15 artigos, sendo excluídos nove por se tratar de artigos duplicados. Portanto, utilizou-se para desse estudo seis artigos científicos.


Resultados e Discussão
Revelaram-se três categorias de análise: assuntos burocráticos ou institucionais; autocuidado deficiente, questões culturais e pouco conhecimento sobre a importância do exame e questões sociais.

Filas, espera sem monitoramento, acolhimento deficiente, comunicação deficiente entre a Rede de Atenção à Saúde, evidenciam falhas na coordenação do cuidado, na gestão clínica dos casos, dificultando o rastreio (Jorge et al, 2011). Ausência de insumos, carências estruturais, acessibilidade geográfica dificultada nas áreas rurais, foram citadas no estudo de Jorge et al (2011) como dificultadores na adesão ao Papanicolau.
Vergonha associada à nudez, medo e não necessidade do exame na ausência de queixas, descrença na qualidade da coleta realizada no bairro, horário de trabalho coincidente com o funcionamento da unidade de saúde, dificuldade de deixar obrigações domésticas para ir à unidade foram citadas como questões culturais e de autocuidado deficiente (Maciel et al.,2021).
Mulheres que desconhecem a importância do exame, formas de prevenção e tratamento da doença, são citadas nos estudos de Jorge et al (2011) e Oliveira et al (2016) como resistentes à sua realização.
Desvalorização da escuta e vínculo terapêutico são questões que interferem na confiança e estabelecimento de vínculo, dificultando o rastreio do CCU (Maciel et al,2021; Oliveira et al, 2016).
Escolaridade, idade, paridade, renda e ocupação são condições sociais que interferem na realização do rastreamento do CCU (Mascarenhas et al., 2020;).


Conclusões/Considerações finais
Os elementos que interferem na adesão ao rastreio do câncer do colo do útero são multifatoriais, sendo a Estratégia de Saúde da Família ferramenta fundamental para vencer as condições que afetam negativamente a adesão e rastreio. Diante do exposto, torna-se imprescindível a adoção de estratégias para superar o medo; esclarecer a população quanto à importância da prevenção do câncer de colo do útero, diagnóstico e tratamento precoces; otimização e organização do tempo, além de facilitar o acesso das usuárias à realização do Papanicolau.

Referências
COENP. Manual de orientação para elaboração de artigos científicos / Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad; coordenação: Carla Marins Silva. – Rio de Janeiro: COENP, 2014.p.28
JORGE, R.J. B et al. Fatores associados à não realização periódica do exame Papanicolaou. Rev Rene, [S. l.], v. 12, n. 3, 2011.
MACIEL, N. S et al. Busca ativa para aumento da adesão ao exame Papanicolaou. Rev. enferm. UFPE on line, v.15, n. 1 p. 1-11, 2021.
MASCARENHAS, M. S et al. Conhecimentos e práticas de usuárias da atenção primária à saúde sobre o controle do câncer do colo do útero. Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 66, n. 3, p. e–01030, 2020.
OLIVEIRA, A. E. C et al. (2016). Adesão das mulheres ao exame citológico do colo uterino na atenção básica. Revista de Enfermagem UFPE on line, v.10, n. 11, p. 4003-4014, 2016.


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