51495 - ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E SEUS ATRIBUTOS: REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TARBALHO DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE JÉSSICA PINHEIRO CARNAÚBA - UFC, ANA KAREN PEREIRA DE SOUZA - SECRETARIA DE SAÚDE DE MOMBAÇA, ANTONIA RAQUEL LOPES BEZERRA - SECRETARIA DE SAÚDE DE MOMBAÇA, ELLEN ROSE SOUSA SANTOS - UFMA, ERIKA RACHEL PEREIRA DE SOUZA - SECRETARIA DE SAÚDE DE MOMBAÇA, FRANCISCA LAURA FERREIRA DE SOUSA ALVES - UFMA, IASMIN BELÉM SILVA QUEIROZ - UFC, LIANE EVANGELISTA DE ALENCAR - SECRETARIA DE SAÚDE DE MOMBAÇA, REANGELA CINTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA LIMA - UFC, MARLI TERESINHA GIMENIZ GALVÃO - UFC
Contextualização No Brasil, a estratégia de organização da Atenção Primária a Saúde (APS), consiste na Saúde da família, com inicio de implantação na década de 1990. Nesse sentido, as Unidade Básicas de Saúde (UBS), devem ampliar e priorizar ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde, de acordo com as especificidades loco regionais e adaptadas as necessidades da população. Para cumprir com esses fatores, os serviços das UBS devem ser baseados em quatro atributos: Longitudinalidade: está relacionada à continuidade do cuidado e ao vinculo com os profissionais; Acesso de Primeiro Contato: acessibilidade aos serviços; Integralidade: ações de promoção, prevenção e recuperação dos sujeitos em seu contexto biopsicossocial; e Coordenação do Cuidado: seguimento constante da atenção as necessidades dos pacientes. As ações da APS também devem apresentar os atributos derivados de Orientação Familiar: centrado no contexto familiar; e Orientação Comunitária: reconhecimento das necessidades epidemiológicas. Contudo, existe a percepção de que o cuidado na APS não ocorre conforme preconizado, sendo uma das dificuldades, o processo de trabalho das equipes e os modelos de agendamento e atendimento a demanda espontânea. Uma dessas unidades consiste na UBS Antonina Caeté Pedrosa, em que foram percebidos entraves em relação os fluxos de atendimento.
Descrição da Experiência As dificuldades expressas em relação aos atendimentos começaram a ser percebida através dos relatórios de produção mensal, em que foi identificado excesso de atendimento a demanda espontânea, numero reduzido de agendamentos, falta de vinculo a equipe de referencia e falhas na continuidade do cuidado as doenças crônicas não transmissíveis. Nesse sentido, os atributos da APS não estavam sendo cumpridos conforme preconizado. A partir dessas dificuldades, passou-se a construir novos processos de trabalho e outros fluxos, construído de modo compartilhado com a equipe, em reuniões de planejamento. Como processo metodológico utilizou-se o ciclo administrativo, uma ferramenta composta por atividades que guiam a organização do serviço, composto por quatro fases sequenciais e continuas: Planejamento; Organização; Execução; e Avaliação.
Objetivo e período de Realização Relatar a experiência de reorganização do atendimento na UBS Antonina Caeté Pedrosa, da cidade de Mombaça, Ceará, durante o ano de 2023. Essa reorganização considerou a possibilidade de aperfeiçoar o processo de trabalho com vistas a garantir os atributos essenciais da APS e proporcionar o fortalecimento da APS e a resolutividade deste nível de atenção.
Resultados Na primeira fase, realizou-se uma roda de conversa com a equipe onde foram apresentadas as dificuldades a quantidade excessiva de atendimentos a demanda espontânea, vinculação inadequada à equipe de referencia, sobrecarda de trabalho devido à falta de consolidação de agenda adequada. Na segunda fase, ocorreu a adequação dos espaços da unidade, estruturando uma sala para triagem, com treinamentos dos profissionais para escuta acolhedora, além do reforço para as competências de cada profissional da unidade e apresentação de Procedimentos Operacionais Padrão (POP). Na terceira fase ocorreu à implementação dos novos fluxos e rotinas. Nesse momento, uma nova reunião foi realizada com a discussão de casos de acordo com os fluxos para demanda espontânea e cuidado continuado. Foi estabelecido que, ao chegar à unidade o usuário seria recepcionado e direcionado ao acolhimento com classificação de risco, de acordo com os protocolos dos manuais do Ministério da Saúde (MS) ou para agendamento. Na quarta fase de controle e avaliação, três meses após a implementação da nova rotina para identificar a possibilidade de novas adequações. Essa fase ocorre constantemente na unidade.
Aprendizado e Análise Crítica O modelo assistencial apresentava-se fragmentado, desconexo e sobrecarregado devido ao excesso de atenção a demanda espontânea, distanciando-se dos atributos da APS. Além disso, os estudos recentes tem buscado trazer inovações aos serviços e muitas vezes, passa despercebida a necessidade de trabalhar e aperfeiçoar a base do sistema. O uso da ferramenta ciclo administrativo, proporcionou organização lógica do serviço além de auxiliar na autonomia e empoderamento dos profissionais e permitir a identificação das dificuldades e potencialidades. A implantação de novos fluxos garantiu visualização sobre os passos percorridos pelos usuários de acordo com suas necessidades, tornando mais claro para os profissionais, além de aperfeiçoar o processo de trabalho. Para a população, houve melhoria de acesso e vinculo a equipe de referencia. Seis meses após, foi identificado, através dos relatórios de gerencia, a redução de atendimento a demanda espontânea, maior quantidade de agendamento e continuidade do cuidado. A mais, o planejamento estratégico situacional, com o envolvimento de toda a equipe, de forma sequencial e constante, foi essencial para a melhoria dos serviços e redução da sobrecarga de trabalho.
Referências CAETANO, R.; DAIN, S. O programa de saúde da família e a reestruturação da atenção básica à saúde nos grandes centros urbanos: velhos problemas, novos desafios. Physis, v. 12, n. 1, p.11-21, 2002.
ELIAS, P. E.; FERREIRA, C. W.; ALVES, M. C. G.; COHN, A.; KISHIMA, V. ESCRIVÃO JUNIOR, A.; GOMES, A.; BOUSQUAT, A. Atenção básica em saúde: comparação entre PSF e UBS por estrato de exclusão social no município de São Paulo. Cien Saude Colet., v. 11, n. 3, p. 633-641, 2006.
MENDES, Á.; CARNUT, L.; GUERRA, L. D. Reflexões acerca do financiamento federal da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde. Saúde em Debate., v. 42, Spe 1, p. 224–43, 2018;
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco, Ministério da Saúde; 2002. 726p.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
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