54302 - REFLEXÕES ACERCA DO ACOLHIMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ADRIANA SÁVIA DE SOUZA ARAÚJO - RENASF/UFPI, CHRYSTIANY PLÁCIDO DE BRITO VIEIRA - RENASF/UFPI
Apresentação/Introdução O acolhimento na atenção primária à saúde (APS) é discutido por gestores e trabalhadores da saúde, como proposta de organização do processo de trabalho e ampliação do acesso dos usuários aos serviços, de forma humanizada, garantindo o cuidado integral e o vínculo entre usuários e trabalhadores (Rodrigues; Nascimento, 2019).
Para Merhy et al. (1997) acolhimento é “uma relação humanizada, acolhedora, que os trabalhadores e o serviço, como um todo, têm que estabelecer com diferentes tipos de usuários, alterando a relação fria, impessoal e distante que impera no trato cotidiano dos serviços de saúde”.
O Ministério da Saúde, reconhece as definições, sentidos e significados para o acolhimento, o considera uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros entre trabalhadores da saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas. (Brasil, 2013).
A Política Nacional de Humanização tem como uma das diretrizes na APS, estabelecer formas de acolhimento e inclusão do usuário que promovam a otimização dos serviços, o fim das filas, a hierarquização de riscos e o acesso aos demais níveis do sistema, contribuindo efetivamente para a atenção integral, equânime com responsabilização e vínculo, para a valorização dos trabalhadores e para o avanço da democratização da gestão e do controle social participativo (Santos Filho, 2009).
Objetivos Refletir acerca do acolhimento enquanto estratégia da garantia de um atendimento acolhedor e humanizado aos usuários do serviço de saúde na visão dos profissionais de saúde à luz da fenomenologia.
Metodologia Estudo teórico-reflexivo, com abordagem qualitativa e natureza exploratória, delineado pelo referencial teórico da fenomenologia.
Coleta de dados realizada em maio de 2024, nas bases de dados: Base de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel System Online), identificados pelo acesso CAFe do Portal de Periódicos CAPES, utilizando descritores: “acolhimento”, “acesso aos serviços de saúde”, “atenção primária à saúde”, combinados entre si pelos operadores booleanos AND e OR.
Critérios de inclusão: artigos científicos e documentos oficiais do governo que abordassem a temática acolhimento na atenção primária à saúde, sem recorte temporal de publicação, escritos nos idiomas português e inglês. Foram excluídas teses, dissertações e monografias, além de artigos repetidos nas bases de dados. Na primeira fase foram selecionados 21 artigos, sendo excluídos 12. Para o estudo, usou-se 09 artigos. Este foi dividido em duas partes: “Acolhimento para o cuidado integral na APS” e “O papel da equipe para o acolhimento integral”.
Resultados e Discussão Acolhimento para o cuidado integral na APS
O conceito de acolhimento, para profissionais da APS está atrelado à humanização do atendimento, referente à realização da escuta qualificada para atender às necessidades do usuário. Destacam-se palavras como: tratar bem, amparar, confortar, ouvir o paciente, escutar suas queixas e dar respostas apropriadas às diferentes necessidades. (dos Santos, et al., 2021; Gusmão et al. 2021; Kuse, Taschetto e Cembrane, 2022; Melo et al.; 2022; Moura et al. 2022; Giordani, et al, 2020; Barra e Oliveira, 2012).
O papel da equipe para o acolhimento integral
Representam desafios para o acolhimento: incentivar o protagonismo de cada ator da equipe; insatisfação e imediatismo dos usuários para resolver suas demandas; pouco ou nenhum conhecimento dos profissionais sobre as diretrizes da PNH; relações interprofissionais desfavoráveis, sobrecarga de trabalho e dificuldade do envolvimento multidisciplinar, além da estrutura física inadequada (Gusmão et al. 2021; Kuse, Taschetto e Cembran, 2022; Melo et, al., 2022; Moura et al., 2022; Rodrigues e Nascimento, 2019).
Dentre os benefícios do acolhimento, mérito para a ampliação do acesso, a redução expressiva do tempo de espera para consultas e o atendimento das necessidades dos usuários. A redução advém da gestão das agendas por parte das equipes de saúde da família e da reserva prioritária de vagas para consultas no dia (Camargo, Castanheira, 2020)
O acolhimento, considerado nova tecnologia de trabalho está no âmbito da micropolítica do trabalho em saúde, onde o processo de trabalho torna-se espaço público, passível de discussão coletiva e de reorientações, permitindo a efetiva autogestão de trabalhadores e construção da autonomia dos usuários (Giordani et al, 2020).
Conclusões/Considerações finais O conceito de acolhimento, na visão dos profissionais da ESF está associado à humanização da assistência, uma vez que possibilita resolutividade, o vínculo e a responsabilização entre profissional e usuário, sendo fundamental a escuta qualificada.
Uma vez que o acolhimento não é atividade específica de determinado profissional, a equipe multidisciplinar precisa estar qualificada para acolher o usuário, realizar a escuta e atender a sua demanda, em especial quando se trata de população específica.
Embora ainda existam muitos desafios para a concretização do acolhimento, observa-se avanços expressivos como a redução do tempo de espera para consultas, o deslocamento da centralidade médica e percepção de maior resolutividade das ações; além da oportunidade para que os usuários possam expressar seus sentimentos, com uma abordagem ampla do indivíduo pela equipe e a realização de uma intervenção multidisciplinar.
Referências Elisandra Alves Kuse, Luciane Taschetto e Priscila Cembrane. O cuidado na saúde mental: importância do acolhimento na Unidade de Saúde. Espac. Saúde. 2022
Giordani, J. M. A.; Unfer, B.; Merhy, E. E.; Hilgert, J. B. Acolhimento na atenção primária à saúde: revisão sistemática e metassíntese. Rev. APS, 2020.
GUSMÃO, R. O. M. et al. Acolhimento na atenção primária à saúde na percepção da equipe multiprofissional. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 13, p. 1590-1595, jan./dez. 2021.
MELO, M.V.S. et al. Acolhimento na Estratégia Saúde da Família: análise de sua implantação em município de grande porte do nordeste brasileiro. Interface 2022.
Moura et al. Atendimento à demanda espontânea na Estratégia Saúde da Família: práticas e reflexões de um processo em construção. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 32(1), e320103, 2022
Fonte(s) de financiamento: Recursos próprios
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