Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC4.16 - Atenção Primária à Saúde (1)

51359 - MONITORAMENTO DO RASTREIO E MANEJO DE SEGUIMENTO APÓS RESULTADO DE CITOPATOLÓGICO EM UMA UNIDADE DE APS
YARA WALERIA LOPES DE BRITO DA CRUZ - FIOCRUZ, ANDRÉ REYNALDO SANTOS PÉRISSÉ - FIOCRUZ, EDNEA COSTA RODRIGUES DA SILVA - SMS RIO DE JANEIRO, JAQUELINE ALVES RIBEIRO ROCHA - FIOCRUZ, LEON PEREIRA DE OLIVEIRA - FIOCRUZ, LIDIA DA SILVA PEREIRA DE OLIVEIRA - FIOCRUZ, LUANA XAVIER DE CASTRO - SMS RIO DE JANEIRO, MARCELLE DE PAULA FIGUEIRA - FIOCRUZ, RAYANE FERNANDES DA SILVA MACHADO - FIOCRUZ, SILVIANA RODRIGUES DE PAIVA - FIOCRUZ


Contextualização
O câncer de colo uterino é o segundo tipo de câncer mais frequente entre a população feminina e é uma das principais causas de mortalidade por câncer em mulheres. Trata-se de um crescimento celular desordenado, tem grande conexão com o Papiloma Vírus Humano (HPV) e tem uma característica específica que é o desenvolvimento lento (INCA,2019).
O exame citopatológico ou exame preventivo, como é conhecido, permite a identificação precoce de células precursoras do câncer de colo uterino (CCU). O Ministério da Saúde (MS) recomenda que as mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos realizem coleta citopatológica anualmente ou a cada 3 anos, no caso de 2 resultados negativos para malignidade consecutivos. Recomenda-se, ainda, que seja realizado seguimento de qualidade com acompanhamento e/ou nova coleta e/ou tratamento quando se aplica (INCA, 2016).
Estudos apontam aumento no rastreio do CCU no Brasil, mas afirmam que existem desigualdades no acesso e questões importantes relacionadas à gestão do cuidado após o resultado do exame, principalmente os que possuem alguma alteração que necessitem de acompanhamento ou encaminhamentos (SILVA. GA et al, 2023).


Descrição da Experiência
O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) possui como atividade, dentro da semana padrão do residente, a vigilância em APS, onde os residentes realizam a vigilância das linhas de cuidado elencadas pela equipe de APS onde estão inseridos. Durante a análise da linha de cuidado de saúde da mulher, foi observado que muitos exames citopatológicos que tiveram alguma alteração não tiveram seguimento do cuidado.
Por conta disso, foi iniciado um processo de monitoramento dos exames citopatológicos realizados no período de janeiro a dezembro de 2023 na Clínica da Família. Que foram revisados com objetivo de identificar aqueles que apresentavam alguma alteração e confirmar se havia sido realizado seguimento de manejo, como preconizado pelo MS. Após a revisão inicial, foi construída uma planilha para organização dos resultados, na qual foram inseridos os exames que tiveram algum tipo de alteração. A planilha era alimentada sempre que identificada a confirmação do manejo, permitindo anotar quais exames ainda necessitavam ser revisitados e manejados.
Durante o processo de monitoramento, foram identificados exames alterados que não foram encaminhados, além de surgir a hipótese de erro do laboratório.


Objetivo e período de Realização
O objetivo inicial da experiência foi demonstrar a importância de realizar o monitoramento da coleta de exames citopatológicos para rastreio do CCU, através da revisão dos laudos dos preventivos, observando se os exames com resultados alterados tiveram seguimento conforme os protocolos vigentes.
Os dados foram coletados retrospectivamente em março de 2024, sendo que o monitoramento e a intervenção após análise, ainda permanecem em construção até a presente data.


Resultados
Após revisão dos exames, foi observado que, entre os 1.020 resultados encontrados, 64 (6,3%) tiveram algum resultado diferente de “negativo para malignidade”, sendo que 58 (90,6%) destes, necessitavam de seguimento de manejo.
Observou-se que os exames que apresentaram alguma alteração haviam sido solicitados entre os meses de junho e dezembro de 2023. Nenhum dos exames realizados no período de janeiro a maio de 2023 (n= 347) apresentavam qualquer tipo de alteração, todos com resultado “negativo para malignidade”. Diante disso, um plano de ação foi estabelecido para a unidade de saúde focado na busca ativa das mulheres que haviam realizado exames citopatológicos no período de janeiro a maio de 2023, para que fossem realizadas novas coletas de rastreio de câncer de colo uterino.
Também iniciou-se uma revisão para identificar se os exames que apresentaram necessidade de seguimento (n=58) tiveram continuidade no cuidado, de acordo com as orientações dos protocolos de saúde da mulher. Os casos que forem identificados com alguma deficiência no manejo serão alvo de intervenções no cuidado de forma direcionada, garantindo o princípio da equidade.


Aprendizado e Análise Crítica
Com relação ao resultado do citopatológico no rastreio do CCU, Barile apontou uma ocorrência de pelo menos 3,2% de resultados com alguma alteração. (BARILE et al., 2022). Nosso achado de heterogeneidade nas coletas ao longo do ano, onde exames realizados no período de janeiro a maio de 2023 não apresentavam qualquer tipo de alteração, parece indicar que pode ter havido um equívoco nos resultados dos exames nesse período.
A experiência trouxe como aprendizado a importância da prática de monitoramento das linhas de cuidado, a partir dos protocolos e de ferramentas de trabalho, para facilitar o acompanhamento do cuidado realizado pela equipe. Outra questão relevante é a potência que a Residência Multiprofissional agrega ao serviço de saúde, pois além de compreender as dinâmicas do processo de trabalho na APS, propõe estratégias de intervenção no território, mediante a identificação de problemas.
A partir das análises, foi construído um processo de educação permanente, junto aos profissionais que realizam a coleta e avaliação dos resultados.
A experiência fortaleceu a importância do processo de vigilância em saúde, evidenciando que o cuidado integral vai muito além da oferta de exames de rastreio. É necessário que os profissionais de saúde estejam empoderados em relação à responsabilidade da gestão do cuidado da população e qualificados para oferecer o cuidado de forma integral.


Referências
BARILE . MP; LINDEMANN. IL; ACRANI. GO. Prevalência de alterações de exame citopatológico e sua relação com lesões compatíveis com a infecção pelo Papiloma Vírus Humano e as neoplasias do colo uterino. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (1): 119-125, jan.-mar. 2022.

SILVA, G.A; DAMACENALL, G.N; RIBEIRO, C.M; ALCANTARA, L.LM; JUNIOR, P.R.B.S; SZWARCWALD, C.L. Exame de Papanicolaou no Brasil: análise da Pesquisa Nacional de Saúde em 2013 e 2019. Rev Saude Publica. 2023;57:55. Acesso em 04/05/2023. Disponivel em


INCA. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. 2ª edição revista, ampliada e atualizada. Rio de Janeiro, 2016


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