Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.13 - Rede de Atenção às pessoas com Condições Crônicas

51998 - COORDENAÇÃO ASSISTENCIAL NO CONTROLE DAS DOENÇAS CRÔNICAS NO BRASIL: UM ESTUDO DE REVISÃO
WÉLLIDA LAIS DA SILVA ROSENDO - UPE, ADRIANA ROMERO SANDOVAL - UPE, BEATRIZ ANDRADE - UPE, JAIRO PORTO ALVES - UPE, JOSELMA CAVALCANTI CORDEIRO - UPE, LUCILENE RAFAEL AGUIAR - UPE, LUSANIRA MARIA DA FONSECA DE SANTA CRUZ - UPE, MARIA CLARA - UPE, MARIA REJANE FERREIRA DA SILVA - UPE, NATÁLIA CRISTINA SANDOVAL ROMERO - UPE


Apresentação/Introdução
O conceito de Redes Integradas de Serviços de Saúde (RISS) trabalhado neste estudo, é o proposto por Shortell, que define como RISS o conjunto de organizações que toma responsabilidade pelos custos e resultados em saúde de uma determinada população, oferecendo uma atenção coordenada através de uma assistência contínua. Com o fim de promover arcabouço teórico para o aperfeiçoamento destas redes no Brasil, esse estudo está focado em um dos objetivos intermediários de organização de uma RISS, sendo este a coordenação assistencial. Esta coordenação diz respeito à integração e organização dos cuidados de saúde, permitindo que essas RISS funcionem de forma mais cooperativa. São identificados três tipos de coordenação assistencial na classificação de Vargas et al (2011): a coordenação da informação, que dispõe sobre a transferência e utilização das informações do paciente; a coordenação de gestão clínica, que manifesta-se na prestação contínua e complementar do cuidado; e a coordenação administrativa, que faz referência às atividades administrativas necessárias para garantir o acesso entre os serviços. Como condição traçadora para análise deste tema, serão usadas as doenças crônicas, cujos portadores tendem a receber uma assistência defasada dentro do sistema público de saúde.

Objetivos
Analisar estudos publicados na literatura, desde a perspectiva dos participantes, sobre o funcionamento da coordenação assistencial na condução do paciente com doenças crônicas, nas redes de serviços de saúde.

Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, com abordagem metodológica qualitativa, construída com base na estratégia PICO, que corresponde a: Paciente, Intervenção, Comparação e Outcome (Desfecho); porém, não houve comparação entre outros problemas e fatores, pois esse não é o foco do estudo (Santos; Pimenta; Nobre, 2007). Nesse sentido, formulou-se a seguinte pergunta: Como os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) avaliam a coordenação assistencial no controle das doenças crônicas no Brasil? O projeto de pesquisa aderiu às diretrizes recomendadas pelo PRISMA. A coleta de dados foi iniciada no mês de outubro de 2023 e finalizada em janeiro de 2024. Como forma de busca, foram utilizados Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e os Medical Subject Headings (MeSH), aplicando-os nas bases de dados utilizando operadores booleanos. O universo do estudo foram as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e US National Library of Medicine (PubMed Central).

Resultados e Discussão
Foram encontradas 5.401 publicações nas bases de dados selecionadas, resultando em 9 artigos após critérios de inclusão e exclusão. A maioria dos estudos foi publicada em 2020 e 2022, com variação significativa de métodos, predominando os qualitativos (66,7%). As regiões sul e sudeste do Brasil foram as mais representadas, enquanto a BMC Public Health foi a única revista com dois estudos, indicando uma distribuição diversificada entre periódicos. No manejo das doenças crônicas, foi observado uma falta de estratégias que visem a promoção de saúde na área das doenças crônicas no escopo do sistema (Rodrigues et al, 2021). Embora existam algumas análises e percepções positivas em relação à coordenação do cuidado de indivíduos com DCNT, prevalecem as lacunas que dificultam a estruturação e estabilização de uma rede de cuidados completa. No âmbito da comunicação, a atenção ambulatorial e hospitalar não é alcançada através da RCR, privando os usuários de um atendimento mais complexo. Esse tipo de problema prejudica de forma significativa o tratamento de doenças crônicas, impossibilitando a garantia de qualidade de vida. A integralidade e a equidade do serviço acabam não cumprindo seu objetivo e a fragilidade da rede se torna extremamente perceptível, pois o direcionamento da demanda que esses pacientes geram acaba não tendo para onde ir, devido a esta falha na comunicação. A coordenação administrativa se mostra afetada pela dificuldade de estabelecer processos de trabalho entre os profissionais, assim como por questões estruturais da organização da rede. É necessário que se trabalhe com um planejamento de melhorias e alinhamento de planos de cuidados, que vise melhorar as condutas tidas com os pacientes e garanta um diálogo eficaz entre as unidades de atenção.

Conclusões/Considerações finais
A integração entre os diferentes níveis assistenciais do SUS se faz imprescindível para ofertar um atendimento adequado ao usuário, permitindo com que ele seja atendido onde ele precisar. Dessa forma, a ação da gestão dos serviços de saúde se faz indispensável nesse processo. Porém, apesar dos esforços em estabelecer uma coordenação eficaz, os desafios permanecem, especialmente no que diz respeito à comunicação entre os serviços, encaminhamentos adequados e integração dos cuidados. A comunicação entre profissionais e serviços se faz afetada pelo mau funcionamento dos mecanismos de informação, como, por exemplo, do sistema de regulação. Esse sistema de referência e contrarreferência é essencial para garantir a eficácia da coordenação da atenção. Um sistema de informação que não possui uma interligação satisfatória fragmenta a assistência e dificulta o encaminhamento adequado dos pacientes, principalmente dos crônicos.

Referências
ALMEIDA, Patty Fidelis de; CASOTTI, Elisete; SILVÉRIO, Rafaela Fidelis Lima. Trajetórias assistenciais de usuários com COVID-19: das medidas preventivas à reabilitação. Cadernos de Saúde Pública, [S.L.], v. 39, n. 2, p. 2-17, 2023. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0102-311xpt163222. BRAGA, Johrdy Amilton da Costa; BORDONI, Mérida Zilanda Barbosa; BRITO, Elorides de; MENDES, Maíra dos Santos; BARROS, Iarema Fabieli Oliveira de; LEON, Elisa Brosina de. Potencialidades e fragilidades institucionais no cuidado ao idoso com hipertensão. Revista de Enfermagem da Ufsm, [S.L.], v. 12, p. 1-16, 17 ago. 2022. Universidade Federal de Santa Maria. http://dx.doi.org/10.5902/2179769267615.


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