48808 - PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE PROTOCOLO DE TELESSAÚDE PARA ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS COM DOENÇAS CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RESULTADOS PRELIMINARES RAQUEL MARIA DE OLIVEIRA ALMEIDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, LETÍCIA GONÇALVES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, ESTELA MÁRCIA SARAIVA CAMPOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, SILVIA LANZIOTTI AZEVEDO DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
Introdução e Contextualização
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são definidas como doenças de longa duração, com progressão lenta e resultando em incapacidade. As DCNT englobam um conjunto variável de situações que tem em comum a necessidade de acompanhamento multiprofissional extenso, associado ao uso de medicamentos e equipamentos. Essas doenças geralmente levam a consequências na vida do indivíduo e da família, com a necessidade de mudanças de comportamento e autocuidado. São as principais causas de adoecimento e mortalidade no mundo, causando perda de qualidade de vida, incapacidades e alta taxa de mortalidade prematura. O acompanhamento regular pela Atenção Primária à Saúde (APS), em todos os estágios ajuda a evitar complicações, internações hospitalares e incapacidade. Com o avanço de estratégias de Telessaúde, ela torna-se uma ferramenta para acompanhamento e monitoramento de usuários, especialmente em casos de DCNT em estágios iniciais e controladas. As tecnologias de Telessaúde podem evitar deslocamentos desnecessários até as unidades básicas, fortalecer o vínculo entre equipe e usuário e permitir o acompanhamento sistemático dos casos controlados. O uso de ferramentas para padronização deste acompanhamento ajuda na qualidade de informação, na organização do serviço e na implementação do acompanhamento no processo de trabalho dos profissionais da APS.
Objetivo para confecção do produto
diante da ausência de um protocolo de Telessaude padronizado para monitoramento de usuários com DCNT na APS, o objetivo deste trabalho foi elaborar e validar o conteúdo deste protocolo, para acompanhamento desta população dentro do processo de trabalho das Equipes de Saúde da Família e Atenção Básica (EqSF/EqAB).
Metodologia e processo de produção
A elaboração do protocolo iniciou-se em 2022 e encontra-se em processo de conclusão. Sua elaboração seguiu diretrizes do AGREE II. Foi feita uma revisão integrativa da literatura, com objetivo de identificar quais os itens eram avaliados e/ou monitorados pelas equipes, presencialmente, em usuários portadores de DCNT na APS. A partir dos resultados encontrados, duas profissionais com experiência em APS elaboraram um protocolo para Telessaúde, que poderia ser aplicado por telefone ou aplicativo de mensagem, por profissionais de nível superior da saúde da família. Após concluída, esta primeira versão foi enviada a profissionais inseridos na APS há pelo menos 1 ano para avaliação do protocolo. O objetivo desta etapa foi a validação do conteúdo do protocolo pela técnica Delphi. Cada pergunta foi avaliada pelos profissionais segundo sua redação e pertinência, e considerada pronta quando atingisse mais de 90% de concordância entre os participantes. Os profissionais também avaliaram o protocolo pela técnica de avaliação do AGREE II. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 6.581.953).
Resultados
A revisão integrativa da literatura encontrou 11 artigos sobre monitoramento de DCNT na APS, e a partir dos itens elencados o protocolo foi construído, dividido nos blocos: identificação do usuário (10 perguntas) e dados sobre DCNT e seus fatores de risco (30 perguntas). As respostas das perguntas eram em alternativas, de fácil entendimento. Na primeira rodada de avaliação, 34 profissionais participaram, em sua maioria enfermeiros. No primeiro bloco, duas perguntas, e, no segundo bloco, sete perguntas ficaram abaixo de 90% de concordância. Tais perguntas foram reformuladas, a partir de sugestões dos participantes, e enviadas novamente aos mesmos, para nova avaliação. Os resultados desta nova rodada estão sendo processados para elaboração da versão final protocolo, caso haja agora mais de 90% de concordância para todas as perguntas. Em relação ao AGREE II, os escores foram semelhantes entre os domínios do instrumento, em torno de 75% para escopo e objetivo, envolvimento das partes interessadas, rigor do desenvolvimento, clareza de apresentação, aplicabilidade e independência editorial.
Análise crítica e impactos sociais do produto
um protocolo validado por profissionais atuantes na APS é um instrumento, além de novo, capaz de orientar o processo de trabalho e ampliar a resolutividade no cuidado de usuários portadores de DCNT na APS. Muitos usuários se afastam da unidade básica por dificuldade de deslocamento ou horários incompatíveis de consulta aos profissionais, o que faz com que agudizações ou descontrole de fatores de risco agravem o quadro da doença, necessitando de cuidado nos níveis secundários e terciários da rede, além de incapacidades. Um monitoramento adequado poderia evitar tais problemas e o uso de estratégias de Telessaúde ajudaria a enfrentar os desafios elencados, facilitando a manutenção do vínculo com o usuário. O uso de tecnologias de Telessaúde é uma realidade em vários campos de saúde, e, uma vez validado, o protocolo proposto pode ter testado na rotina das unidade, incorporado em aplicativos de celular ou manuais, e se tornar instrumento padrão de acompanhamento no primeiro nível de atenção.
Referências
AGREE. Next Steps Consortium. Appraisal of Guidelines for Research & Evaluation (AGREE) II. The AGREE II Instrument [Electronic version]. 2017. Disponível em: http://www.agreetrust.org. Acesso em: 04 jul. 2020.
DUARTE, David Ferreira de Lima. As relações existentes entre o cuidado às Doenças Crônicas não transmissíveis e o alcance das políticas de prevenção na atenção primária à saúde. Brasilianizações Journal of Development, Curitiba, V8, n5, p.41509-41581, May, 2022.
CAETANO, Rosângela et al. Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos da pandemia pela COVID-19: uma reflexão sobre os espaços e iniciativas no contexto brasileiro. Cadernos de saúde pública, v. 36, 2020.
CASTRO, Amparito V.; REZENDE, Magda Andrade. A técnica Delphi e seu uso na pesquisa de enfermagem: revisão bibliográfica. Revista Mineira de Enfermagem, v. 13, n. 3, p. 429-434, 2009.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
|