Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.12 - Rede de Acolhimento e Cuidado

54069 - GESTÃO E CUIDADO EM TEMPOS DE EPIDEMIA DE ARBOVIROSES – RELATO DE EXPERIÊNCIA DO APOIO INSTITUCIONAL NA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA.
MARIA TEREZA OLIVEIRA DE ALMEIDA - FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA FESFSUS, ANA CAROLINE DE BARROS OLIVEIRA - FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA FESFSUS, GABRIELLA PEREIRA SANTOS - FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA FESFSUS, KÁSSIA JEANE FÉLIX DOS SANTOS VIEIRA - FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA FESFSUS


Contextualização
As arboviroses são patologias causadas por vírus da família Flavivirus e apresentam importância epidemiológica no contexto brasileiro. O esforço por integralidade, multi e interdisciplinariedade das ações, antevendo-se à sazonalidade, demonstra grande desafio da gestão em saúde e gestão do cuidado. É sabido que a eliminação total do vetor Aedes aegypti não é viável, sendo preciso aprender a conviver com o mesmo. Para além, o cuidado oportuno em casos da doença já instalada, garantindo acesso aos pontos da rede de atenção evidencia fragilidade nos fluxos de atendimento, assim como na continuidade do cuidado e longitudinalidade. É diante desta complexidade que a região Sudoeste do estado da Bahia, composta por 74 municípios, enfrenta anualmente períodos de epidemia de arboviroses. O território onde as ações de combate devem ser desenvolvidas possui diversos atores e estruturas e a atenção primária a saúde, por meio da estratégia de saúde da família, é locus primordial. Neste âmbito, o Apoio Institucional (AI), adotado como estratégia estruturante da política de atenção básica no estado da Bahia, tem desenvolvido ações importantes de cogestão e apoio à gestão municipal. Tendo como a tecnologia leve seu principal instrumento, o Apoio Institucional oportuniza espaços de reflexão e discussão sobre as práticas de gestão e cuidado, indicando possibilidades e caminhos a serem seguidos.

Descrição da Experiência
Trata-se do desenvolvimento de ações da equipe de Apoio Institucional da Região Sudoeste da Diretoria de Atenção Básica do Estado da Bahia no tocante ao enfrentamento da epidemia das arboviroses. A equipe é composta por quatro apoiadoras institucionais, enfermeiras, que periodicamente se locomovem até os municípios da região para realizar apoio a gestão municipal. Foi aplicado roteiro elaborado especificamente para verificar como se tem dado a gestão do cuidado e a estruturação da rede de atenção à saúde nos municípios. Foram realizadas visitas técnicas de apoio a municípios da região Sudoeste. Os mesmos foram escolhidos por critério epidemiológico e de acessibilidade. A devolutiva sobre achados foi realizada em dois momentos: ainda durante a visita, no momento de reunião com coordenações e secretário municipal de saúde e um momento posterior, com envio de relatório de visita com achados e sugestões de ações para ajuste nos processos. Foi realizado um levantamento da estruturação dos serviços de atenção primária à saúde para o combate à epidemia, através de formulário enviado virtualmente às coordenações municipais. Destarte, foram realizados momentos de educação permanente, com profissionais de saúde e de educação, na forma presencial e duas reuniões de colegiado de coordenadores de atenção básica, uma de forma virtual e outra em formato presencial.

Objetivo e período de Realização
O objetivo foi descrever as ações desenvolvidas pela equipe de Apoio Institucional junto aos municípios da região Sudoeste do Estado da Bahia no combate as arboviroses, no tocante às ofertas das ações e serviços e na estruturação da rede de atenção à saúde. As ações foram desenvolvidas no período de fevereiro a maio de 2024.

Resultados
Ações foram desenvolvidas observando dois eixos: suporte a gestão municipal e gestão do cuidado em atenção primária à saúde e educação permanente em saúde. Sobre o suporte à gestão municipal e gestão do cuidado foram realizadas as seguintes ações: aplicação de um questionário sobre estruturação da rede de cuidados à saúde nos 74 municípios da região; realização de 10 visitas técnicas de apoio a 8 municípios das regiões de Brumado, Guanambi e Vitória da Conquista, pertencentes à macrorregião Sudoeste; elaboração de 10 relatórios técnicos de visita técnica; suporte e elaboração conjunto de um fluxograma da rede de atenção à saúde municipal e realização de 02 (dois) colegiados de coordenadores de atenção básica com a temática de combate à epidemia de arboviroses. Quanto ao resultado da educação permanente foram capacitados 420 profissionais de saúde, dentre médicos, enfermeiros técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias de 11 municípios (Aracatu, Piripá, Condeúba, Cordeiros, Ibicoara, Anagé, Jacaraci, Ibiassucê, Mortugaba, Lagoa Real e Caetité), bem como 318 professores da rede municipal de Jacaraci.

Aprendizado e Análise Crítica
A intensificação das ações desenvolvidas pela equipe de Apoio Institucional foi de suma importância diante do cenário epidemiológico que acometia o Estado da Bahia. Para isso, foi necessária articulação com a Vigilância Epidemiológica do Estado, assim como com os técnicos da Atenção Básica e Vigilância Epidemiológica do Núcleo Regional de Saúde Sudoeste, através de um fortalecimento de espaço de diálogo visando a integralidade na atenção à saúde, com a inserção de ações de vigilância em saúde em todas as instâncias e pontos da rede de atenção do Sistema Único de Saúde. Salienta-se a necessidade de abordar essa temática também durante períodos não epidêmicos, já realizado pela equipe de apoio em espaços coletivos. O papel da equipe de AI frente ao combate à dengue apresentou potencialidades ao disparar processos de qualificação do fazer dos profissionais da Atenção primária à saúde, assim como apoio à gestão na estruturação da rede de atenção à saúde municipal. Reitera-se que para o combate à epidemia de dengue é necessária a articulação dos diversos entes, já que grande parte da operacionalização dessas estratégias é de responsabilidade municipal e somente através da integração e fortalecimentos das ações de vigilância à saúde de forma conjunta o número de casos de dengue será reduzido, uma vez que se trata de um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência.

Referências
BRITO, Christiane da Silva et al. Apoio institucional na Atenção Primária em Saúde no Brasil: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, p. 1377-1388, 2022.

PRATA, Diego Rangel dos Anjos; ARAÚJO, Marcos Vinícius Ribeiro de; ARCE, Vladimir Andrei Rodrigues. O apoio institucional na gestão da Atenção Básica do estado da Bahia: uma análise do processo de trabalho. Trabalho, Educação e Saúde, v. 21, p. e02000228, 2023.

ELIDIO, Guilherme A. et al. Atenção primária à saúde: a maior aliada na resposta à epidemia da dengue no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 48, p. e47, 2024.

LOPES CARDOSO, Robson et al. DENGUE NO BRASIL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. Revista Foco (Interdisciplinary Studies Journal), v. 17, n. 3, 2024.

WERMELINGER, Eduardo Dias. Interdisciplinaridade na estratégia de controle dos vetores urbanos das arboviroses: uma dimensão necessária para o Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, p. e00243321, 2022.


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