53874 - O PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E A INTEGRAÇÃO DA RESIDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA MARIA LAIZA DE SOUZA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA, INGRYDH MARIA GOMES DAMASCENO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA, MARÍLIA RODRIGUES DA SILVA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA, OSÉIAS SOARES PEREIRA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA, MARCOS GUSTAVO BRAZ DE ARAÚJO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA, EURIANA MARIA DE ARAÚJO BEZERRA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA, LIA LUMA PRADO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABOIA
Contextualização No campo da saúde, o processo de territorialização é uma metodologia de planejamento eficiente que compreende uma forma de lidar com o ambiente, o espaço e o território, e que possibilita a identificação de aspectos ambientais, sociais, demográficos, econômicos e dos principais problemas de saúde presentes na área adscrita. Para a Atenção Primária, esse processo é a base para as ações e para o trabalho das equipes de saúde, e exige um olhar atento em busca de vulnerabilidades (Araújo et al., 2017). A caracterização do território, e o conhecimento das condições de vida dos moradores, refletem como atividade importante no estabelecimento do vínculo e da corresponsabilidade da equipe com a comunidade, além de subsidiar o processo de decisão e ação, visando aumentar a capacidade de resposta às necessidades básicas de saúde da população (Machado et al., 2012).
Descrição da Experiência Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência, realizado em um bairro da periferia de Sobral-CE. Na ocasião, foram realizadas 5 visitas ao território junto aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da área adscrita, além de rodas de conversa com a gerente do Centro de Saúde da Família (CSF), os ACS’s e as lideranças comunitárias para entender a história do bairro. Para auxiliar no processo de territorialização, foi utilizado um instrumento que contava com os seguintes tópicos: Área adscrita, que abordava o bairro que compõe a área adscrita do CSF, a delimitação geográfica, barreiras, limites, densidade populacional; Aspectos socioeconômicos da população, com ênfase nas ocupações e principais fontes de renda da população, riscos mais prevalentes à saúde do trabalhador, áreas de vulnerabilidades sociais, existência de famílias em situação de extrema pobreza, destino do lixo, existência de programa de coleta seletiva, situação dos terrenos baldios; saneamento básico e abastecimento de água; Cultura e lazer, transporte e acomodação, características do CSF; Equipamentos sociais, instituições, indústrias e outros, lideranças comunitárias e espaços de cuidado (grupos terapêuticos, práticas corporais, grupos comunitários).
Objetivo e período de Realização Relatar as principais impressões acerca do processo de territorialização vivenciado na atenção primária pelos residentes do programa de residência multiprofissional de vigilância em saúde, em parceria com os residentes em saúde da família e de saúde mental da Escola de Saúde Pública Visconde de Saboia, durante suas primeiras semanas de atuação no território que se configuraria como campo de atuação durante a residência. A experiência ocorreu no período de 18 a 29 de março de 2024.
Resultados O CSF cobre um território de 6.306 pessoas, é um bairro verticalizado, organizado em 17 quadras, constituídas por blocos de apartamentos, quadra esportiva, casa comunitária, que deveriam ser utilizadas para reuniões comunitárias e outros fins coletivos; porém, a maioria é utilizada para fins individuais. Uma das principais características do bairro é o constante fluxo de entrada e saída de moradores, sendo constituído em sua maioria por crianças e adultos jovens, e um quantitativo reduzido de pessoas idosas. Os agravos mais prevalentes são arboviroses, hanseníase, sífilis, toxoplasmose, ansiedade, depressão, diabetes e hipertensão. Dentre as vulnerabilidades identificadas pode-se citar a grande quantidade de lixo na área, conflitos territoriais e violência. Em contrapartida, o território apresenta diversos equipamentos sociais que têm um papel crucial no desenvolvimento e bem-estar do bairro, como, por exemplo, escolas de tempo integral, centros de educação infantil, areninha, praças, quadras de futebol e projetos sociais, como o projeto Luta pela Paz e o programa Cozinha Comunitária. Também conta com inúmeros microempreendedores de diversos segmentos espalhados pelo bairro.
Aprendizado e Análise Crítica Compreende-se que a territorialização é um pressuposto importante quando se trata de organização e planejamento das ações de saúde sendo a base, já que toda a estrutura do SUS depende não apenas de como são alocados os serviços de assistência à saúde, mas também de como são organizadas territorialmente suas ações (Teixeira; Paim; Vilasboas, 1998). É importante destacar que a multiprofissionalidade foi um fator que contribuiu para uma melhor caracterização da área, tendo em vista que cada profissional residente trouxe uma visão e ideias diferentes para as diversas situações visualizadas. Portanto, percebe-se a territorialização como recurso essencial e indispensável para a organização dos processos de trabalho dos residentes de vigilância em saúde, permitindo identificar as necessidades, as prevalências de doenças e o público-alvo específico, além de mapear as potencialidades e recursos locais que podem ser mobilizados para fortalecer as ações de promoção da saúde no território. Isso contribui diretamente para a formação de profissionais mais sensíveis às particularidades locais, capazes de propor intervenções mais eficazes e inclusivas no contexto da saúde da família.
Referências ARAÚJO, G.B.; ALVES, F.W.P.; SANTOS, R.S.; ET AL. Territorialização em saúde como instrumento de formação para estudantes de medicina: relato de experiência. Sanare, 2017, 16(1):124-129.
GOMES, S. L.; COSTA-PINTO, A. B.; BARRETO, P. P. M. Educação ambiental no processo de territorialização em saúde: apresentação de um método utilizado. Saúde em Debate [online]. 2019, v. 43, n. spe5. Disponível em: . Acessado 9 junho 2024.
MACHADO, M.C.; ARAÚJO, A. C. F. DE; DANTAS, J. P.; ET AL. Territorialização como ferramenta para a prática de residentes em saúde da família: um relato de experiência. Rev. Enferm. UFPE online. 2012; 6(11):2851-7. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/download/2960/4768. Acessado 9 junho 2024.
TEIXEIRA, C.F.; PAIM, J.S.; VILASBOAS, A. L. SUS: modelos assistenciais e vigilância da saúde. Informe Epidemiológico SUS 1998; 7(2):7-28.
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