Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC4.16 - Atenção Primária à Saúde (1)

50732 - CARACTERIZAÇÃO DO ACESSO E CONDIÇÃO AVALIADA DOS USUÁRIOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL
JADE SANDE NASCIMENTO SANTOS - UFBA, RAFAEL DAMASCENO DE BARROS - UFBA


Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) estabelece a Atenção Primária à Saúde (APS) como a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), buscando proporcionar cuidado integral, coordenar serviços e promover ações preventivas e de reabilitação. A APS é fundamental na redução de mortes evitáveis, oferecendo atendimento acessível e coordenado, identificando precocemente problemas de saúde e gerenciando doenças crônicas. A acessibilidade na APS é crucial, indo além da disponibilidade de serviços para considerar a experiência do usuário. Estudos destacam fatores que influenciam o acesso à Atenção Primária à Saúde (APS). No entanto, no Brasil, há lacunas na compreensão das formas de ingresso (demanda espontânea ou agendada) e nas condições avaliadas. Variáveis como sexo, idade e categorias de profissionais também podem estar associadas ao acesso e às condições avaliadas. Este estudo visa preencher essas lacunas, descrevendo formas de ingresso e investigando características dos usuários e profissionais. Os resultados podem informar gestores na tomada de decisões para melhorar a qualidade e equidade dos cuidados oferecidos na APS.

Objetivos
Analisar as formas de ingresso e condições avaliadas nos atendimentos individuais na APS no Brasil.

Metodologia
Este estudo exploratório e analítico adota uma abordagem quantitativa com análise de nível agregado, observacional e transversal. Realizado no Brasil, abrange dados de junho de 2022 a maio de 2023, coletados em agosto de 2023, utilizando o Sistema de Informações em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Inicialmente, foram considerados dados de 5568 municípios brasileiros que lançaram informações no SISAB durante esse período. As variáveis de desfecho incluem a proporção de acesso a atendimentos individuais de médicos e enfermeiros a partir da demanda espontânea e a proporção de cada "Problema ou Condição Avaliada". O estudo aborda fatores no nível de usuários, profissionais. Dados foram coletados no site do SISAB, e a análise estatística envolveu regressões binomiais negativas univariadas, com ajustes para possíveis erros de registro.

Resultados e Discussão
Os resultados revelam que aproximadamente 68% dos atendimentos individuais na Atenção Primária à Saúde (APS) dos municípios brasileiros ocorreram devido à demanda espontânea. Essa preferência pela demanda espontânea pode estar relacionada a diversos fatores, como a falta de disponibilidade de horários para consultas agendadas, burocracias no processo de agendamento, ou mesmo a urgência percebida pelos usuários em buscar cuidados de saúde de forma imediata. Essa situação ressalta a importância de avaliar as barreiras que os usuários enfrentam ao tentar agendar consultas de maneira programada. A hipertensão arterial foi a condição mais frequente, representando 30,70% dos atendimentos médicos e de enfermagem, seguida pela puericultura (22,64%) e diabetes (13,35%). Homens tem 4,92, 5,34 e 13,52 vezes mais atendimentos para tuberculose, usuários de outras drogas e usuários de álcool respectivamente em comparação com mulheres. Esses resultados corroboram estudos que indicam uma prevalência de consumo de álcool e outras drogas entre homens, refletindo padrões socioculturais e comportamentais. Médicos atendem 13,46, 5,19, 11,37 vezes mais atendimento para saúde mental, obesidade e asma em comparação com enfermeiros. O processo de trabalho na atenção primária à saúde envolve uma dinâmica complexa entre médicos e enfermeiros, cada um desempenhando papéis distintos, mas complementares, na oferta de cuidados à população. Notavelmente, os enfermeiros demonstram uma participação significativa na puericultura, saúde sexual e reprodutiva e rastreamento do câncer de colo do útero. Já o médico teve forte presença em hipertensão e diabetes, asma e saúde mental.

Conclusões/Considerações finais
A análise da relação entre as condições avaliadas e o sexo dos usuários destaca padrões comportamentais e epidemiológicos, fundamentais para orientar estratégias de saúde pública mais direcionadas. A distribuição de responsabilidades entre médicos e enfermeiros revela o disto processo de trabalho desses profissionais na APS, enfatizando a importância da colaboração eficaz para uma atenção primária integrada e centrada no paciente. As evidências deste estudo reforçam a necessidade contínua de adaptação e aprimoramento na organização da APS, considerando as demandas variadas da população e promovendo o acesso equitativo a serviços de qualidade. As conclusões derivadas desses dados podem orientar políticas de saúde que visam fortalecer a APS como pilar fundamental para o bem-estar da sociedade brasileira.

Referências
Sanmartin CA, Khan S, Team LR. Hospitalizations for ambulatory care sensitive conditions (ACSC): The factors that matter [Internet]. Statistics Canada, Health Information and Research Division; 2011 [citado 15 de novembro de 2023].
Rasella D, Harhay MO, Pamponet ML, Aquino R, Barreto ML. Impact of primary health care on mortality from heart and cerebrovascular diseases in Brazil: a nationwide analysis of longitudinal data. Bmj [Internet]. 2014 [citado 15 de novembro de 2023];349.
Palmeira NC, Moro JP, Getulino F de A, Vieira YP, Soares Junior A de O, Saes M de O. Análise do acesso a serviços de saúde no Brasil segundo perfil sociodemográfico: Pesquisa Nacional de Saúde, 2019. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2022;31:e2022966.

Fonte(s) de financiamento: Não houve.


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