52593 - EXPERIÊNCIAS DE DIÁLOGOS SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ENTRE BENEFICIADAS COM SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA RAFAEL BEZERRA DUARTE - UECE, NARA IURY OLIVEIRA SILVA - UECE, LEIDY DAYANE PAIVA DE ABREU - UECE, SAMILLE MARQUES BULCÃO ROCHA - UECE, PATRÍCIA MARIA NOGUEIRA SOMBRA - UECE, MIRNA NEYARA ALEXANDRE DE SÁ BARRETO MARINHO - UPE, ELISÂNGELA ALVES DE SOUZA - ESP-CE, EULINA MARIA ALMEIDA FLORENTINO - SMS-QUIXELÔ-CE, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - MS/UECE, VALTER CORDEIRO BARBOSA FILHO - UECE
Contextualização A violência contra a mulher é um problema de saúde pública que diariamente afeta meninas e mulheres no Brasil e no mundo, principalmente em países de média e baixa renda. Apesar de muitos países aumentarem as denúncias e a notificação de violência contra a mulher ocasionada pelo parceiro íntimo, ainda é alarmante o quantitativo de violências sofridas por esse público em específico. Isso tem raízes no patriarcado, na cultura machista, iniquidades, desigualdade de gênero que afeta e causa danos e impactos à saúde física, mental e bem-estar de meninas e mulheres e suas famílias por toda uma vida. Portanto, é urgente que profissionais de saúde, sobretudo, de equipamentos sociais como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e da Atenção Primária à Saúde, fortaleçam as estratégias de cuidado educativo em saúde entre as usuárias desses equipamentos. Não obstante, ações intersetoriais que envolvem a saúde, segurança e educação por meio da gestão do cuidado e qualidade nas redes de atenção à saúde devem ser prioritárias, para construir um contexto comunitário protetivo às vulnerabilidades que ocasionam estas violências.
Descrição da Experiência Este Relato de experiência foi elaborado conforme uma atividade realizada no dia 24 de agosto de 2023 pela Profissional de Educação Física e a Assistente Social junto a equipe eMulti da Estratégia de Saúde da Família, em parceria com o CRAS do município de Quixelô, Ceará. A atividade envolveu um grupo de 20 mulheres, maioria mães solteiras que participam do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), oferecido pelo CRAS. Esse serviço busca apoiar famílias por meio da prevenção de ruptura de laços familiares, com a promoção do acesso aos direitos, contribuindo para melhoria e qualidade de vida das famílias. A atividade foi organizada em dois momentos: 1) apresentação de vídeo educativo sobre sensibilização pelo fim da violência contra a mulher; 2) roda de conversa em alusão a Campanha Agosto Lilás do Ministério da Saúde. A roda de conversa dialógica foi gravada, transcrita em diário de campo e analisada com base na literatura científica.
Objetivo e período de Realização Descrever a experiência de uma atividade sobre violência contra a mulher, realizada pela equipe eMulti, da Estratégia de Saúde da Família, junto a um grupo de mulheres que participam do CRAS do município de Quixelô, Ceará. Relato desenvolvido em maio de 2024.
Resultados Foi desenvolvido um espaço de escuta e diálogo entre mulheres, profissionais de saúde e do CRAS, considerando a subjetividade, questões culturais, influência do patriarcado e a desigualdade de gênero. As profissionais iniciaram discussões sobre os tipos de violências, Lei Maria da Penha e os meios legais de proteção. O diálogo despertou nas mulheres a compreensão acerca dos diversos tipos de violências existentes. Relataram abusos e dores ocasionados pelos parceiros durante anos, dependência emocional e financeira. Houve relatos sobre relacionamentos abusivos, em que os companheiros proibiam de usarem roupas curtas, de saírem sozinhas, violência verbal, psicológica e até física. Também mencionaram que os parceiros justificavam seus atos como uma forma de cuidado, e a única saída era pedir proteção aos familiares. As facilitadoras orientaram quais os possíveis canais de denúncia, e que o CRAS, por meio do PAIF junto às unidades de saúde são serviços públicos que intervêm em situações de violação de direitos e proteção social. Por fim, as participantes sinalizaram que o diálogo fortaleceu os vínculos, suporte e uma rede de apoio para potencializar o enfrentamento da violência.
Aprendizado e Análise Crítica A vivência buscou ampliar o debate com as mulheres sobre a problemática, além do fortalecimento das ações intersetoriais e interdisciplinares entre profissionais de saúde, profissionais do Serviço Social do CRAS e comunidade, para realização de ações conjuntas entre os atores envolvidos para que possam pensar, discutir e implementar estratégias de cuidado em saúde para a diminuição ou minimização desses tipos de violências. Daí a importância das atividades de educação em saúde e qualificação de profissionais para uma discussão sobre gênero e violências. Ações como estas oportunizam uma sensibilização aos mais variados públicos no que se refere à temática, elucidando vínculos e favorecendo o conhecimento dos canais de denúncia contra abusadores, galgando ainda a implementação de estratégias de cuidado educativo em saúde, uma vez que esses equipamentos sociais, como o CRAS e unidades básicas, são espaços de gestão de cuidado, de empoderamento de mulheres para que elas reconheçam a violência vivenciada e busquem apoio, ajuda e proteção social.
Referências TEIXEIRA, J. M. S; PAIVA, S. P. Violência contra a mulher e adoecimento mental: Percepções e práticas de profissionais de saúde em um Centro de Atenção Psicossocial. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online]. v. 31, n. 02 [Acessado 28 Maio 2024], e310214. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73312021310214. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-73312021310214.
Fonte(s) de financiamento: Sem fontes de financiamento.
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