Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.19 - Atenção Primária à Saúde (4)

51737 - FATORES QUE AFETAM A VACINAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
PAULO HENRIQUE DE ARAÚJO LIMA FILHO - UECE, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UECE, KARLA AGUIAR CABRAL CUNHA - UECE, ALICE MARIA CORREIA PEQUENO - UECE


Apresentação/Introdução
A imunização de crianças tem a capacidade de prevenir inúmeras doenças, e o incremento de novas vacinas a serem desenvolvidas deve ser tratado como prioridade das pessoas, da comunidade, dos governos e dos profissionais de saúde (WHO, 2013).
As vacinas protegem as pessoas das transmissões individuais, além de proporcionarem, em níveis mais altos de cobertura vacinal, a imunidade de base populacional, conhecida como imunidade de rebanho, o que impede a circulação de agentes infecciosos na população (BRISS et al., 2000).
Diretamente relacionada à qualidade de vida, a vacinação também é responsável por aumentar a expectativa de vida da população e diminuir a incidência de doenças, além de evitar milhões de mortes anualmente (WHO, 2013).
A importância da vacinação é comprovada há décadas, mas o sucesso depende da aceitação e entendimento das famílias, que, em suas representações sociais, desde cedo, associam a vacina a dor, sendo necessário trazer à tona um debate que possibilite uma nova cultura sobre imunização (GASPI; MAGALHÃES JÚNIOR; CARVALHO, 2019).
O Programa Nacional de Imunização teve início em 1973, com a campanha de vacinação contra o sarampo e, na década seguinte, alcançou uma redução significativa de incidência da doença de 96,6/100 mil habitantes para 16,13/100 mil habitantes.

Objetivos
Identificar os fatores que interferem na vacinação de crianças no Brasil.

Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, considerada como a mais ampla das revisões e permite a compreensão completa do fenômeno analisado. Combina dados da literatura teórica e empírica e deve gerar uma amostra consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Foi realizada no período de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022. Adotou-se como estratégia de elaboração da pergunta norteadora o método Population, Variables and Outcomes (PVO), qual seja, “Quais os fatores que dificultam e os que facilitam a vacinação de crianças?”. Com base no método PVO foi possível organizar a estratégia de busca da literatura nas bases de dados Cochrane, MEDLINE e PUBMED, com os descritores no Medical Subject Headings (MeSH) e operadores boleanos: child and factors and vaccination; na CINAHL e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) para a base de dados LILACS e BDENF com os DeCS e operadores boleanos: criança and fatores and vacinação.

Resultados e Discussão
No mundo inteiro, existem revisões tratando do assunto e concluindo que: determinantes sociais, ideologia política, comunicações deficientes com os profissionais, relação negativa com profissionais de saúde e programas de transferências condicionais de renda influenciam na cobertura vacinal.
A revisão integrativa visa a acomodar os mais variados tipos de estudos, mas esta revisão optou por se limitar aos experimentos realizados no Brasil, já que a compreensão específica da realidade brasileira é o foco deste estudo, e essa deveria ser mais estudada separadamente (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Os fatores que estão em maior quantidade nas publicações são: número de filhos, estrato socioeconômico, escolaridade materna, idade materna e número de consultas pré-natal, nesta ordem.
O número de filhos(as) aparece como um fator de destaque nas pesquisas, influenciando de modo inversamente proporcional à cobertura vacinal, pois, quanto maior a quantidade de crianças, menor é o percentual de vacinação completa.
Importante é salientar que os fatores encontrados são os habitualmente pesquisados, e que existem, certamente, outros que influenciam tanto quanto estes na cobertura vacinal, mas, possivelmente, foram pouco investigados, mencionando-se as fake news como exemplo.
Infere-se, ainda, que as políticas públicas precisarão avançar em todos os sentidos, tanto na educação formal como na disseminação do conhecimento em saúde, assim como na diminuição das desigualdades sociais, reduzindo as iniquidades em saúde, para que haja melhoria da cobertura vacinal.

Conclusões/Considerações finais
Os fatores encontrados reiteram a relevância da temática e demonstram a necessidade que futuras investigações sejam realizadas acerca deste tema, também, para que se evidencie mais claramente o que tem ocorrido no País para alimentar a queda das coberturas vacinais, relacionando até mesmo os variados modelos de organização da saúde nos mais diversificados contextos, as mudanças ideológicas e do próprio financiamento à medida do tempo.
O sucesso do programa de imunização brasileiro têm sido ameaçado nos últimos anos, o que traz o desafio de lançar mão das mais variadas estratégias, com o objetivo de elevar a cobertura vacinal a níveis que consigam proteger a população de forma adequada novamente.

Referências
BRISS, P. A. et al. Reviews of evidence regarding interventions to improve vaccination coverage in children, adolescents, and adults. The Task Force on Community Preventive Services. Am J Prev Med 2000; 18:Suppl 97 – 140.

GASPI, Suelen de; MAGALHÃES JÚNIOR, Carlos Alberto de Oliveira; CARVALHO, Graça Simões de. Representações sociais de crianças brasileiras sobre vacinação: subsídios para educação em saúde. Anais do IX Encontro Regional de Ensino de Biologia Regional 3 Sul. Santa Maria, RS. UFSM, 2019.

SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, R.. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein. São Paulo, v. 8, p. 102-106, 2010.

WHO. Global Vaccine Action. Plan 2011–2020. Geneva: World Health Organization, 2013.

Fonte(s) de financiamento: Fonte própria


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