Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.19 - Atenção Primária à Saúde (4)

51494 - INTEGRAÇÃO ENTRE ATENÇÃO PRIMÁRIA E ATENÇÃO ESPECIALIZADA NO CUIDADO ÀS PESSOAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: O QUÊ REVELAM OS PROFISSIONAIS?
SDNEI GOMES DOS SANTOS - UNEB, ANA PAULA CHANCHARULO DE MORAIS PEREIRA - UNEB


Apresentação/Introdução
Conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica, a implementação efetiva de uma APS abrangente, ancora-se na premissa de que as Unidades Básicas de Saúde e as Equipes de Saúde da Família devem desempenhar papel central como principais pontos de contato e busca frequente pela população, estando integrados à rede e responsáveis por facilitar o acesso e coordenar o cuidado no sistema de saúde (BRASIL, 2011).
A coordenação do cuidado é requisito essencial para proporcionar resposta abrangente que possa atender às necessidades de saúde dos usuários (ALMEIDA et al., 2017).
Ausência de uma rede assistencial integrada, combinada com oferta inadequada, provoca impacto adverso no acesso aos serviços especializados, amplamente considerados como grande desafio no âmbito do SUS (ALMEIDA et al., 2010). Considerando a fragmentação assistencial suscitada pelo processo de descentralização no sistema de saúde, a integração entre níveis assistenciais conforma-se como desafiadora (SANTOS, CAMPOS, 2015).
A escassez de uma coordenação adequada no cuidado é identificada como uma das principais razões para a má qualidade da atenção à saúde, estando relacionada a custos mais altos, repetição desnecessária de exames, uso excessivo de medicamentos e conflitos entre planos terapêuticos. Os impactos negativos são especialmente acentuados em casos de condições crônicas (ALMEIDA et al., 2016).


Objetivos
Esse estudo tem como finalidade analisar como ocorre a integração da Atenção Primária à Saúde (APS) e Atenção Ambulatorial Especializada (AAE), na perspectiva dos profissionais desses níveis de atenção, no cuidado de pessoas com Hipertensão Arterial Sistêmica no território de identidade Piemonte da Diamantina – Região de Saúde de Jacobina, macrorregião Centro-Norte da Bahia, identificando facilidades e dificuldades.

Metodologia
Estudo de caráter qualitativo, exploratório e descritivo, do tipo estudo de caso, realizado com profissionais da APS de um município polo e distante de uma Região de Saúde da Bahia, bem como profissionais da Policlínica Regional de Saúde.
A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética de uma Universidade pública do Estado da Bahia, com o parecer ético de número 5991438, sendo conduzida em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 510/216. Todos os participantes envolvidos no estudo consentiram voluntariamente, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Foram utilizadas fontes de dados primários (entrevista semiestruturada) e secundários (protocolos assistenciais, fluxos de atendimento, fichas de referência e contrarreferência, atas de reuniões da Comissão Intergestores Regional e o manual de acesso da Policlínica).
A região de saúde, local da pesquisa é formada por 19 municípios, dos quais 18 integram o Consórcio Interferativo de Saúde, instituição responsável gestão da PRS. Elegeu-se deste universo, 02 municípios, sendo um escolhido por se a cidade onde a PRS está situada, e outro pelo porte populacional (pequeno) e a distância (maior).


Resultados e Discussão
Os profissionais da Atenção Primária à Saúde lotados em UBS na zonal rural enfrentam dificuldades de integração com a Policlínica Regional de Saúde (PRS), o que prejudica o acesso às informações e a continuidade do cuidado. Revelam ainda desconhecer os serviços ofertados, que culmina na dificuldade de acesso aos usuários.
A padronização do processo de referência e contrarreferência na APS pode facilitar a comunicação e promover um cuidado mais colaborativo. Os profissionais da PRS reconhecem que a contrarreferência muitas vezes não abrange informações essenciais para o cuidado longitudinal.
A estratégia de matriciamento pode melhorar a qualidade do atendimento, organizar fluxos, processos, comunicação assistencial, aprimoramento dos encaminhamentos, educação permanente, consequentemente, facilitar o acesso dos usuários de forma oportuna, promovendo um cuidado longitudinal e equânime.
É perceptível a priorização de atendimento baseado na percepção subjetiva do profissional acerca da necessidade do usuário. Ausência de padronização na estratificação de risco pela APS e de protocolos regulatórios que norteiem o agendamento, contribuem para práticas clientelistas e iniquidades de acesso.
O transporte sanitário é facilitador para acessar a PRS, mas profissionais da APS do município distante da sede muitas vezes desconhecem sua existência, afetando o acesso dos usuários aos serviços.
As entrevistas realizadas deixaram claro que a rede que abrange os municípios da região estudada, necessita melhorar tanto qualitativa quanto quantitativamente no que diz respeito ao atendimento das necessidades de saúde da população. Essa capacidade de atendimento deve ser ampla e compreender todos os níveis de cuidados, incluindo valorização e fortalecimento da APS.




Conclusões/Considerações finais
A incorporação da PRS à rede locorregional é percebida como avanço importante ao acesso à AAE, contribuindo para redução dos vazios assistenciais e iniquidades entre diversas regiões de saúde do Estado. Problemas relacionados ao acesso em tempo oportuno e longas filas de espera, demonstram premência de qualificação dos mecanismos de regulação de acesso, valorização e fortalecimento da APS.
Rotatividade profissional e baixa qualificação dos profissionais da APS foram condicionantes revelados no estudo que impactam negativamente na coordenação e continuidade do cuidado entre os níveis de atenção e integralidade da assistência aos portadores de HAS.
Identificou-se a existência de fluxos e protocolos institucionais que orientam o percurso dos usuários da APS à PRS, todavia, o desconhecimento por alguns profissionais da APS e ausência de monitoramento do processo de referenciamento comprometem a trajetória, gerando barreiras de acesso; com destaque ao município distante da sede da região.


Referências
ALMEIDA, P. F. et al. Desafios à coordenação dos cuidados em saúde: estratégias de integração entre níveis assistenciais em grandes centros urbanos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.26, n.2, p.286-298, fev. 2010. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279/2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde, 30 dez. 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4279_30_12_2010.html. Acesso em: 03 abr. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.559, de 1º de agosto de 2008. Institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde – SUS. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1559_01_08_2008.html. Acesso em: 01 ago. 2021.

Fonte(s) de financiamento: Nenhuma.


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