Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.13 - Rede de Atenção às pessoas com Condições Crônicas

48821 - INTERVEÇÃO EDUCATIVA PARA MELHORIA DO SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL FORNECIDO AOS PACIENTES CRÍTICOS E NÃO CRÍTICOS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
ALINE OLIVEIRA DINIZ - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HU/UFJF), IGOR ROSA MEURER - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HU/UFJF), KELY CRISTINE BATISTA - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HU/UFJF), VALESCA NUNES DOS REIS - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HU/UFJF), ESTELA MÁRCIA SARAIVA CAMPOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, LETÍCIA GONÇALVES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, SILVIA LANZIOTTI AZEVEDO DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA


Apresentação/Introdução
A ocorrência de déficits calóricos e proteicos na terapia nutricional enteral tem sido amplamente demonstrada na literatura e são decorrentes de diversos fatores que interferem na oferta planejada. A administração de quantidade inadequada de nutrientes aumenta o risco de desfechos adversos como prolongamento da internação hospitalar, evolução desfavorável do quadro clinico e até a morte. Entre as razões para esta oferta inadequada estão as práticas indevidas dos profissionais da equipe multidisciplinar. Uma alternativa capaz de minimizar este problema seria a capacitação das equipes envolvidas na administração da Terapia Nutricional Enteral, sugerida como estratégia com potencial de contribuir para o fornecimento adequado de calorias e nutrientes. Estratégias de Educação Permanente em Saúde são importantes ferramentas de gestão na busca por uma maior qualidade dos serviços, otimização de custos e desfechos favoráveis para os pacientes. Poucos estudos na literatura evidenciam possíveis resultados de intervenções educativas com profissionais da equipe responsável pela administração das dietas enterais, reforçando a importância de maiores estudos dentro da temática e divulgação da importância da capacitação para qualidade dos serviços.

Objetivos
Analisar os efeitos de uma intervenção educativa na melhoria da adequação prescrição/administração da oferta calórica-proteica e na redução de interrupções do suporte nutricional enteral fornecido aos pacientes críticos e não críticos internados em um hospital universitário.

Metodologia
Trata-se de estudo de intervenção, do tipo experimento de campo sem grupo controle, realizado com enfermeiros e técnicos de enfermagem envolvidos com a administração da Terapia Nutricional Enteral (TNE). As capacitações foram ministradas por 2 enfermeiras e 1 nutricionista da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional em 3 ciclos ao longo do período de intervenção (57 semanas), com abordagem dos mesmos conteúdos em todos os ciclos. Foram analisados os déficits de volume, calorias e proteínas, a adequação de volume e calórica-proteica, os dias com aporte calórico-proteico inferior ou igual a 80% do prescrito e os fatores que levaram à interrupção da dieta, nos períodos pré-intervenção e de intervenção. Para avaliação do efeito da intervenção, as mesmas variáveis foram consideradas nos períodos pré-intervenção e de intervenção e o possível efeito da intervenção foi verificado utilizando modelos de regressão lineares mistos. Para comparação das frequências de interrupção por cada um dos fatores estudados foi utilizado o teste de McNamar. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 5.786.440).

Resultados e Discussão
Entre todos os profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem do hospital, 260 profissionais participaram de, ao menos, 1 dos 3 ciclos de capacitações. A boa adesão pode ser devido a realização das capacitações no local de trabalho, facilitando a participação. Os déficits de volume, calorias e proteínas reduziram significativamente (p< 80%). A frequência de ocorrência dos fatores de interferência e as inconformidades ocasionadas pela não execução do protocolo de vômito também foram reduzidas. A não realização do protocolo de vômito é uma inadequação que pode ser minimizada por um maior preparo dos profissionais. A literatura mostra que protocolos bem desenvolvidos e implementados noas rotinas de trabalho favorecem a qualidade das práticas e seus resultados. De forma geral, os profissionais se sentiram motivados a aprender e também compartilhar seus saberes, o que contribui para o sucesso de estratégias de capacitação dentro das rotinas dos serviços de saúde.

Conclusões/Considerações finais
As capacitações contribuíram para otimizar a oferta nutricional através da TNE, havendo redução significativa dos dias com oferta calórica-proteica inadequada e das interferências na TNE ocasionadas pelos fatores analisados, e ainda maior adequação entre valores prescritos e infundidos de volume de dieta, quantidade de calorias e proteínas. O estímulo a participação ativa dos profissionais promoveu maior envolvimento com as atividades de ensino-aprendizagem e foi importante para a adesão às orientações e às melhores práticas, possibilitando a reflexão diária da assistência prestada aos pacientes. Sendo assim, as intervenções educativas são uma estratégia válida para aumentar a eficiência e a eficácia da TNE, contribuindo para uma melhor assistência nutricional.

Referências
Brasil, 2017. Dispõe sobre a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor e dá outras providências.
Campos KFC, Sena RR, Silva KL. Educação permanente nos serviços de saúde. Escola Anna Nery. 2017;21(4).
Carrasco V, Freitas MIP, Oliveira-Kumakura ARS, Almeida EWS. Development and validation of an instrument to assess the knowledge of nurses on enteral nutrition. Construção e validação de instrumento para avaliar o conhecimento do enfermeiro sobre terapia nutricional enteral. Rev Esc Enferm USP. 2020;54:1-20.
Santana MMA, Vieira LL, Dias DAM, Braga CC, Costa RM. Inadequação calórica e proteica e fatores associados em pacientes graves. Revista de Nutrição. 2016;29(5):645-654.
Singer P, Blaser AR, Berger MM, et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the intensive care unit. Clin Nutr. 2019;38(1):48-79.

Fonte(s) de financiamento: Financiamento Próprio


Realização:



Patrocínio:



Apoio: