48968 - AÇÕES DE PREVENÇÃO E PERFIL DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE COLO DE ÚTERO NOS MUNICÍPIOS DA BAHIA 2021-2023 LARISSA CARNEIRO DE SOUZA MATOS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, CLARA ALEIDA PRADA SANABRIA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Apresentação/Introdução O câncer do colo do útero (CCU) é causado pela infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV) oncogênico. No Brasil, é a terceira maior causa de câncer em mulheres e a quarta em termos de mortalidade por câncer, excluindo o câncer de pele não melanoma (INCA, 2021).
Para o controle desta doença é fundamental fortalecer as ações de prevenção primária (vacinação) e de prevenção secundária (triagem e tratamento de lesões pré cancerosas) que integram a linha de cuidado.
O exame citopatológico de CCU é fundamental para detectar a presença do vírus e lesões pré-cancerosas de forma precoce. É recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a vida sexual (BRASIL, 2022) e se realiza nas Unidades de Saúde da Família.
Se o exame mostrar alterações, a paciente é encaminhada para uma colposcopia. Caso haja suspeita, é feita uma biópsia histopatológica para análise laboratorial. O acompanhamento de pacientes com lesões intraepiteliais identificadas é feito com base em exames e procedimentos adicionais (BRASIL, 2016).
Além disso, em 2022, o Ministério da Saúde estabeleceu o Programa Previne Brasil, que inclui o pagamento por desempenho com base em indicadores registrados no Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB). Um desses indicadores é a proporção de mulheres que realizam o citopatológico na Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos Geral: analisar as ações da linha de cuidado e a mortalidade por câncer de colo de útero na Bahia entre 2022 e 2023.
Específicos:
Analisar ações de prevenção primária e secundária de câncer de colo de útero nos municípios da Bahia no período 2022 a 2023;
Analisar as taxas de mortalidade por câncer de colo de útero nos municípios da Bahia entre 2020 e 2021;
Identificar as possíveis mudanças nas ações da linha de cuidado de câncer de colo de útero consequência do Previne Brasil.
Metodologia Estudo transversal descritivo baseado em dados do Sistema de Informação sobre Câncer (SISCAN), disponibilizados pelo DATASUS, sobre o quantitativo de exames citopatológicos e histopatológicos na população feminina na idade de 24 a 64 anos, e da mortalidade por câncer de colo de útero na Bahia entre 2021 e 2023.
Com esses dados, organizados por cada núcleo regional de saúde (NRS),foram geradas tabelas em Google Planilhas. Os nove NRS da Bahia com o quantitativo de municípios são: Norte (27 municípios), Sul (67 municípios), Leste (48 municípios), Oeste (37 municípios), Sudoeste (73 municípios), Nordeste (33 municípios), Extremo Sul (21 municípios), Centro-Norte (38 municípios) e Centro-Leste (73 municípios).
Posteriormente, foram analisadas os dados da triagem por meio da realização de Papanicolau, do diagnóstico por meio dos exames histopatológicos e da mortalidade por câncer de colo de útero.
Ademais, foram elaboradas tabelas em Google Planilhas sobre a proporção de coleta de citopatológico na Atenção Primária em Saúde (APS) nas macrorregiões baianas em 2022 e 2023 a partir de dados disponíveis no Sistema de Informação em Saúde para a atenção Básica (SISAB).
Resultados e Discussão Em 2022 foram realizados 631.446 exames citopatológicos (aumento de cerca de 22% em relação a 2021) e, em 2023, 662.464 (o dobro do realizado em 2020). Esse aumento tem relação com a retomada da realização de exames após a suspensão devido à pandemia da COVID-19, visto que em 2020 houve a redução de 44,6%.
Em todas as macrorregiões de saúde, o número de citopatológicos coletados aumentou, sendo mais significativo na região Leste. Isso se relaciona, provavelmente, com a retomada de ações de saúde na APS e com a implementação do Programa Previne Brasil, que tem entre os indicadores de desempenho a proporção de mulheres com coleta de citopatológico na APS.
A proporção de mulheres com coleta de citopatológico na APS deve ser de 40%, porém, esse valor em 2022 foi de 20% em todos os NRS e, em 2023, a única região que atingiu o esperado foi a Centro-Norte (40,84%), evidenciando falhas no rastreio.
Em relação aos histopatológicos, em 2022 aumentou 31,4% em relação a 2021 e 42,9% em relação a 2020. Em oito NRS aumentou este valor, exceto no Oeste, no qual diminuiu em 59,4% entre 2020 e 2022. Já a proporção de seguimento das mulheres com lesão intraepitelial de alto grau no exame citopatológico foi inferior a 50% em todos os NRS, sendo que deveria ser de 100%. Isto evidencia falhas no diagnóstico o que pode explicar o aumento das mortes por esta doença.
Acerca da mortalidade por CCU, o número de óbitos tem aumentado na Bahia, principalmente nas regiões Norte e Oeste que aumentaram mais de 50% em 2021. Porém, nas regiões Leste e Sudoeste esse número diminuiu em 2021. Estes achados indicam a necessidade de ações estratégicas a partir da análise de ações preventivas nesses locais, já que com a detecção precoce e o tratamento das lesões pré-cancerosas se poderia controlar esta doença.
Conclusões/Considerações finais Entre 2022 e 2023 aumentou o número de exames coletados, ampliando o número de mulheres assistidas, podendo isso estar relacionado ao fim da pandemia de COVID-19 e à implementação do Programa Previne Brasil. Porém, é preocupante que mais de 10% dos municípios não informaram este dado, por falta de realização do exame ou por falta de registro no sistema de informação.
Ademais, foram realizados mais histopatológicos devido ao aumento de citopatológicos com resultado alterado. Porém, o seguimento das mulheres com lesão intraepitelial de alto grau ainda continua falho e há aumento no número de óbitos por CCU.
Conclui-se que é necessário fortalecer a linha de cuidado do CCU no estado da Bahia, melhorando a cobertura do rastreio e o seguimento das mulheres com resultados alterados, para assim identificar e tratar as mulheres com lesões pré cancerosas. Desta forma, será possível diminuir os casos de câncer invasivo e a mortalidade, já que esta doença tem uma evolução lenta e que tem tratamento.
Referências MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DO C NCER – INCA., 2021. Controle do câncer de colo de útero. Mortalidade. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/dados-e-numeros/mortalidade Acesso em 14/05/2024
BRASIL (2022) INCA. Câncer de Colo de Útero. Disponível em https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/colo-do-utero Acesso em 23/11/2023.
BRASIL (2016) INCA. Diretrizes Brasileiras de para o Rastreamento de Câncer de Colo de Útero. Disponível em https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero Acesso em 23/12/2023.
BRASIL (2022). Ministério da Saúde. Previne Brasil: Saiba como calcular os indicadores de pagamento por desempenho em 2022. Disponível em https://aps.saude.gov.br/noticia/15956 Acesso em 23/12/2023.
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