Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.13 - Rede de Atenção às pessoas com Condições Crônicas

51252 - AVALIAÇÃO DOS GESTORES SOBRE O SEGUIMENTO DO CUIDADO À PESSOA COM ASMA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO
JAIRO PORTO ALVES - UPE, ADRIANA ROMERO SANDOVAL - UIE, NATALIA CRISTINA SANDOVAL ROMERO - UIE, MARIA CLARA REMIGIO ESCOREL RIBEIRO - UPE, BEATRIZ MENDONÇA MORAIS ALVES - UPE, LUCILENE RAFAEL AGUIAR - UPE, LUSANIRA MARIA DA FONSECA DE SANTA CRUZ - UPE, CLAUDIA SANTOS MARTINIANO - UEPB, MARIA REJANE FERREIRA DA SILVA - UPE, JOSELMA CAVALCANTI CORDEIRO - UPE


Apresentação/Introdução
A saúde pública está organizada por meio das Redes de Atenção à Saúde e possuem características importantes como a equidade, integralidade, fluxo e acesso que devem ser avaliadas ao longo do contínuo assistencial. No Brasil, as RISS foram estabelecidas como Redes de Atenção à Saúde (RAS) no ano de 2010 por meio da Portaria nº 4.279 e organizada por meio do Decreto nº 7.508 de 28 de junho de 2011. A RAS possui diversos serviços de atenção à saúde, considerando os aspectos sanitários regionais e tem como ordenadora do cuidado a Atenção Primária à saúde (APS). Neste sentido de rede, a Coordenação da Gestão Clínica (CGC) versa sobre a integralidade do cuidado, acesso de acordo com as necessidades sanitárias da população assistida, de maneira qualificada e eficiente. Este estudo tem como enfoque o seguimento da pessoa com Asma na RAS de Pernambuco. A Asma é conhecida pela sua alta prevalência em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Mundialmente, estima-se que 334 milhões de pessoas são acometidas pela asma. No Brasil, as crianças e os adolescentes são os mais afetados, no entanto, os óbitos são mais frequentes em idosos. O Nordeste e o Sudeste são as regiões mais afetadas pela enfermidade. Assim, torna-se necessário investigar os desafios enfrentados pelos gestores frente a condução da pessoa com asma na Rede de Atenção à Saúde do estado de Pernambuco.

Objetivos
Avaliar a gestão clínica considerando o seguimento dos cuidados prestados à pessoa com Asma na rede de atenção à saúde do estado de Pernambuco sob à ótica dos gestores.

Metodologia
O estudo é uma continuação da pesquisa “Asthma Attacks Causes and Prevention Study in Urban Latin America (ATTACK) 2019-2022” realizada em três cidades do Equador e um Distrito Sanitário em Salvador, na Bahia e em dois Distritos Sanitários em Recife Pernambuco (III e VII). Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa utilizando a fenomenologia enquanto referência filosófico. Foram entrevistados gestores do município de Recife em Pernambuco dos Distritos Sanitários (DS) de Saúde III e VII, sendo três gestores do DSIII e dois do DSVII, haja vista sua conformação epidemiológica e social. Contemplaram-se sujeitos nos três níveis de atenção à saúde envolvidos no cuidado de pacientes com asma. Os critérios de inclusão: gerentes com cargos há mais de um ano, de diferentes níveis assistenciais. Critérios de exclusão: profissionais afastados do trabalho por qualquer razão (férias, licenças médicas, entre outros). Realizaram-se entrevistas em profundidade que foram transcritas e analisadas por pares. A análise dos dados se deu à luz do referencial teórico de Navarrete que versa sobre à temática de redes. O projeto é identificado no comitê de ética pelo CAAE: 61302722.8.0000.5192.

Resultados e Discussão
Dentre os gestores, apenas um era do sexo masculino, com a faixa etária entre 39 e 53 anos. A atuação dos participantes na gestão foi bem diversa, variando de um ano e dois meses a 25 anos de experiência. Os gestores entrevistados, no momento da coleta, eram responsáveis nos respectivos distritos III e VII, pelas linhas de cuidado, Saúde da criança/adolescente e do adulto e de especialidades como, coordenação do Programa de Saúde da Família (PSF), coordenação de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e coordenação de Alergologia. Os resultados deste estudo foram organizados em duas dimensões associadas ao Seguimento da Pessoa com Asma: “Limites da Coordenação Assistencial” e “Gestor Clínico do Paciente ao longo do contínuo assistencial”. Constatou-se que a RAS-PE possui financiamento insuficiente que reverbera negativamente na compra de insumos, na abertura de novas unidades de saúde e na quantidade de recursos humanos. A alta demanda reprimida por atendimentos, a necessidade de consultas rápidas e objetivas e a dinâmica da mercantilização da saúde, são fatores que contribuem para reduzir a capacidade de alcance dos profissionais envolvidos. A inconsistência em manejar o usuário com asma da rede tem especificidades semelhantes à condução de pessoas com outras doenças crônicas, por vezes, é caracterizada pela ausência de capacitações, escassez ou inexistência de documentos contendo fluxogramas e evasão de algumas categorias nas reuniões e treinamentos pertinentes à temática, sobretudo o profissional médico. A cobertura incipiente da APS tem conformação distinta, considerando a dimensão populacional do município. O dissenso dos gestores com relação ao nível responsável pelo usuário na RAS-PE, bem como o desconhecimento da função da APS na rede.

Conclusões/Considerações finais
A compreensão dos gestores acerca do seguimento da pessoa com asma ao longo do contínuo assistencial, é que o acompanhamento e o acesso a outros serviços não acontecem de maneira satisfatória. Alguns desafios foram elencados como a falta de profissionais, de transparência e acesso às informações da RAS-PE, a quantidade de vagas para especialistas na AE, cobertura insuficiente dos serviços de saúde, falta de financiamento e estruturas precarizadas. Noutra perspectiva, foram encontrados discursos que denunciaram o desconhecimento da RAS-PE por parte desses gestores entrevistados, como incompreensão sobre a criação de novos fluxos assistenciais da Asma e a APS como ordenadora do cuidado. Nesse contexto, sugere-se atuação da educação permanente em saúde de modo a integrar os profissionais dos três níveis de atenção, o aumento na cobertura dos serviços de saúde, critérios que assegurem a competência dos gestores contratados para o SUS e mais investimentos na saúde.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Implantação das Redes de Atenção à Saúde e Outras Estratégias da sas. Brasília-Df: Ministério da Saúde, 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/implantacao_redes_atencao_saude_sas.pdf. Acesso em: 22 abr. 2024
GLOBAL ASTHMA NETWORK. The Global Asthma Report 2014. New Zealand: Global Asthma Network, 2014.
MENDES, Lívia dos Santos et al. Experiência de coordenação do cuidado entre médicos da atenção primária e especializada e fatores relacionados. Cadernos de Saúde Pública, [S.L.], v. 37, n. 5, p. 1-9, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00149520. Acesso em: 19 abr. 2024.
VAZQUEZ NAVARRETE et al., Introdução às técnicas qualitativas de pesquisa aplicadas em saúde. 2 a ed. Recife, Brasil: IMIP, 2009.
VIANA, Ana Luiza D’ávila et al. Regionalização e Redes de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 23, n. 6, p. 1791-1798, jun. 2018.

Fonte(s) de financiamento: Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE).


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