Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.13 - Rede de Atenção às pessoas com Condições Crônicas

51950 - PROCESSOS DE AUTOGESTÃO DOS ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO CUIDADO AOS SUJEITOS COM DIABETES MELLITUS CRÔNICA
DANIELE TOMAZ AGUIAR FROTA - UVA, FRANCISCO ROSEMIRO GUIMARÃES XIMENES NETO - UVA, LAYSE FERNANDES QUEIROZ VASCONCELOS - UFC, MARIA SOCORRO CARNEIRO LINHARES - UVA, MARIA HELENA MACHADO - ENPS/FIOCRUZ, BENEDITA TATIANE GOMES LIBERATO - UVA, LUÍS MIGUEL FERNANDES DE SOUZA - UVA, ROSÂNGELA SOUZA CAVALCANTE - UVA, JULIANA TOMAZ AGUIAR DE ARAÚJO - SECRETARIA DA SAÚDE DE CARIRÉ, DENISE TOMAZ AGUIAR GONÇALVES - IFCE


Apresentação/Introdução
A autogestão é possível no caso da saúde, justamente porque o trabalho vivo em ato tem forte presença nos processos produtivos, operando sobre consideráveis graus de liberdade (Franco, 2006). O trabalho em saúde não pode ser globalmente capturado pela lógica do trabalho morto, expresso nos equipamentos e nos saberes tecnológicos estruturados, pois o seu objeto não é plenamente estruturado e suas tecnologias são, basicamente, de relações, de encontro de subjetividades, para além dos saberes tecnológicos estruturados, comportando um grau de liberdade significativo na escolha do modo de fazer essa produção (Merhy, 2005). Merhy (2005) relata que o trabalho vivo em ato opera com as chamadas tecnologias leves (produção de vínculo, autonomização, acolhimento, gestão como forma de governar processos de trabalho), leveduras (saberes bem estruturados como a clínica médica, a epidemiologia, o taylorismo, fayolismo) e duras (equipamentos tecnológicos e estruturas organizacionais). Na realidade vivenciada pelos enfermeiros, foram destacadas diversas ações no âmbito da gestão clínica do cuidar em práticas cotidianas.

Objetivos
Analisar as ações de autogestão realizadas pelos Enfermeiros atuantes na Estratégia de Saúde da Família no cuidado ao sujeito com diabetes mellitus durante a pandemia de Covid-19.

Metodologia
Pesquisa exploratório-descritiva, analítica, baseada em estudo de caso, sob a luz da corrente filosófica do pensamento materialista histórico-dialético, de abordagem quantitativa, realizado com 15 Enfermeiros da Atenção Primária a Saúde (APS) do município de Sobral, Ceará, incluídos aqueles que atuavam na APS desde dezembro de 2021, excluídos aqueles que se encontravam afastado de suas funções por qualquer motivo no período supracitado. A coleta de dados se deu por meio de um questionário com perguntas abertas e fechadas, impresso e disponibilizado nos Centros de Saúde da Família. A analise se deu por meio da sistematização e revisão critica, para posterior análise estatística dos dados coletados. O projeto foi encaminhado à Comissão Científica da Secretaria da Saúde de Sobral por meio da plataforma Sistema Integrado da Comissão Científica (SICC) e obteve-se emissão de parecer favorável N° 0139/2022 e autorização do estudo. E em seguida, aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) sob parecer consubstanciado N° 5.530.592 através da Plataforma Brasil.

Resultados e Discussão
Diante das ações apontadas, as de maior número envolvem ações estratégicas para a gestão de processos de trabalho em equipe na APS, exigem comunicação eficiente e um alto grau de tomada de decisões no processo saúde-doença, como: Avaliação da capacidade para o autocuidado, Rastreamento de novos casos de DM, Roda de equipe e Roda geral de CSF (10), respectivamente; Avaliação de outras comorbidades, Re-estratificação de risco (9); Discussão de caso crônicos, Busca ativa aos casos crônicos para monitoramento, Encaminhamento para outros serviços da Rede de Atenção, Re-organização do trabalho do Agente Comunitário de Saúde (8); Avaliação de conhecimentos e crenças sobre o Covid-19, Presença e força das redes de suporte social e familiar, Avaliação da adesão ao tratamento da DM, Reordenação de fluxos na ESF, Apoio para Mudança de Estilo de Vida (MEV), Educação Permanente em Saúde, Avaliação de conhecimentos e crenças sobre o Covid-19 (7); Redução de danos, Planejamento da assistência/Plano de cuidados, Comunicação com os demais níveis de atenção (6); Monitoramento dos casos crônicos em situação de acompanhamento hospitalar, Manutenção do acompanhamento e atenção integral aos casos crônicos de DM, Identificação de vulnerabilidades, Acompanhamento de dados epidemiológicos de casos e óbitos por Covid-19 em DM, Organização da linha do cuidado do DM (5), respectivamente; Avaliação de conhecimentos e crenças sobre a condição de saúde; Apoio psicológico (3), respectivamente; e Aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) (1). Observamos que a organização da linha de cuidados do DM foi pouco referida, embora seja executada na discussão de casos, elaboração de projeto terapêutico singular e familiar, encaminhamentos, monitoramento epidemiológico e afins.

Conclusões/Considerações finais
A pandemia de Covid-19, segundo Predroza et al. (2021, p. 8) “representa uma adversidade sem precedentes para os pacientes com DM. Mesmo com a diminuição dos casos em alguns países, o distanciamento social para a parcela da população que compõe grupo de risco – como esses pacientes – ainda será uma realidade por tempo indeterminado”. Colocar em prática os cuidados prestados por enfermeiro ao sujeito com DM durante a pandemia da Covid-19 requer da gestão da APS um novo olhar, voltado para o sujeito e suas necessidades. Nisso urge romper com os muros e estruturas que cristalizam o reconhecimento do território, o acesso, o vínculo com a equipe de saúde, a integralidade da assistência, o monitoramento das famílias vulneráveis e o acompanhamento de casos suspeitos leve e moderado da doença, como forma de garantir melhorias na qualidade da assistência, não somente durante a pandemia (SILVA, et al., 2022).

Referências
FRANCO, T. B. As Redes na Micropolítica do Processo de Trabalho em Saúde. In PINHEIRO, R.; MATOS, R. A. Gestão Em Redes, LAPPIS-IMS/UERJ-ABRASCO, Rio de Janeiro, 2006
MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec; 2005.
PEDROZA, G. G. de O.; MONÇÃO, A. C. de M.; VALLADARES, H. de O.; MELLO, S. D. de P.; SOUZA, V. H. de M. P. de; SILVA, J. C. S. da; et al.. HÁBITOS DE VIDA DE PESSOAS COM DIABETES MELLITUS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19. Cogitare Enferm [Internet]. 2021; 26 (Cogitare Enferm, 2021 26):e75769.
SILVA, G.S. da; SILVA, I. F. da; DALVI, J. P.; AZEVEDO, A. L. de. Cuidados de enfermeiros de família às pessoas com diabetes mellitus durante a pandemia da Covid-19. Atenção Primária à Saúde no Brasil: avanços, retrocessos e práticas em pesquisa. ISBN 978-65-5360-114-7. Editora Científica Digital. Vol. 1. Ano 2022.


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